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Matou e foi para a academia – Tiago Abud

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Artigo
Por Redação
24 de agosto de 2025 - 0h01
Foto: Reprodução/Internet

Tiago Abud – Articulista e Defensor Público – A violência entrou nos nossos dias de um modo muito contundente. Vidas são interrompidas por condutas cruéis e pelos motivos mais insignificantes. Como se atos brutais e animalescos, porque desprovidos de qualquer razão, fossem o modo normal das coisas.

A grotesca história do cidadão, cheio de músculos, casado com a delegada, que usou a arma dela para matar um gari, que simplesmente fazia o seu trabalho e tirava o lixo com um caminhão, acabando por, momentaneamente, atrapalhar o percurso que o agressor trafegava de automóvel, demonstra, em verdade nua e crua, a afirmação acima. Consumado o fato, o homem foi preso na academia, para onde se dirigiu, como se fosse usual tirar a vida de uma pessoa, sobretudo nesse contexto que acabo de narrar. Usando de muita ironia, para contrastar com a insensibilidade contida no fatídico episódio, faltou apenas ir às redes sociais e publicar a seguinte frase: sendo feliz no simples!

Para o público das redes, esse mesmo agressor se autointitula como cristão e cidadão de bem. Se ele estiver certo, rezem por mim, porque estou bem doente.

Que cristão é esse que tira a vida do outro, por nada, e não bastasse a violência em si do ato, ruma para a academia, como se estivesse tudo bem?

Pode parecer um ponto fora da curva, mas o tempo presente tem testemunhado várias dessas pessoas irem aos templos e igrejas para buscarem uma espécie de salvo conduto para a prática de pecados pelo resto da semana.Em suma, se dizem cristãos, mas praticam exatamente o oposto daquilo que prega o Cristianismo.

Para temperar a vida desses anticristos, há quem insira o combustível e defenda armar a população. Enquanto fuzis chegarem aos grandes centros urbanos, como um caminhão de supermercado chega para abastecimento e, ao mesmo tempo, a circulação de armas de fogo for permitida, indistintamente, no varejo da vida, episódios como o apontado serão ainda mais comuns. Desejo apenas que nossos destinos não cruzem com os desses cidadãos de bem, porque chegou o tempo em que viver ou morrer passou a ser somente um lance de sorte.

“O conteúdo dos artigos é de responsabilidade exclusiva dos autores e não representa a opinião do J3News”.