Com mais de cinco décadas dedicadas ao jornalismo social, Márcia Ângella Arêas estreia no dia 13 de outubro nas páginas do J3News. Dona da coluna social mais prestigiada do interior do estado, Márcia passou por diversas redações. Começou sua trajetória nos anos de 1970, no Monitor Campista, então o terceiro jornal mais antigo no país. Agora, ela continua sua jornada no mais jovem e moderno jornal da região.
Nesta entrevista Márcia Ângella da sua trajetória, dos momentos marcantes e dos novos desafios a partir do convite do diretor geral Fábio Paes para assumir no J3News. Fala também de sua amizade com o dr. Herbert Sidney Neves, agora seu “ patrão”, que ela conheceu como Sidinho, e ela pode. Afinal nasceram no mesmo ano e conviveram sempre.
Você começou sua carreira no Monitor Campista, na época o jornal mais antigo do país. Passou por outras redações e agora continua a jornada no jornal mais jovem da região, e porque não dizer o mais moderno, que é o J3News. Preparada para mais esse desafio?
Eu comecei em 1970, assim que me formei, no Monitor Campista, a convite de Oswaldo Lima, um período bom. Ali fiquei por um tempo e depois fui convidada para ir para o jornal Folha da Manhã, onde passei 10 anos. Foi quando Alair Ferreira me chamou para ir para o jornal A Cidade. Fazia a coluna e também TV Norte Fluminense, na época afiliada da TV Globo. Depois, meu irmão Ronaldo Arêas comprou o jornal A Cidade e me intimou a ser colunista e também diretora comercial. Depois Diva Abreu Barbosa me chama pra voltar pra Folha da Manhã. Eu voltei e aí foram mais 25 anos…
São mais de cinco décadas de jornalismo, com foco no colunismo social. Sei que não, mas dá pra falar de um detalhe específico deste período?
Difícil falar, porque foram muitos anos e momentos diferentes, como por exemplo, quem era importante, rico, badalado ou anfitrião, aqueles que recebiam. Muitas dessas pessoas já não são mais, já desapareceram do cenário, e aí surgiram outras e aí foram outras festas, outros eventos, todos eles assim. Foram várias personalidades relevantes e eventos importantes. Muitas festas, muitos eventos bons, grandes, aqui em Campos e fora. Já participei de festas no Copacabana Palace e em vários lugares emblemáticos da cena social em São Paulo, Goiânia, Salvador entre outras cidades. Agora, fica até difícil citar. Então, eu seria desonesta se disser a você porque de repente tem 10, 20 que foram importantes, em 54 anos cobrindo tudo isso. Você me conhece e sabe que eu não correria esse risco.
Vamos entrar no túnel do tempo. Saldanha, Automóvel Clube ou Tênis Clube?
Ah, eu sempre fui “saldanhista”, onde eu debutei aos 15 anos e passei parte da infância. Depois fui diretora do clube. Mas, eu ia ao Automóvel Clube e ao Tênis também, naquelas famosas Noites do Havaí, nos fins de ano. Mas, sempre Saldanha, e lembrando que falo daquele clube com as escadarias mais bonitas de Campos, onde hoje é um shopping. O Saldanha foi para a rua Alberto Lamego. Meu irmão, Mário Filho, chegou a ser presidente do Saldanha depois da mudança da sede.
Falando em clube, e o Atafona Praia Clube que era em frente à sua casa de praia?
Poxa! Hoje, do jardim da minha casa eu vejo o mar. Está tão próximo. A cada dia mais. Antes, ali era o clube, como você falou. Derrubaram o clube e o mar avançou. Eu recebi uma visita, um tempo atrás, e no quarto da frente ficou hospedada. Eu perguntei no dia seguinte, era uma prima, se ele dormiu bem. Me disse que não, por causa do forte barulho do mar. Eu lamento, porque ali eu passei a minha infância, a minha adolescência e a minha idade madura. Todos aqueles shows no Clube com artistas famosos. Aquelas festas, shows, quantos bons shows.
Fale um marcante. Pode?
Foram muitos. Mas teve um com a saudosa Elizete Cardoso que marcou pelo que aconteceu depois. O empresário Hugo Aquino Filho, após o show dela, que era na época a maior cantora brasileira, convidou-a para esticar até a casa da família dele e me chamou. Ela fez uma apresentação particular, na beira da piscina. Cantou e contou histórias, como a da famosa música “Naquela Mesa”, de Sérgio Bittencourt. Ela foi namorada do pai de Sérgio, o homem que faltava naquela mesa. Ouvir essa história contada pela própria Elizete Cardoso, que de certa forma participou dela, foi o máximo. Aquela noite que nunca sai da memória.
