Por volta de 22 horas de terA�a-feira (8), chegou ao fim a primeira audiA?ncia de instruA�A?o e julgamento dos quatro acusados de participaA�A?o no homicA�dio da universitA?ria Ana Paula Ramos, baleada em um suposto assalto em agosto de 2017. Dez testemunhas de acusaA�A?o tambA�m foram ouvidas pelo juiz, MinistA�rio PA?blico e advogados. O depoimento mais aguardado foi de Luana Sales, cunhada da vA�tima, e apontada como mandante do assassinato. Ela negou mais uma vez envolvimento e planejamento do crime.
A morte de Ana Paula Ramos atA� se parece com roteiro de ficA�A?o para cinema ou literatura policial, mas a realidade pode provocar reaA�A�es ainda mais chocantes e inesperadas. O caso que abalou as famA�lias dos envolvidos no crime chegou ao conhecimento pA?blico. A sociedade passou a acompanhar os desdobramentos do fato como se fossem capA�tulos de novela ou folhetim. Apesar das prisA�es de Luana Sales, Marcelo Damasceno, Wermison Sigmaringa e Igor Souza; e dos rapazes terem dito A� polA�cia que a morte de Ana Paula fora encomenda por Luana; ainda hA? muitas perguntas que ainda nA?o foram respondidas ou esclarecidas. Uma delas A� atA� simples: a�?por que Ana Paula foi morta?a�?.
O primeiro depoimento do delegado Luis Mauricio Armond, responsA?vel pela investigaA�A?o do caso, Luana Sales apresentou versA�es diferentes, conflitantes ou contraditA?rias sobre o suposto assalto que acabou matando Ana Paula. Os tiros A� queima-roupa, um deles na cabeA�a da vA�tima, chamaram a atenA�A?o. O policial Max Ribeiro foi quem prendeu Igor Silva em flagrante. Igor teria confessado os disparos e a participaA�A?o de Wermison Sigmaringa, alA�m da intermediaA�A?o de Marcelo Damasceno que teria encomendado o crime a pedido de Luana Sales. A mA?e de um dos rapazes confirmou a histA?ria, segundo Armond. Durante o depoimento dele, Luana Sales o encarou com firmeza, movimentando a cabeA�a com negativas em sinal de discordA?ncia.
Quando depA?s Paulo Roberto Filho – agora ex-marido de Luana Sales -, ela e os outros acusados foram retirados da sala da audiA?ncia. Ele contou que estavam juntos hA? 11 anos, mas casados hA? poucos meses antes do crime que tirou a vida da irmA?. Paulo disse que nunca desconfiou de inimizade entre elas, nem que Luana poderia ter encomendado a simulaA�A?o de assalto para matar Ana Paula. O rapaz disse que, meses antes, a irmA? teria comentado com ele que o carro de Luana ficava estacionado atA� muito tarde em frente ao banco onde ela trabalhava, e que nA?o entendia o motivo de tanta a�?hora extraa�?. Paulo cogitou uma certa desconfianA�a e ironia por parte da irmA? em relaA�A?o A� vida pessoal da ex-esposa, mas sem dar detalhes. Ele confirmou que Luana era muito consumista e vaidosa, e que costumava ter ataques de
raiva, pirraA�a ou choro quando ele nA?o comprava o que ela desejava.
Algumas amigas e colegas de trabalho de Luana Sales contaram sobre o pedido dela em conseguir alguA�m para assustar uma suposta amante de uma tia. Essa amante estaria causando problemas, ameaA�ando a famA�lia e precisava levar um a�?bastaa�?. Uma testemunha contou que chegou a ver Luana Sales e um homem que aparentava ser Marcelo Damasceno na praA�a de CustodA?polis dias antes do crime. A testemunha contou que Wermison e Igor tambA�m estavam na praA�a. A polA�cia deduz que seria para acertar os detalhes da emboscada e da morte. A tia e a suposta amante teriam sido inventadas por Luana.
