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EDITORIAL | Coronavírus isola Bolsonaro

Mais do que as palavras, os gestos nestes casos falam alto, e os do Bolsonaro estão gritando

Opinião
Por Editorial
31 de março de 2020 - 9h36

(Foto: Joédson Alves)

A tragédia acontece nos quatro cantos no mundo, mas somente o Brasil personifica e politiza o coronavírus, com o Presidente da República, Jair Bolsonaro, protagonizando uma sequência de maus exemplos, no que se refere aos procedimentos de prevenção contra o vírus letal, instruções recomendadas pela sociedade científica.

Todos estão preocupados com a economia, mas ela neste primeiro momento passa a ser secundária. O Governo Federal começa a abrir o cofre para socorrer os mais vulneráveis enquanto o Ministério da Saúde desenvolve uma estratégia elogiável, principalmente por manter o isolamento horizontal, contrariando o Presidente.

O Presidente Jair Bolsonaro já mostrou seu ponto de vista, com o qual uma pequena parcela concorda. Isso foi feito por várias vezes. Mais do que as palavras, os gestos nestes casos falam alto, e os do Bolsonaro estão gritando. O lado bom, se é que exista algum, é que o Presidente não está interferindo na estratégia do Ministério de Saúde, o que poderia ter sérias consequências para sua biografia política.

Ontem (30), Campos completou uma semana de confinamento conforme decreto municipal e a situação parece estar sob controle. Temos tidos bons exemplos de solidariedade aqui, como a decisão da Coagro de doar milhares de litros de álcool para a Secretaria Municipal de Saúde. Gestos que em áreas diferentes estamos observando em outras cidades brasileiras.

O Presidente Bolsonaro parece querer ser mais solidário com a economia do que com a vida, embora sempre frisando que a vida depende da economia. As medidas de isolamento social até agora são a melhor ferramenta para conter a propagação do vírus. Com o Presidente contra o isolamento horizontal, provoca uma crise institucional, com manifestações do Supremo Tribunal Federal, Congresso, Comunidade Científica, e toda a sociedade organizada. Ainda há tempo para o Presidente rever sua opinião.