

A Casa Nicola Albano, residência de apoio às mães de bebês prematuros internados no Centro Nicola Albano de UTI Neonatal e Pediatria, do Grupo IMNE, em Campos dos Goytacazes, comemorou um ano de funcionamento nesta quarta-feira (12). Inaugurada em 13 de novembro de 2024, a instituição tem se consolidado como um espaço de acolhimento e cuidado, garantindo às mães conforto e suporte enquanto acompanham o tratamento dos filhos.
O primeiro aniversário foi celebrado com emoção por parte da equipe e por algumas das mães hospedadas na casa, muitas vindas de cidades distantes. A iniciativa surgiu do desejo de oferecer um ambiente humanizado, que fortalecesse o vínculo entre mãe e bebê durante o período de internação.


A diretora-geral do Centro Nicola Albano, a médica neonatologista Laura Dias, destacou que o projeto uniu afeto, ciência e solidariedade. “A Casa Nicola Albano nasceu da necessidade de acolher mães que não têm condições de permanecer próximas ao hospital durante a internação de seus bebês. Em um ano, vimos a importância desse espaço para o fortalecimento emocional das famílias e para o desenvolvimento dos prematuros. Foram atendidas, nesse período, 62 mães de bebês prematuros. Elas costumam ficar, em média, entre 15 e 30 dias, durante o período de internação. É muito importante poder contar com apoio da sociedade e de voluntários para colaborar com essas famílias”, afirmou.


Há casos de mães de bebês prematuros que permanecem na Casa Nicola Albano por vários meses. Essa é a situação de Gabriela Laurindo, moradora de Cantagalo, na Região Serrana. A filha dela, Maria Cecília, encontra-se internada desde fevereiro, sob os cuidados da equipe multiprofissional do Centro Nicola Albano, que funciona dentro do Hospital Dr. Beda.


“Não tem sido fácil estar tanto tempo fora de casa. Passo a maior parte da semana em Campos. A Casa Nicola Albano tem ajudado bastante, pois eu não teria onde ficar na cidade para acompanhar o tratamento da minha filha e auxiliar também na evolução. O local é muito próximo do hospital, e tenho o suporte das pessoas que atuam aqui. Sonho em poder retornar a Cantagalo com minha filha e dar continuidade aos cuidados dela em casa”, diz Gabriela.


Noêmia Manhães é mãe do Heitor, que nasceu em setembro e ficou nove dias internado no Centro Nicola Albano. Eles moram em São Francisco de Itabapoana. “Ficar hospedada na Casa Nicola Albano foi de uma importância enorme, porque eu estava bem perto do hospital, e isso fez toda a diferença. Aqui, recebi o apoio das assistentes sociais e das psicólogas. Sempre havia uma palavra amiga com todas as mães. Tenho muito a agradecer e fiz questão de estar presente hoje para prestigiar esse momento tão especial”, comentou.
Apoio emocional e pesquisas
A psicóloga Glória Abreu ressaltou o papel emocional do espaço, que oferece acompanhamento psicológico e oficinas de bem-estar. “Cuidar da saúde mental das mães é fundamental. A ansiedade e o medo são frequentes, e nosso trabalho é ajudá-las a atravessar esse momento com mais equilíbrio”, disse.


A Casa Nicola Albano também conta com a atuação de voluntários, como a professora de artes Rita Gonçalves, que promove atividades manuais e expressivas com as mães hospedadas. “A arte tem um poder curativo. Elas se distraem, produzem peças lindas e transformam sentimentos difíceis em criação”, contou.


Além do acolhimento, o prédio abriga o Centro de Pesquisas e Treinamentos, coordenado pela fisioterapeuta Maura Cobra. O espaço integra ensino e pesquisa com os programas de residência médica e multiprofissional, promovendo encontros teóricos, simulações realísticas e desenvolvimento de estudos científicos em áreas como prematuridade, genética e asfixia neonatal. “Conseguimos unir prática e conhecimento científico, estimulando boas práticas dentro da UTI e fortalecendo a produção acadêmica na área da saúde neonatal”, afirmou Maura.


Mês da Prematuridade
A médica pediatra e neonatologista Vera Marques destacou, durante o encontro na Casa Nicola Albano, a importância do momento de reflexão sobre os desafios enfrentados por bebês prematuros. “A prematuridade, atualmente, é a principal causa de mortalidade infantil, com cerca de 340 mil nascimentos prematuros por ano no Brasil — uma em cada dez crianças. O cuidado com esses bebês envolve uma equipe multiprofissional e ressalta o papel da Casa Nicola Albano nesse processo. Ela veio para ajudar muito, porque as mães também passam por um tipo de ‘prematuridade’. Quando o bebê nasce antes da hora, a mãe ainda não está preparada emocionalmente”, afirmou.


Para a médica, é preciso enxergar o “binômio mãe e filho”, cuidando também da dimensão emocional. Ela destacou ainda o uso do método Canguru, que coloca o bebê em contato pele a pele com a mãe desde cedo, inclusive dentro da UTI. “Esse contato reduz o afastamento, fortalece o vínculo e contribui para o desenvolvimento do bebê. Que este mês da prematuridade seja um tempo de reflexão. Temos cada vez mais prematuros, e é fundamental que saibamos cuidar deles para que possam crescer com menos doenças e com melhor qualidade de vida”, concluiu.