Cirurgias eletivas – que não são consideradas urgência, como remoção de vesícula, cálculo renal e tromboses – estão comprometidas nos hospitais todo o Brasil.
Segundo o diretor de comunicação da Associação dos Hospitais do Estado do Rio de Janeiro (Aherj), Leonardo Barberes, esses medicamentos que estão em falta no mercado são utilizados também em pacientes com Covid-19, para entubá-los, por exemplo. Por isso explodiu a procura não só no Brasil, mas no mundo.
Se as cirurgias eletivas deixam de ser feitas, o paciente pode ter a saúde agravada e o caso se transformar em urgência e até emergência. A escassez de medicamentos começou a acontecer em março, início da pandemia. Em contrapartida, o uso de medicamentos como cisatracúrio, atracúrio, rocurônio, vecurônio e outros explodiu. O Governo Federal está ciente do problema.
Além do consumo desse tipo de medicamento, o que aumentou também foi o preço, que chegou até a mil por cento. Além disso, o mercado nacional e internacional de medicamentos ficou instável com a pandemia do novo coronavírus. “A lei da demanda e da procura é real. Os fabricantes estão produzindo os medicamentos em escala menor do que a procura, o que faz com que os preços subam. Antes, os hospitais tinham a opção de comprar diretamente dos fabricantes, mas agora, isso não é mais possível”, afirma Barberes.
A falta de matéria-prima para a indústria pode ser um dos fatores comprometedores da produção em maior escala desses medicamentos para atender a demanda mundial.
Em todo o país, foi criado um escalonamento para o uso dos medicamentos bloqueadores neuromusculares. Na escala, a prioridade de compra é do governo, depois são os hospitais públicos, em seguida os hospitais particulares e, na sequência, as clínicas. Apesar do escalonamento, o problema é real até nos hospitais públicos.