Assolada nos últimos anos pela crise da indústria do petróleo, a região gera um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 68 bilhões, dos quais R$ 31 bilhões têm origem na indústria, segundo estudo da Firjan. Trata-se do segundo maior polo industrial do Estado, com duas mil empresas, atrás apenas da capital. Este ano, o Norte Fluminense — que compreende nove municípios, o maior dos quais é Campos — ensaiou uma recuperação: foram 5 mil vagas criadas na agropecuária e indústria de transformação. Mas, para que o desenvolvimento aconteça a longo prazo, é preciso “atrair investimentos para gerar emprego e renda”, afirma o presidente regional da Firjan, Fernando Aguiar.
Para que isso aconteça, a União e o Estado têm papel essencial, seja na criação de um ambiente propício à aplicação de capital, seja na criação de políticas públicas pensadas em função das potencialidades regionais e na retomada de projetos de infraestrutura, que as permitam se desenvolver. O Norte Fluminense abriga algumas iniciativas importantes, como o Porto do Açu, em São João da Barra, e o Complexo Logístico Farol-Barra do Furado. O primeiro foi citado por Witzel, que prometeu apoio ao projeto de construção da Ferrovia Transoceânica, que deve ligar o empreendimento ao Porto de Ilo, na costa peruana. Também foi lembrado pelo senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), em entrevista concedida à jornalista Leda Nagle, em 14 de setembro de 2018, e veiculada no Youtube no dia seguinte.
“(O Porto do Açu) pode ser o canal de comunicação do comércio do Brasil com o mundo. Tem tudo. Está pronto lá. Sabe por que não avança? Porque eles não têm como escoar a produção, fazer chegar até lá, porque não tem uma ferrovia que ligue a capital, o Rio de Janeiro, até lá”, afirmou Flávio, filho de Jair Bolsonaro, creditando a situação à “falta de vontade política”.
EF-118
Além da Ferrovia Transoceânica, cujo memorando de entendimentos foi assinado pelos governos do Brasil e da China em maio de 2015, mas pouco avançou desde então, há a outro projeto que pode ajudar a conectar definitivamente o Norte Fluminense à malha econômica nacional: a Estrada de Ferro 118 (EF-118).
Pensada para ligar Nova Iguaçu, na Região Metropolitana do Rio, a Cariacica, no Espírito Santo, passando pelo Porto do Açu, onde teve seu lançamento em novembro de 2017, a ferrovia terá 577 quilômetros de trilhos, dos quais 374 quilômetros serão construídos do zero, numa Parceria Público Privada (PPP).
Para Fernando Aguiar, a EF-118 e o Porto do Açu constituem “um casamento perfeito”.
“Além do Porto do Açu que pode elevar o volume de movimentação de cargas gerais e graneis, a ferrovia pode viabilizar o escoamento de produção de alguns produtos da região e também do estado do Espírito Santo. A possibilidade de exportação de grãos pelo Açu também pode ser altamente viável. Por outro lado, contar com mais um modal de transporte, nos dá segurança para agir em emergências, como a greve dos caminhoneiros”, diz.
Porém, de acordo com o presidente regional da Firjan, embora as expectativas em torno da ferrovia sejam grandes, ainda não é possível avaliar quando ela entrará em operação. “Em julho deste ano, o governo federal incluiu a ferrovia no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) mas não há prazo definido. Muitos estudos foram e continuam a ser feitos, mas ainda não há uma data divulgada”.
Processos que poderão ser adiantados com a atuação tanto do novo governador quanto do novo presidente.