O metanol importado pelo crime organizado para adulteração de combustíveis pode ter sido desviado para distribuidoras clandestinas de bebidas, o que explicaria os recentes casos de intoxicação em São Paulo. A informação foi dada pelo diretor de comunicação da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), Rodolpho Heck Ramazzinio, na segunda-feira (29).
Segundo ele, o desvio da substância aumentou após a Operação Carbono Oculto, da Receita Federal, que no fim de agosto desarticulou um esquema de fraudes, lavagem de dinheiro e adulteração no setor de combustíveis. “Eles começam a vender isso para empresa química, começam a vender isso também para destilarias clandestinas. Os caras fazem isso para ganhar volume, ganhar a escala, eles não estão nem aí com a saúde de ninguém”, afirmou.
De acordo com a ABCF, o setor de bebidas foi o mais impactado pelo mercado ilegal em 2024, com perdas estimadas em R$ 88 bilhões, sendo R$ 29 bilhões em sonegação e R$ 59 bilhões em faturamento perdido pelas indústrias. A operação Carbono Oculto atingiu cerca de mil postos ligados ao grupo criminoso, que movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024.
Dados do governo paulista apontam seis casos confirmados de intoxicação por metanol desde junho, com dez casos em investigação. Três mortes já foram registradas.
O Centro de Vigilância Sanitária (CVS) reforçou a recomendação para que consumidores adquiram apenas bebidas de fabricantes legalizados, com rótulo, lacre de segurança e selo fiscal, a fim de evitar riscos de intoxicação.