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Campos, bilionária e estagnada: The Guardian denuncia má aplicação dos royalties – Rodrigo Lira

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Artigo
Por Redação
10 de agosto de 2025 - 0h01
Foto: Divulgacao/Governo Federal

Rodrigo Lira – Doutor em política, professor e pesquisador do programa de doutorado em Planejamento Regional e Gestão de Cidades da Universidade Candido Mendes – Campos dos Goytacazes, uma das cidades que mais recebeu rendas do petróleo no Brasil, foi destaque recente no jornal britânico The Guardian — infelizmente, como exemplo de que a abundância de recursos não garante desenvolvimento. Segundo a reportagem, municípios como Campos, que receberam volumes bilionários em royalties e participações especiais nos últimos anos, não conseguiram transformar essa riqueza em avanços concretos nas áreas de saúde, educação e infraestrutura social.

Entre 2019 e 2024, Campos recebeu cifras comparáveis aos orçamentos de muitas capitais e até de alguns estados brasileiros. Ainda assim, seus indicadores sociais permanecem estagnados ou em retrocesso. O mais alarmante, segundo a publicação, é que municípios que não recebem royalties apresentam resultados melhores em serviços públicos essenciais do que aqueles beneficiados pela renda do petróleo.

O caso de Campos expõe com clareza o que especialistas chamam de “maldição dos recursos naturais”: quando a fartura de dinheiro gera desperdício, dependência e má gestão, em vez de desenvolvimento sustentável. Escolas sucateadas, unidades de saúde sem insumos e obras paradas contrastam com os altos repasses oriundos da exploração petrolífera.

Mais do que constrangimento internacional, essa realidade exige uma reflexão interna. A cidade tem diante de si uma oportunidade histórica de romper com ciclos viciosos e construir um modelo de gestão pública eficiente, com foco em planejamento de longo prazo, fiscalização efetiva e transparência nos gastos.

A matéria do The Guardian lança luz sobre um problema crônico, mas também acende um alerta: se não houver mudança, a riqueza continuará escorrendo pelos dedos, deixando para trás promessas vazias e desigualdades profundas. É hora de fazer com que os royalties trabalhem, de fato, a favor do povo.

Segue o link da matéria no The Guardian (clique aqui).

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