De acordo com o promotor de investigação criminal, Fabiano Rangel Moreira, a ação tem o objetivo de combater a máfia da adulteração de combustíveis, que fabricou e distribuiu, para postos parceiros, aproximadamente 19 milhões de litros de etanol adulterados. A estimativa é de que a atividade tenha gerado danos em aproximadamente 400 mil veículos. Além da adulteração no álcool e na gasolina, o promotor ressalta que também está sendo analisado se a quantidade de combustível vendida em cada um dos postos era a mesma colocada no tanque dos veículos.
“O número de postos interditados pode subir nos próximos dias, pois amostras de gasolina e de álcool foram coletadas e enviados para análise nos laboratórios da PUC-RJ e UFRJ. Se forem constatadas irregularidades, poderemos interditar os postos”, esclareceu o promotor em coletiva de imprensa, concedida no final da tarde desta terça.
A operação envolve ações de integrantes do Ministério Público, da Agência Nacional do Petróleo (ANP), do Procon e da Receita Estadual, com fiscalizações na Usina Canabrava, usina de produção de álcool, distribuidoras, depósitos e postos de combustíveis; enfim, toda a cadeia produtiva existente na região. A operação teve o suporte do GAP e das polícias Rodoviária Federal e Militar.
A definição dos locais observou dados existentes em denúncias e evidências surgidas em investigações e processos criminais. O resultado da operação “Combustível Limpo” trará subsídios para a adoção de providências penais contra os proprietários e responsáveis pelas empresas, inclusive podendo levá-los à prisão. “Temos mais de mil documentos para analisar”, comentou o promotor.
lioresal reviews Cana Brava — A usina já era alvo das principais distribuidoras de combustíveis do país, como Petrobras, Shell e Ipiranga, que a denunciaram por ter fabricado e adulterado álcool anidro com utilização de metanol e depois distribuído para cerca de dois mil postos no Rio de Janeiro e São Paulo em 2016. Segundo o promotor, no processo de adulteração, um percentual de etanol puro era separado para venda, enquanto a maior parte recebia adição de metanol, em substituição à quantidade retirada. A prática teria envolvido mais de 700 mil litros de combustíveis adulterados. O metanol é um produto importado por fábricas de tintas e sua utilização, na adulteração, é motivada por preços praticamente irrisórios e dificuldade na constatação, exigindo análise laboratorial para detecção. Durante a operação desta terça-feira, além de mandado de busca e apreensão cumprido na usina, uma pistola calibre 380 e munições de vários calibres foram apreendidos no local.
A equipe de reportagem entrou em contato com a usina, mas não obteve resposta até a publicação da matéria.