Em 2018, aos 33 anos, ele debutou na política se elegendo deputado federal pelo Rio de Janeiro com 39.398 votos. Deixou Brasília, retornando a sua cidade Natal e tornou-se prefeito em 2020 com 121.147 votos. Na reeleição, este ano, levou no primeiro turno com 192.232 votos, superando o recorde de votos que era de sua mãe, Rosinha, eleita prefeita com 168 mil votos. Do alto de um nível de aprovação gigante e quebrando recorde de votos, Wladimir Garotinho, fala dos seus projetos para o segundo mandato. Garante que o problema crônico do transporte vai ser resolvido e que Campos retomou a visibilidade perdida, prevendo investimentos em série de empresas no município, mudando o perfil econômico no que se refere à empregabilidade. Sobre o Centro, disse que a revitalização continuará no topo de sua agenda, e que vai instalar um gabinete no centro histórico, além de secretarias e serviços para dinamizar essa área da cidade.
As pesquisas estavam, digamos assim, exatas e precisas. O senhor levou no 1º turno. Como avalia a aprovação e a votação?
Eu fico feliz pelo reconhecimento. A maioria da população escolheu a continuidade do nosso trabalho. Então, as pesquisas, todas acertaram, tanto na aprovação de governo quanto no resultado da eleição, todas, dentro da margem de erro normal. Nós vimos um final de eleição com investimento muito maciço nas ruas da candidata adversária, mas nem isso desequilibrou o resultado final. Tivemos uma votação histórica, 192.232 votos. O recorde anterior era da minha mãe Rosinha, na casa de 168 mil votos. Então, acho que o recado das urnas foi muito claro: a população reconhece o nosso trabalho, aprova o nosso projeto e eu tenho agora a missão e o desafio de tentar fazer um segundo governo melhor do que o primeiro e eu vou me dedicar muito para isso.
O senhor já se reuniu com os vereadores eleitos, os que ainda vão terminar o mandato. Há possibilidade de termos menos tensão nos primeiros dois anos deste futuro mandato na relação com o legislativo?
Nós elegemos 19, dos 25 vereadores. Então, a gente tem tudo para eleger a próxima mesa diretora mais alinhada com o executivo. Óbvio, que tem as composições partidárias, os partidos estão conversando, os vereadores estão conversando. Eu estou, neste primeiro momento, mais observando a movimentação, mas há o consenso de que o presidente sairá da bancada dos 19. Hoje, já tem uns cinco, ou seis, pleiteando a presidência, né? Não foi conversado isso ainda, especificamente, com ninguém. Eu estou neste primeiro momento, deixando as conversas partidárias acontecerem. E as conversas entre os vereadores fluírem e vou arbitrar esse desenho no final. São um conjunto de seis partidos que têm representação na Câmara, do nosso lado. Então, entre esses seis partidos, eles vão tirar dali a composição da mesa diretora. E a gente vai, no final obviamente, optar arbitrar para ter uma mesa mais equilibrada que ajude o Executivo a governar com maior tranquilidade. A gente teve muito conflito com a Câmara desde o início do governo. Me lembro que, com cinco meses de governo, eu tive que mandar um ajuste fiscal para a Câmara e, naquele momento, eu perdi a maioria da Câmara. Então, a gente tem tudo para ter um legislativo mais alinhado com o Executivo e, consequentemente, aprovar projetos de maneira mais séria para ajudar no desenvolvimento da cidade.
No curso de 2024, você recebeu muitos apelos, no sentido de que fizesse o Refis para de impostos municipais, notadamente o IPTU. Esse assunto, agora, já está encaminhado?
O projeto está na Câmara, deve ser pautado na semana, lembrando que nós fizemos no nosso governo dois Refis e mais uma ampliação do segundo; Então, a população de Campos teve três oportunidades de pagar seus débitos e, no ano de 2024, antes de uma eleição, não era permitido fazer outro. Existe um entendimento da Justiça que isso poderia desequilibrar o pleito eleitoral. A eleição passou e o projeto foi enviado para Câmara, só aguardando agora a aprovação, para poder colocar em prática.
Onde o senhor acha que errou no primeiro mandato e que pode acertar agora neste segundo?
Eu acho que a gente precisa ter um governo mais politizado. Reconheço avanços significativos na cidade, mas, também reconheço que precisamos acertar mais, avançar, diria. A gente já tem projetos em andamento. Já temos planejamento, mas, sobretudo, o governo tem que ser mais politizado, um governo que não fique só ancorado na figura do prefeito. Isso foi uma marca nesse primeiro governo, uma gestão técnica, que vai continuar sendo técnica, mas não muito ancorada apenas na imagem do prefeito. Eu acho que precisamos ter um secretariado mais político, e a gente vai trabalhar para isso, junto da Câmara, junto dos partidos, mantendo, obviamente, nas pastas técnicas, os secretários mais técnicos. Mas, tem uma questão fundamental que nós vamos avançar muito, que é o maior gargalo, que nós não conseguimos resolver, que é o transporte público. Temos tudo alinhado com o Governo Federal, aprovado pelo PAC. Então, acho que a gente vai resolver esse grave problema, que é o transporte público.
