Praticante de surf há quatro anos e há dois participando de competições, Giovana participou, em 2017, de campeonatos no estado do Rio de Janeiro e de São Paulo. Mesmo com os bons resultados, as perspectivas para esse ano não são as melhores, segundo a atleta. “Não tenho nenhum patrocínio, nunca conseguir pagar realmente um bom técnico, todos os meus custos de vida na capital são fonte do trabalho dos meus pais que estão fazendo de tudo para me manter ‘viva’ no esporte e não deixar esse sonho morrer. Porém, 2018 está começando totalmente incerto para mim, uma vez que não estamos conseguindo mais arcar com os custos básicos como moradia, alimentação, academia, equipamento, viagens…”, lamenta Giovana. A surfista conta que começou a surfar todo sábado em uma escolinha de surf de Grussaí, litoral de São João da Barra, e desde então, é completamente apaixonada pela modalidade.
“Quando assisti à conquista do Gabriel Medina (campeonato mundial no Havaí, em 2014) percebi logo que queria surfar daquele jeito como o dele. Comecei a acompanhar o circuito mundial, passei a observar o estilo de vida dos atletas e almejei muito aquilo para minha vida”.
Até 2015, ela estudava em Campos. Para conseguir treinar com mais intensidade pediu aos pais para concluir o ensino médio em São João da Barra. “Foi uma completa frustração porque as praias de Atafona e Grussaí nunca mais deram ondas como antigamente. Dava o meu máximo pra extrair ‘leite de pedra’, mas era bem difícil”.
Vendo todo o sacrifício e determinação da filha, os pais de Giovana deixaram a atleta morar sozinha no Rio de Janeiro. “Foram nove meses de muita dedicação entre surf, musculação, natação, cursos de apneia… Mas, um dos principais pilares pra minha evolução – que é o treinador – infelizmente não tive. “Preciso de um treinador todos os dias, analisando minha performance, dando dicas para ajustar as manobras. Preciso fazer mais viagens do que em 2017 e mais equipamentos. Os custos mensais com um bom treinador, por exemplo, são altos”, destaca Giovana.
Títulos e campeonatos
Durante todo o ano de 2017, participou de vários campeonatos desde a etapa Pro Jr da Pena Little Moster em Cabo Frio; do Circuito Estadual Profissional também em Cabo Frio e Saquarema; do Circuito Jonosake amador no Recreio dos Bandeirantes; do Campeonato Brasileiro Profissional em Itamambuca, em São Paulo, organizado pelo atleta Wogolly Dantas e família, uma vez que as empresas brasileiras não investem mais no surf feminino, segundo Giovana. “Estou em São João da Barra desde o dia 16 de dezembro tentando
economizar no que posso para voltar no ao Rio no início de março. Mas, não sei se conseguirei. Nesses anos dedicados ao surf sempre dei o meu melhor pelo meu sonho, fiz o que pude, e tenho que aceitar o que tiver que ser. Penso em prestar vestibular para Educação Física, quem sabe ainda competir por hobbie em outros esportes como corrida, natação no mar, quem sabe um Iron Man, ou então, Crossfit Games. Ainda assim, opto pelo surf”, admite a surfista.
Ídolo na modalidade
Giovana admira algumas surfistas. No entanto, a Sally Fitzgibbons está “em um lugar especial”. “Sally é do tipo que treina incansavelmente o dia todo, quase uma máquina, está sempre na água ou na academia, e apesar de anos na elite do surf mundial, sendo sempre um dos destaques, ela nunca foi campeã mundial. Porém, nunca desistiu, sempre deu o seu melhor em todas as baterias”.
A atleta sanjoanense reconhece que os patrocinadores brasileiros querem resultado imediato, não importa quanto o surfista se dedique. “Eles (apoiadores) querem somente o resultado agora. No exterior, a postura é completamente diferente. Eles investem no atleta e se obtiverem resultados, ótimo. Caso contrário, eles têm paciência e esperam confiantes porque acreditam no potencial”.