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Resgate no Imbé reforça cuidados

Mulher foi socorrida após acidente em área de difícil acesso; especialistas alertam sobre cuidados

Campos
Por Ocinei Trindade
12 de outubro de 2025 - 0h06
Aventura|Trilheiros têm dificuldade de acesso em algumas áreas (Fotos: Divulgação)

Na semana passada, uma equipe do Corpo de Bombeiros enfrentou dificuldades para resgatar uma mulher que se feriu em uma trilha na região do Imbé, no Parque Estadual do Desengano, em Campos dos Goytacazes. Os socorristas foram acionados no fim da tarde de domingo (5), mas só concluíram o salvamento na manhã seguinte. A vítima fraturou uma perna, foi picada por insetos, foi hospitalizada e passa bem. O episódio alerta para os riscos existentes em áreas de difícil acesso e longe dos centros urbanos. Especialistas e praticantes de caminhadas e outros esportes em regiões de floresta orientam sobre prevenção e cuidados.

Por meio de nota, o 5º Grupamento de Bombeiros Militar informou que realizou “a operação de resgate que durou toda a madrugada de segunda-feira (6). Devido às condições do terreno e à dificuldade de acesso, a equipe precisou percorrer cerca de 20 quilômetros até chegar ao local e concluir o resgate”.

A história terminou bem, mas poderia ter sido trágica. Embora a vítima estivesse acompanhada de um grupo, há pessoas sem preparo ou conhecimento de áreas de mata que se aventuram em locais perigosos. Em agosto de 2024, uma tragédia ocorreu na região do Imbé quando uma mulher de 49 anos, Débora Mothe da Silva, e um adolescente de 16 anos, Rômulo Lopes Cordeiro, morreram ao cair em uma cachoeira em Rio Preto, Campos. Ela escorregou enquanto tirava uma foto, e o adolescente tentou socorrê-la, mas também caiu. Os corpos foram encontrados por banhistas e resgatados pelos bombeiros no dia seguinte, devido ao difícil acesso ao local.

A advogada Fernanda Maia frequenta o Parque do Desengano há 12 anos e também faz trilhas no Morro do Rato (Itaoca), onde há a opção de subir pela estrada calçada ou seguir por uma trilha autorizada para downhill de bicicleta e trekking a pé. “São duas trilhas distintas dentro da mata. No entanto, ali não existe guia, então o mais seguro é subir pelo paralelepípedo, pois, em caso de problemas, os ciclistas ou pessoas que praticam voo livre podem perceber se alguém está em dificuldade. Já ajudei pessoas em situações complicadas, tanto a pé quanto de bicicleta”, conta.

Fernanda explica que algumas áreas do Parque do Desengano, que abrange os municípios de Campos, São Fidélis e Santa Maria Madalena, têm maior dificuldade de acesso. “O acidente recente com a mulher ocorreu na área do Rio Mocotó. Sempre entro na região acompanhada de um guia credenciado pela direção do parque. Mesmo havendo um condutor, é essencial ter uma rede de apoio. Por exemplo, no Morro do Rato, nunca vou desacompanhada; cumprimento quem encontro e faço contato visual com as pessoas na trilha, garantindo que alguém saiba do meu percurso”, afirma.

Perigo|Vítima fraturou a perna no acidente

Entre os conhecedores experientes do Imbé ou do Parque do Desengano está o condutor Enos Gama, que recomenda aos visitantes contratar um guia ou um morador local com conhecimento da região. “Caso opte por não contratar, é importante observar alguns detalhes: verificar a condição meteorológica, a distância da trilha, o nível de dificuldade técnica, avisar alguém sobre a trilha que você fará e procurar não sair do percurso estabelecido. Em caso de dúvida, volte, evitando arriscar entrar em áreas desconhecidas, e verifique se há sinal de celular em algum ponto da trilha. Além disso, leve alimentação adequada, água, kit de primeiros socorros, isolante térmico e antialérgico. Nunca vá na dúvida; essa é a recomendação principal”, afirma Enos.

Apesar de sua experiência, Fernanda Maia reforça os cuidados básicos: “Trilhas exigem planejamento, conhecimento da região, rede de apoio, respeito às orientações do condutor, equipamentos adequados e atenção à própria segurança. Ter essa rede de apoio é fundamental. É importante manter comunicação com os bombeiros, mas eles só intervêm em emergências extremas. O mais comum e eficiente é ter pessoas da região cientes de quem entrou na mata, horário de entrada e saída, características do grupo, para facilitar resgates se alguém se perder. Roupa fluorescente é importante, assim como apito e lanterna, que funcionam como localizadores. Sem esses cuidados, os riscos aumentam consideravelmente, e a experiência pode se tornar perigosa”, conclui.