A maior espécie de concha já conhecida no mundo pode ser encontrada em Campos, na área central. Distante milhares de quilômetros do Oceano Índico onde provavelmente nasceu, a Tridacna Gigas, conhecida popularmente como Pia de Água Benta integra o cenário arquitetônico e luxuoso da Igreja do Carmo, na Rua Treze de Maio.
Separadas, as conchas formam duas pias batismais e já foram tocadas por milhares de pessoas que visitam todos os anos o templo religioso.
Datadas de 1872, as conchas não constam nos registros históricos da igreja. Ficaram perdidos em um passado onde nem o padre Everaldo Bom Robert, que administra o templo, conseguiu encontrar. Na igreja só há relatos históricos a partir do século XX contados em livros.
Para contar essa história, O Jornal Terceira Via conversou com o oceanólogo Lauro Barcelos, diretor do Museu Oceanográfico Prof. Eliézer de Carvalho Rios, localizado na cidade de Rio Grande, no estado do Rio Grande do Sul. Segundo Barcelos, o museu abriga, hoje a maior concha do mundo dessa espécie, medindo 1,3m e peso de 250 quilos.
Ela está exposta para visitação pública desde 1962. Quatro anos antes, a concha foi adquirida pelo professor Eliézer de Carvalho Rios, que dá nome ao museu. De acordo com Lauro Barcelos, 60 mil pessoas visitam o espaço oceanográfico todos os anos e a “Ostra gigante” é a peça que mais atrai os freqüentadores.
O oceanólogo especialista em Malacologia (ciência que estuda as conchas), conta que o museu é formado por 50 mil peças de várias espécies de moluscos. Ele disse que as Tridacna Gigas podem ser encontradas em muitas igrejas da Europa.
Obra
A igreja do Carmo está em obras há 10 anos, desde quando o padre Everaldo assumiu a administração do templo. Ele prepara a reabertura da igreja para o dia de Natal, numa missa às 10h30. As imagens e revestimentos em ouro estão sendo restaurados por mãos de três mineiros .
Durante a obra, o padre identificou outra raridade no templo. Os sinos localizados no alto da construção vieram de Portugal. Para serem levados para restauração, eles foram retirados por um guincho e enviados para São Paulo. “Lá, os profissionais limparam os sinos e identificaram a origem deles de Portugal e a data de criação no ano de 1.800.
Cada sino pesa 600 quilos e o que chamou a atenção do padre foi que em 1747 eles chegaram a Campos vindos de Portugal pelo mar e depois pelo rio até chegar de carroça à igreja.