Vou fazer uma provocação. Nesta época rivalizavam o Atafona Praia Clube e o Grussaí Praia Clube. Teve um dia que você teve que se render ao Grussaí por conta de Roberto Carlos. Como foi?
Outra noite inesquecível. Eu apresentei aquele show a convite da direção do clube. Você sabe que sou fã de carteirinha do Roberto Carlos. Para apresentar o show eu tive que estar com ele, no camarim do Clube e conversamos um pouco. Foi tudo. Conversar com o rei. Apresentei o show com as pernas tremendo. Essa profissão te dá esses presentes. Ver Roberto Carlos já é algo demais. Imagina conversar com ele e ter o prazer de apresentar seu show. Percebendo que eu era uma garota fã dele, Roberto Carlos fez questão que eu assistisse ao show quase que no palco. Uma noite maravilhosa.
Você conviveu com muitas personalidades importantes, como a eterna miss Brasil, Martha Rocha. Como foi isso?
Eu conheci Martha através de Cila Martins, amiga minha e de Ruth Magalhães. Eu frequentava muitas festas no Rio, e Marta fazia parte do grupo. Saímos muito. Depois, ela esteve em Campos várias vezes, inclusive para as Bodas de Ouro dos meus pais. Ela era uma pessoa muito agradável, linda, linda, linda. Muito vaidosa, não aparecia desarrumada em público, assim, nem em casa, onde ela estava hospedada. Tinha que estar sempre maquiada e arrumada, se ela não estivesse maquiada, preparada.
A gente que é jornalista, não envelhece, então, eu posso te fazer essa pergunta. Por exemplo, qual é a sensação de você anunciar o casamento de alguém cujo pai você viu nascer?
Ah, é maravilhoso. Você anunciou o nascimento do avô. Agora está anunciando o neto. Ah, eu já cobri muitos casamentos, e depois veio o nascimento dos filhos, depois 15 anos, depois casamento, bodas de prata, e mais bodas de ouro, de diamantes. Dizer para uma pessoa que deu na minha coluna o casamento de seus pais e agora estou publicando a foto do casamento dele. Isso aconteceu com várias gerações.
Você vai iniciar sua nova jornada no J3News ajudando a receber 1.500 convidados para uma big festa. Preparada?
Quando fui convidada pelo diretor geral Fábio Paes já sabia disso e, claro que estou preparada! É um novo desafio e, na minha vida, sempre foi assim. Estou até ansiosa. Vou estrear com a coluna no próximo domingo, mas já estou de olho nesta festa.
Você imaginou que um dia teria como patrão, no bom sentido da palavra, seu amigo de adolescência Herbert Sidney Neves?
Não, não imaginei. Eu e ele nascemos no mesmo ano. Ele nasceu em abril e eu em maio. E acompanhei toda a trajetória dele, sempre com grande admiração. Me lembro quando ele saiu daqui, formado pela Faculdade de Medicina, e foi para os Estados Unidos se pós graduar, estudar medicina de primeiro mundo. Acompanhei tudo isso. E ele de lá, às vezes, me escrevia cartas, contando como eram as coisas. Eu tenho cartas ainda guardadas. Ele sempre escreveu muito bem, maravilhosamente bem. E me escrevia dando aquelas notícias. Eu vi nascer a medicina nuclear, em Campos, através dele. Eu estava lá na inauguração da medicina nuclear (Grupo IMNE). E acompanhei todo aquele crescimento, cada vez que inaugurava mais um, mais um e eu acompanhava. Mas, nunca imaginei que um dia eu ia trabalhar para ele.
Bem, você pode o chamar de Sidinho né?
Eu o conheci Sidinho, né? Mas, vamos colocar uma solenidade. Quando a gente tinha 14, 15 anos, ia para Raposo, o pessoal da cidade, todo mundo ia para Raposo, ele ia. Quando ele fez 50 anos de formatura, houve um jantar e, ao seu lado juntamente com a família, Laura e os filhos, conversei com ele sobre o seu sucesso empresarial, como tudo funciona bem em suas empresas. Ele simplesmente agradeceu. Ele é uma pessoa rara.