O médico oftalmologista Guilherme Araújo, coordenador do OftalmoPrime, realizou, na última semana, uma cirurgia de ceratopigmentação. Este procedimento altera a cor dos olhos. No Brasil, a técnica é proibida em pacientes que ainda enxergam e só pode ser aplicada em pessoas com perda total da visão em um dos olhos. A ceratopigmentação é realizada em pacientes que têm um olho esteticamente comprometido, que se tornou branco tempo depois de ser afetado.
O procedimento cirúrgico envolveu um paciente de 40 anos que sofreu descolamento de retina, evoluindo para cegueira em um dos olhos e, consequentemente, opacificação da córnea. O outro olho não foi afetado, pois o trauma foi localizado em apenas um deles. “Isso costuma prejudicar a autoestima e interfere no dia a dia. Muitos pacientes relatam o constrangimento quando perguntam o que aconteceu com o olho atingido pela perda da visão. O objetivo da cirurgia é justamente melhorar a qualidade de vida e o bem-estar de cada pessoa”, explica Guilherme Araújo.
O procedimento consiste em pigmentar a córnea para aproximar sua coloração do olho contralateral. “Utilizamos um pigmento especial para a córnea e um aparelho próprio, chamado dermógrafo. O procedimento dura de 40 minutos a uma hora, geralmente sem anestesia, e o paciente recebe alta no mesmo dia”, disse o oftalmologista.
Guilherme Araújo também destacou as indicações e limitações da técnica. “A primeira indicação é para pacientes insatisfeitos com a coloração do olho branco sem visão. Há alternativas não cirúrgicas, como lentes de contato estéticas, mas nem todos se adaptam. É necessário avaliar alterações na córnea para garantir que a técnica seja segura. E o mais importante: o paciente não pode ter visão no olho a ser pigmentado”.
A história natural da perda de visão geralmente está relacionada a trauma ocular, retinopatia, diabetes ou descolamento de retina. Por algum motivo, esse olho perde a função visual e, com o tempo, vai ficando branco. “Uma paciente, por exemplo, sofreu um trauma ocular aos 13 anos e carregou esse trauma a vida inteira. No relato dela, após o procedimento cirúrgico, foi dito: ‘Doutor, pararam de olhar para mim, e era isso que eu queria’. Isso pode parecer pequeno, mas para essas pessoas interfere profundamente na vida”, explica o médico.
Há recomendações para o pós-operatório e acompanhamento de paciente submetido à cirurgia de ceratopigmentação. “O paciente utiliza colírios pós-operatórios e recebe uma lente de contato terapêutica, sem grau, funcionando como um curativo, por cerca de sete dias. Além disso, são usadas medicações regulares por aproximadamente 14 dias. A recuperação é tranquila, porque esses olhos são chamados de hipoestésicos — ou seja, naturalmente apresentam baixa sensibilidade. Normalmente, não há dor significativa”, explica doutor Guilherme.
O OftalmoPrime, conhecido como Hospital da Visão, ocupa um andar inteiro do BedaPrime e reúne tecnologia de ponta para procedimentos oftalmológicos. “Nosso objetivo é oferecer tratamentos inovadores e de qualidade, melhorando a vida de pacientes que enfrentam problemas estéticos e funcionais relacionados à visão. Por isso, prevenção e diagnóstico precoce são fundamentais. Orientamos sempre a realização de consultas anuais com um oftalmologista, para que qualquer patologia seja detectada cedo e tratada da forma mais rápida possível”, conclui o oftalmologista.