Foi lançado em São Paulo o livro Histórias do Design no Brasil IV, editado pela USP. A obra abre com o capítulo “Cerâmica Goytacá: artefato e técnica”, assinado pelo designer, professor e pesquisador Alber Neto. No texto, o autor relaciona descobertas do Sítio Arqueológico do Caju a registros dos séculos XVIII e XIX, sugerindo que os indígenas Goytacá dominavam técnicas refinadas de produção de objetos.
“Trazer à tona a inventividade da etnia Goytacá é uma forma de questionar a narrativa colonizadora que os descrevia como bárbaros e selvagens”, afirma Alber.
Natural de Campos dos Goytacazes, ele é doutorando em Design em regime de dupla titulação pela Universidade de Lisboa e pela USP, onde desenvolve a tese Por uma Memória Goytacá. Para o pesquisador, é essencial criar representações que reforcem a presença desse povo no imaginário coletivo:
“Se os Goytacá foram impedidos de viver e escrever sua história em seu território, que ao menos surjam elementos de memória capazes de resgatar sua grandeza”.
O trabalho de Alber inclui ainda uma simulação em vídeo de parte do processo produtivo indígena: a queima em arranjo cônico de madeira. O resultado é um vaso que remete à forma do fruto da sapucaia, revelando não apenas a integração do objeto com o meio natural, mas também a sofisticação estética que hoje se reconhece como Design Ontológico.