Mas, parece que isso já está bem adiantado, inclusive, com a frota definida. O senhor pode falar sobre isso?
A gente apresentou e aprovou um projeto junto ao Governo Federal. São 354 ônibus, entre ônibus elétricos, a diesel, micro-ônibus, midi-ônibus, ônibus mais alongados. O projeto está pronto. A gente está, agora, na fase final de negociação com a entidade financeira, muito provavelmente a Caixa. Outra boa notícia na área do transporte, que nós não conseguimos resolver no primeiro mandato, é que as estações de integração estão ficando prontas. O contrato dos novos ônibus será assinado e teremos uma frota moderna em Campos.
O senhor falou em mais política e seu vice, Frederico Paes, tem sido um bom articulador, junto com o senhor. Existe uma fofoca, ou uma verdade, sobre a possibilidade de deixar parte deste segundo mandato a ser concluído pelo seu vice. Fofoca ou verdade?
O povo me elegeu para um segundo mandato de prefeito. Existe muita especulação e conjecturas e não vou dizer que é fofoca, como também não vou dizer que é verdade. A gente tem que focar no agora. Montar um segundo governo eficiente, tendo que ser melhor que o primeiro. A eleição de 2026, nos bastidores, muita gente já começou a conversar sobre ela. Te digo que eu não comecei a conversar com quem eu preciso conversar sobre isso. Mas, se o povo da minha cidade entender que existem projetos maiores para um filho desta terra, não fugirei destes desafios. Mas, agora o foco é meu segundo mandato.
Existe uma imensa expectativa para os próximos dois anos no que se refere à economia de Campos. O senhor pode traçar essa dinâmica?
Um dos legados desse primeiro mandato é que Campos voltou a ser vista. Campos estava fora da rota dos empresários, fora da rota da instalação de novas indústrias. A gente conseguiu estabilizar a cidade e Campos voltou para o mapa. Então, nos próximos dois, três anos, o campista vai ter muito o que colher porque muita coisa boa vai acontecer. Muitas empresas vão se instalar aqui e a gente vai seguir trabalhando nesse caminho. Eu tenho, inclusive, uma agenda programada com o governador para a gente falar sobre desenvolvimento econômico, sobre industrialização aqui da região, a partir do projeto de Barra do Furado, entre outras pautas.
O senhor falou de Barra do Furado, parece que tem um entroncamento naquele projeto que seria o cenário para a economia de Campos e de outros municípios deslanchar. O senhor tem que conjugar o interesse de Quissamã ou de São João da Barra. Como é a relação com as prefeituras vizinhas?
As relações são excelentes. Minha relação com Fátima, de Quissamã, sempre foi saudável e ela elegeu como seu sucessor o Marcelo, que é, inclusive, do meu partido. O projeto Barra do Furado é assim: 80% é Campos, 20% é Quissamã. Ali, já houve o início de um investimento lá nos anos de 2014, depois, isso foi paralisado e foi perdido. A renovação da licença ambiental, o que não saiu ainda, o INEA não liberou a licença ambiental, e, eu afirmo, disse isso em várias oportunidades, que a grande oportunidade de reindustrialização de Campos é o projeto Barra do Furado. Existem grupos internacionais querendo investir. São muitas oportunidades por conta das plataformas de petróleo. Muitas delas estão na época de descomissionamento e temos um cenário fantástico.
A Câmara de Dirigentes Lojistas de Campos – CDL- vai realizar um grande evento, inclusive com a participação de observadores internacionais, sobre essa questão do esvaziamento dos grandes centros. Pergunto sobre a revitalização do centro da cidade.
Nós já trouxemos a Secretaria de Turismo para a área central. Estamos inaugurando a Secretaria de Qualificação e Empregos também no Centro e estudamos trazer alguns serviços de saúde para a área central. O prefeito terá um gabinete, também, no Centro Histórico de Campos para algumas reuniões e despachos. Eu estou muito entusiasmado com esse seminário da CDL. O presidente, José Francisco Rodrigues, comentou comigo, eu vou participar desse seminário, para a gente entender melhor o que já deu certo. Não adianta a gente ficar tentando inventar a roda. Temos que ver o que já deu certo em outros locais e adaptar a nossa realidade. Esse é um desafio mundial, não é um desafio de Campos. Os centros históricos foram esvaziados porque as cidades cresceram. O comércio se digitalizou. Temos que discutir isso à exaustão e essa iniciativa da CDL vem em boa hora e estarei lá com parte da minha equipe.