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Cuidados em casos de engasgo com bebês e crianças

Especialistas alertam para a importância de reconhecer sinais de risco e agir corretamente

Campos
Por Ocinei Trindade
8 de dezembro de 2025 - 0h01
Atenção|Protocolo foi alterado

Situações que envolvem bebês engasgados costumam se destacar nos noticiários. Nos últimos anos, o J3News publicou matérias sobre pessoas que conseguiram salvar a vida de crianças utilizando manobras de desengasgo. No entanto, nem sempre há êxito no salvamento. O país registra cerca de três mil mortes por engasgo a cada ano, segundo estimativas do Ministério da Saúde. Há menos de dois meses, a American Heart Association atualizou suas diretrizes oficiais de primeiros socorros. Entre as principais mudanças está a forma de agir em casos de engasgo com obstrução das vias aéreas, tanto em bebês e crianças quanto em adultos conscientes.

Drª. Mariana Berlink

A médica pediatra e neonatologista Mariana Berlink integra o Grupo IMNE e publica em suas redes sociais orientações sobre desengasgo de bebês. “Não há nada que assuste mais uma família do que a possibilidade de um bebê engasgar. A American Heart Association trouxe ajustes importantes — a base da manobra é a mesma, mas o segundo momento mudou. Vale lembrar que tapinhas nas costas e compressões torácicas só devem ser feitos quando o bebê não estiver chorando ou respirando”, cita.

A pediatra explica: “Ao perceber que o bebê está roxinho, molinho, com dificuldade para respirar, a gente vai ligar para o 193 (Corpo de Bombeiros). Depois de ligar, vamos fazer a manobra de desengasgo. Vamos virar o bebê de barriguinha para baixo, com a cabeça mais baixa que o bumbum. Vamos retificar o queixinho e, então, fazer cinco compressões nas costinhas, entre as escápulas: 1, 2, 3, 4, 5. Se o bebê voltar a chorar, ele está desengasgado. Se continuar sem chorar, vamos virá-lo de barriga para cima, retificar as costas e, na linha intermamilar, fazer cinco compressões no tórax. Mas agora não é mais com dois dedos, como fazíamos antes; será com a parte hipotenar da mão (a proeminência carnuda na base do dedo mínimo). Então será: 1, 2, 3, 4, 5. Vamos intercalar essas duas manobras até que o bebê volte a chorar ou até a chegada do socorro”.

Outras recomendações
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, a aspiração de corpo estranho é observada principalmente em crianças do sexo masculino, na faixa etária de 1 a 3 anos. Mais de 50% das aspirações ocorrem em crianças menores de 4 anos e mais de 94% antes dos 7 anos de idade. Segundo o novo documento, quase 40% das paradas cardíacas infantis fora do hospital nos EUA são causadas por emergências respiratórias ou asfixia. As novas recomendações da AHA buscam simplificar o treinamento, aumentar a chance de resposta eficaz e diminuir o tempo até o início das manobras, um dos fatores mais críticos para a sobrevivência.

Em Campos, alguns policiais militares já foram acionados em situações de emergência na rua. Em setembro, uma bebê recém-nascida foi salva por agentes no bairro Codin, atendendo ao pedido dos pais. Foi utilizada a manobra de Heimlich, procedimento de primeiros socorros indicado para casos de asfixia por obstrução das vias respiratórias.

O ideal é que todas as pessoas saibam utilizar manobras de desengasgo em situações de risco que também acometem adultos, especialmente idosos. Deve-se procurar ajuda imediatamente nos seguintes casos: quando a pessoa não consegue respirar, tossir ou falar; quando fica inconsciente; ou quando o objeto não é expulso após as manobras. Recomenda-se acionar sempre o SAMU (192) ou o Corpo de Bombeiros (193) antes de iniciar os procedimentos.

“Em caso de engasgo em crianças, observe se ela consegue tossir e respirar. Se estiver tossindo e alerta, estimule a tosse; mas, se não emitir som, apresentar dificuldade respiratória ou pele arroxeada, procure ajuda imediatamente, ligando para o 193. Em seguida, inicie as manobras de desengasgo apropriadas para cada idade”, conclui a pediatra Mariana Berlink.

Morte
Uma criança de quatro anos teve o protocolo de morte encefálica concluído no dia 10. Ela foi socorrida para o Hospital São José após se engasgar com um objeto que não foi identificado, enquanto brincava em casa, no distrito de Tócos, na Baixada Campista. Após sofrer paradas cardiorrespiratórias, a vítima foi transferida para o Hospital Ferreira Machado, na madrugada da última sexta-feira (7).