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Rede de apoio é desafio no combate à violência contra a mulher

Segundo autoridades, demanda por acolhimento e proteção de mulheres segue alta

Geral
Por Leonardo Pedrosa
17 de agosto de 2025 - 0h05
Foto: Freepik

O levantamento do Dossiê Mulher de 2024 — divulgado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) com dados de 2023 — acende um alerta para o cenário da violência contra a mulher no Norte Fluminense. A região registrou 7,1 mil vítimas no ano. Em Campos, foram 3,4 mil casos — a segunda maior marca em mais de uma década. Os números ganham ainda mais relevância no Agosto Lilás, mês de conscientização e enfrentamento à violência contra as mulheres, e que também marca os 19 anos da Lei Maria da Penha.

No município, foram 940 casos de violência física, 765 de violência moral, 216 de violência patrimonial, 1.385 de violência psicológica e 174 de violência sexual. Os registros ainda ocorrem, em sua maioria, dentro das residências (1,9 mil casos), vitimando sobretudo mulheres pretas (1,8 mil), solteiras (1,5 mil) e na faixa etária entre 30 e 59 anos (1,9 mil).

Juliana Oliveira (Foto: Josh)

Para a delegada da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), Juliana Oliveira, um dos principais desafios é garantir que a vítima tenha suporte para reconstruir a vida. “Muitas das vítimas sofrem várias vezes com o mesmo agressor, e isso não é culpa delas. A dependência emocional e, principalmente, financeira dificultam o rompimento do ciclo de violência. É preciso uma rede que também ofereça emprego, acolhimento psicológico e apoio para o cuidado dos filhos”, afirmou.

“Muitas mulheres passaram anos cuidando do lar e estão afastadas do mercado de trabalho. Sem renda, acabam obrigadas, entre aspas, a retomar o convívio com o agressor. É necessário uma comunhão da sociedade na oferta de oportunidades concretas para que possam viver de forma independente”, completou a delegada.

Dados do ISP relativos a 2024

Tipos de violência em Campos

  • Física – 940
  • Moral – 765
  • Patrimonial – 216
  • Psicológica – 1.385
  • Sexual – 174

Maioria dos casos em Campos

  • Dentro das residências (1,9 mil)
  • Mulheres pretas (1,8 mil)
  • Solteiras (1,5 mil)
  • Faixa etária entre 30 e 59 anos (1,9 mil)

Atuação municipal
No município, as ações da Subsecretaria Municipal de Políticas para as Mulheres incluem o projeto Maria da Penha vai à Escola, palestras, eventos, além de mobilizações em datas simbólicas. A Subsecretaria também promove campanhas como os 21 Dias de Ativismo e, recentemente, realizou a 5ª Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres, após quase 10 anos sem o evento. Dentro do Agosto Lilás, estão previstas palestras e um encontro com setores de RH da Prefeitura, instituições, e de toda rede de apoio — que envolve a Subsecretaria, o Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam), CAM, Casa Benta, Ministério Público, Defensoria Pública, Judiciário, Patrulha Maria da Penha e a própria Deam.

Josiane Morumbi

A subsecretária, Josiane Morumbi, anunciou também ações em empresas privadas, na Policlínica do Corpo de Bombeiros e em outras instituições de saúde. Ela reforça a necessidade de fortalecimento da rede de apoio.

“Apesar dos números de casos ainda serem altos, o aumento também reflete maior conscientização e encorajamento das mulheres para denunciar e buscar ajuda. Além de mais investimentos para promover políticas públicas voltadas ao combate à violência contra a mulher, é essencial incentivar a conscientização da sociedade, um exercício necessário e fundamental para transformar realidades”, afirmou.