Os depoimentos de Marcos Rafael Bessa, marido de Ana Paula, e da mA?e da jovem, Ana MA?rcia Ramos, destacaram a frieza de Luana Sales durante o perA�odo de internaA�A?o e morte da universitA?ria. Segundo a mA?e, Luana era fechada, mas no dia do crime estava alegre e sorridente. Ela estranhou a insistA?ncia de Luana para que Ana Paula a acompanhasse na compra do vestido de casamento. Todos estranharam porque as duas estavam na praA�a onde ocorreu o crime. Luana alegou que esperava uma amiga para fazer o pagamento de R$500. A informaA�A?o foi passada por celular pela prA?pria Ana Paula ao marido e a mA?e enquanto aguardava. Minutos depois, a jovem foi baleada no suposto assalto.
Ana MA?rcia acabou contando que existiram algumas situaA�A�es de fofocas e intrigas que aconteceram na igreja, envolvendo Ana Paula e outras jovens com cartas anA?nimas com conteA?dos de ameaA�a ou intimidaA�A?o. Suspeitavam que a autoria das mensagens anA?nimas era de Luana, assim como o sumiA�o de uma roupa de Ana Paula no local, e que Luana tambA�m seria a responsA?vel. Todavia, os rumores foram abafados e deixados de lado. a�?Minha filha disse que era melhor orar por Luana do que procurar brigasa�?, afirmou.
A testemunha Fabiana Alves, amiga das duas jovens, contou que nunca desconfiou que Luana pudesse cometer tal ato. Elas frequentavam a mesma igreja. Depois que a polA�cia deteve todos os acusados do crime, Luana Sales negou A� amiga qualquer participaA�A?o no crime, mas disse que o pai dela era amigo de um promotor de justiA�a e que a ajudaria se fosse necessA?rio. De acordo com a testemunha, Luana cogitou o fato de ser injustiA�ada, mas por ser rA� primA?ria, ter bons antecedentes e curso superior, caso fosse presa, nA?o ficaria muito tempo na cadeia. Fabiana contou que se admirou ao ver Luana maquiada, bem penteada e bem vestida na situaA�A?o de internaA�A?o hospitalar da vA�tima. a�?Acho que a aparA?ncia seria a A?ltima coisa que eu me preocuparia em um caso dessea�?, disse.
AlA�m da imprensa, a audiA?ncia atraiu muitos estudantes de Direito que disputaram uma cadeira na pequena sala do FA?rum de Campos. Alguns deles, como Igor Chaves e Paula Bittencourt, chegaram A�s 10h da manhA?, e sA? saA�ram A�s 22h, quando Luana Sales prestou o A?ltimo depoimento da noite. Vestida com uniforme da penitenciA?ria, cabelo brilhoso, bem cuidado, sobrancelha feita e batom rosa nos lA?bios, ela negou todas as acusaA�A�es. Insistiu na histA?ria de latrocA�nio, e que seria uma das vA�timas do assalto que aconteceu perto de sua casa em obras no Parque Rio Branco. Disse que nA?o conhecia Marcelo pessoalmente – namorado de uma amiga A� A�poca -, e que nunca esteve antes com Igor e Wermison.
Para uma pessoa da famA�lia de Ana Paula Ramos que preferiu nA?o se identificar, a morte trA?gica da jovem abalou a todos, e que ainda nA?o consegue entender o que teria motivado realmente o crime. a�?Para mim, pode ser ciA?mes, inveja, um amor obsessivo, doente ou nA?o correspondido por Ana Paula. Ela era muito simpA?tica e querida por todos. JA? Luana, nem tantoa�?. As especulaA�A�es ainda continuam acontecendo. A famA�lia da vA�tima deseja que prevaleA�am a verdade e a justiA�a. O tempo pode ajudar a responder aos questionamentos do julgamento que prossegue ainda sem data para conclusA?o.