No próximo dia 15, o distrito de Santo Amaro, na Baixada Campista, receberá mais uma vez, milhares de fiéis que participam da tradicional Festa de Santo Amaro, quando se comemora a a memória religiosa de um dos padroeiros de Campos. A tradição foi iniciada com os jesuítas em 1730, e tem sido mantida com um espetáculo que une fé e cultura. Os ensaios para a Cavalhada de Santo Amaro — uma das atrações do evento —, já começaram. A apresentação reúne um grande público ao lado da igreja dedicada ao santo católico.
Para o bispo de Campos, Dom Roberto Francisco, a Cavalhada está inserida no coração da festa em espírito de paz e reconciliação do cristianismo como legado da mística beneditina. “Nestes tempos de intolerância e fundamentalismos religiosos inspirados na obra de Samuel Huntigton” O choque de civilizações “que visa a recomposição imperialista da Ordem Mundial, a Cavalhada de Santo Amaro propõe o diálogo das culturas, tradições religiosas e das nações na mesa comum da cordialidade e da partilha”, opina.
O jornalista Oravio de Campos Soares destaca a Cavalhada como patrimônio histórico imaterial defendida em ato pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Campos (Coppam). “É uma das grandes marcas culturais da cidade. Trata-se de herança portuguesa aqui implantada no primeiro reinado, representando, simbolicamente, as lutas dos Mouros contra os Cristãos. Muito me orgulho de ter sido o autor do registro, de acordo com a Lei Municipal 8487/13. Uma cidade sem história será uma cidade sem futuro. A preservação dos valores culturais é um legado para as futuras gerações que, através da consciência do pertencimento, poderá se orgulhar de ter nascido aqui”, comenta.
Tais Ribeiro Costa, moradora de Santo Amaro, recorda a tradição familiar que vem sendo preservada há gerações. “Meu avô Manoel Costa era um entusiasta da Cavalhada e seus filhos e netos continuam com o legado para preservar o espetáculo que se repete todos os anos. na Festa de Santo Amaro. Meu pai João Costa correu por muitos anos, e hoje, meu primo dá continuidade. A tradição vem de mais de 100 anos na minha família”, lembra. O mesmo acontece com o outro morador do distrito, Miguel Henriques de Carvalho:
“Desde a infância, assistia ao evento junto a seus pais. Sou filho de Santo Amaro. Com 13 anos quis ser cavaleiro de Santo Amaro. Participei da encenação pela primeira vez naquela época, e hoje, com meus 69 anos de idade passei meu lugar na apresentação. Mas ajudo na organização e fico feliz por ter meu filho na coordenação e ter meu neto participando”, conclui.