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Casos de coqueluche chamam a atenção da comunidade médica

Em três meses, o XY Diagnose confirmou 16 casos de crianças e adultos com a doença em Campos

Saúde
Por Ocinei Trindade
10 de fevereiro de 2025 - 0h01
Alerta|Especialista chama atenção para sintomas da doença (Foto: Ocinei Trindade)

De 4 de novembro de 2024 a 1º de fevereiro deste ano, o laboratório XY Diagnose confirmou 16 casos de coqueluche em Campos dos Goytacazes. O paciente mais jovem tem menos de um ano e o mais velho, 54 anos. Chamou a atenção dos pesquisadores o fato de crianças e adultos vacinados estarem com a doença. Os sintomas mais frequentes são febre acima de 38°, tosse paroxística (intensa e contínua, difícil de parar). Algumas crianças podem apresentar cianose (pele arroxeada), além de falta de ar. O painel de 23 patógenos, exame realizado pelo XY, identifica com precisão tipos de vírus e bactérias causadores de várias doenças. O diagnóstico precoce facilita o tratamento médico. O laboratório encaminhou para a Secretaria de Saúde um relatório sobre os casos confirmados de coqueluche no município.

De acordo com a bióloga geneticista Patrícia Damasceno, do XY Diagnose, a comunidade médica e científica está em alerta aos muitos casos de coqueluche, sobretudo entre pacientes vacinados. “Como detectamos isso? Oferecemos um painel respiratório, no qual analisamos 23 patógenos diferentes, incluindo vários vírus, como Covid-19 e Influenza. Entre eles, investigamos a Bordetella pertussis, bactéria responsável pela transmissão da coqueluche. Quando detectamos um caso positivo, notificamos a Secretaria de Saúde. Essas informações são importantes para direcionar novas políticas públicas de saúde, pois é possível que haja alguma variante ou cepa diferente causando esses casos, que, inclusive, ocorrem em crianças vacinadas. Há, ainda, preocupação com as subnotificações”, comenta a cientista.

Dr.ª Patrícia Damasceno (Foto: Arquivo Pessoal)

O diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações mais graves, para que o tratamento seja iniciado da maneira correta, evitando complicações. A doença pode ser fatal, principalmente em bebês e em pessoas com risco, como grávidas e idosos.

“De forma geral, quando alguém apresenta sintomas gripais, como tosse, febre e falta de ar, um exame como o Painel Respiratório com 23 patógenos diferentes ajuda a definir um diagnóstico mais preciso. Muitas vezes, o paciente tem um quadro viral, e o uso de antibióticos não seria adequado, pois eles não tratam infecções virais. No caso da Bordetella pertussis, bactéria causadora da coqueluche, o tratamento é feito com antibióticos. Por isso, o diagnóstico precoce é tão importante: ele permite um tratamento direcionado, evitando erros e prevenindo complicações”, explica a doutora Patrícia.

Painel respiratório e notificações à Saúde
Para a realização do painel respiratório, não é obrigatória a solicitação médica. No entanto, o ideal é que o paciente tenha acompanhamento médico, pois, se o resultado for positivo para algum patógeno, será necessário um direcionamento adequado para o tratamento. A amostra é coletada da orofaringe do paciente por meio de um swab, que é um tipo de cotonete utilizado para a raspagem. Esse material é analisado por um equipamento de alta tecnologia.

“Depois da amplificação, realizamos um processo chamado hibridização in situ (HIS), no qual utilizamos membranas com marcadores específicos para cada um dos 23 patógenos analisados no exame. A amostra do paciente se liga com a sonda correspondente ao patógeno presente. Esse método confere ao exame alta sensibilidade e especificidade, pois, além da amplificação do material genético, há uma confirmação adicional por meio da HIS. O resultado liberado em até 24 horas é um diagnóstico extremamente preciso”, afirma a bióloga geneticista do laboratório XY. Ela complementa: “Se tratarmos com o exame de painel respiratório, temos o diagnóstico mais preciso e um tratamento mais direcionado desde o começo. O custo-benefício é enorme, pois ajuda a reduzir o tempo do paciente no leito, diminui o uso de medicamentos desnecessários e aumenta as chances de uma recuperação mais rápida — o que pode, inclusive, salvar vidas.”

A Secretaria Municipal de Saúde informou que monitora o aparecimento de novos casos de coqueluche, mas não há motivo para maiores preocupações no momento. Em 2024, o município registrou 18 notificações, sendo 17 de munícipes e uma importada. Deste total, nove foram confirmados e sete foram descartados. Um segue em investigação. Em 2025, foram oito notificações de munícipes, sendo três confirmados e cinco em investigação.

“O número de casos de coqueluche vem aumentando de forma lenta. O município não vive uma epidemia. A Secretaria de Saúde, através do Programa Saúde na Escola (PSE), tem contato direto com as unidades escolares do município para seguir a vigilância e também o protocolo para condutas frente ao diagnóstico de coqueluche, visto que o ano letivo está se iniciando. A recomendação da SMS para os pais e responsáveis é que procurem os postos de vacinação para atualizar a vacina das crianças”, finaliza a nota.