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Codin à espera do novo eldorado

Apesar da crise que fechou e reduziu capacidade de empresas, a indústria vê luz na escuridão em Campos

Campos
Por Ocinei Trindade
28 de maio de 2018 - 0h01

(Foto: Silvana Rust)

Ao ser perguntado sobre o futuro industrial, o diretor da Associação das Indústrias de Campos (AIC), Lucas Vieira, é enfático: “Vejo com otimismo, pois chegamos ao fundo do poço”, resume. Depois de quase 15 anos prósperos, as atividades na área da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Rio de Janeiro (Codin) no município, viram o declínio com a crise econômica nacional. Das 16 indústrias instaladas, apenas dez funcionam bem abaixo da capacidade. Eram três mil trabalhadores e restaram 800. Na última sexta-feira (25), celebrou-se o Dia da Indústria. A comemoração é tímida, mas já é alguma coisa, pois há ânimo pela recuperação.

O entusiasmo de empresários campistas, ou de qualquer parte, requer doses de paciência, resiliência e perseverança, especialmente quando se trata da atividade industrial. Em 1967, o governo estadual criou a Codin para estimular a instalação de fábricas e geração de empregos. Em Campos, a Codin começou a dar os primeiros passos nos anos 1970, mas nunca decolou. Só nos anos 2000 que o setor ganhou injeção de ânimo por meio de parcerias e incentivos fiscais da Prefeitura via Fundo de Desenvolvimento de Campos (Fundecam). Entre 2004 e 2012, a Codin campista viveu seu apogeu, mas sofreu o baque da economia que culminou em 2015. Resultado: desemprego e desesperança. Entretanto, isto começa a mudar.

Para o diretor de competitividade econômico-tributária, Edson Valadão, da Secretaria de Estado da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico, responsável pela Codin, a grave crise econômica torna difícil a tarefa de gerar empregos e renda. “A Codin trabalha para melhorar os índices de competitividade fluminense frente a outros estados federados, melhorando o ambiente de negócios em todos os municípios do Rio de Janeiro, atraindo novas empresas”, explica.

A retomada dos leilões para exploração dos blocos de petróleo do Pré-sal é vista como possibilidade da retomada da indústria e investimentos no setor:

“Para não perdemos essas novas oportunidades de negócios no setor de petróleo e gás, o Estado do Rio de Janeiro pretende concluir até julho o processo de convalidação e restituição dos incentivos fiscais, que, além de trazer segurança jurídica para os novos investimentos, permitirá que o Rio de Janeiro volte a conceder novos incentivos fiscais. Sem incentivos, o ICMS fica muito alto e isso inibe o avanço do setor industrial”, analisa.

Segundo Valadão, a iniciativa promete melhorar o Rio em termos de competitividade, mas é preciso encarar a questão de modo abrangente. “Infelizmente, o Rio ainda padece de investimentos básicos, como fornecimento de energia elétrica. A região Norte tem a pior média de todo o estado. Segundo dados da FIRJAN, são mais de 30 horas/ano, sem luz. Isso é bastante prejudicial para o setor industrial que perde para outros estados”, diz.

As indústrias situadas na Codin em Campos estão com atividades bastante reduzidas. Segundo Lucas Vieira, não há condições de fabricação no momento. Em vez disto, dez empresas estão funcionando como centro de distribuição de mercadorias. As outras seis contam com número mínimo de funcionários na vigilância ou manutenção. Desde 2012, espera-se a efetivação de uma parceria de cooperação com a Companhia de Desenvolvimento do Município de Campos (Codemca) para dar suporte às indústrias instaladas na região. Só agora, o apoio municipal começa a ser posto em prática:

“São problemas estruturais, como limpeza, segurança, facilidade de acesso, verificação de áreas invadidas, e a necessidade de desburocratizar questões como documentação junto à Prefeitura. Foi firmado um cronograma de apoio à criação de uma política industrial. A Firjan e o governo estadual necessitam facilitar, estruturar, desburocratizar a criação e manutenção de empresas. Trata-se de uma grande barreira a ser enfrentada”, considera Lucas Vieira.

Para o presidente da Codemca, Vinicius Viana, a companhia municipal vai atender à Codin com interlocução, planejamento ou parcerias. “Repassamos as reivindicações e promovemos ações para o desenvolvimento industrial. Estamos tomando todas as medidas para atender num curto espaço de tempo as reivindicações já firmadas”, garantiu.

O diretor da AIC, Lucas Vieira, ao ser perguntado novamente sobre o futuro das indústrias e da Codin em Campos, ele volta a se animar depois do setor ter alcançado o fundo do poço. “Se a indústria é forte, o comércio e serviços são fortes. A indústria alimenta uma cadeia produtiva e gera recursos. Todos precisam se empenhar para voltarmos a crescer e a prosperar”, conclui.