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Comparações entre os debates Trump vs. Kamala, JFK x Nixon, não tem respaldo

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
17 de setembro de 2024 - 18h41
(Foto: Ilustração)

Alguns analistas políticos consideraram o debate realizado semana passada, entre Donald Trump e Kamala Harris, na disputa da Presidência dos EUA, o mais aguardado e comentado desde o histórico Jonh Kennedy vs. Richard Nixon, de 1960. Como os eventos que estão mais próximos no tempo costumam nos influenciar, talvez tenha sido o caso. Porém, não necessariamente a realidade.

O JFK versus Nixon de 64 anos passados traz o marco de ter sido o primeiro na história das campanhas pela Casa Branca a ser televisionado. Já aí vemos um diferencial inalcançável.

Além do que é precipitado afirmar que desde aquele, de seis décadas atrás, até este, de 10/Set/24, nenhum outro tenha sido tão esperado e tampouco o mais comentado. O mais provável é que a substituição de Biden de última hora tenha precipitado um ambiente conturbado, atípico, mas que sob o o olhar frio dos fatos, não se confirma.

Nesta campanha, Trump, pelo currículo – ou, talvez, devesse dizer, pela ‘ficha criminal’ – é um adversário dos sonhos para qualquer candidato, particularmente em virtude do ‘governo’ que realizou. Logo, pela ‘soma de todos os erros’, Kamela é favorita. E as pesquisas realizadas após o debate mostram que a candidata ampliou a vantagem.

Inegável, por todos os lados que se queira olhar, Harris tem mais chances. Mas vale lembrar que futebol e eleição não se ganham de véspera e, às vezes, se perde na véspera. De toda forma, salvo pelo imponderável, Harris deverá sair vitoriosa e assumir a Casa Branca.

Porém, se de fato for eleita, vai precisar rever sua trajetória como vice-presidente, analisar a fundo, para não repetir o fraco desempenho que cumpriu como vice de Biden.

O confronto de 1960

No debate entre John F. Kennedy e Richard Nixon, o fator televisivo foi preponderante para o melhor desempenho de JFK. Isso porque frente às câmeras, enquanto Kennedy se mostrava à vontade e tranquilo – foi muito melhor preparado para o encontro – Nixon estava visivelmente desconfortável.

Nervoso, irritadiço e suando muito, em alguns momentos excedeu na agressividade. E isso foi claramente notado pelo telespectador. O que não se sabia é que Nixon foi para o debate sob forte gripe.

O debate televisionado fez aumentar sobremaneira o interesse dos americanos sobre a política da Casa Branca. Além disso o próximo presidente teria que lidar com uma questão tão sensível quanto preocupante para os EUA: a Guerra Fria contra a União Soviética, a exigir medidas enérgicas para evitar a expansão do comunismo no país e comprometer o futuro da nação mais democrática e capitalista do mundo.

Com ajuda do debate, JFK foi eleito e conduziu com habilidade questões aflitivas. Richard Nixon voltaria a se candidatar e seria eleito, em 1969, o 37º presidente dos EUA.

(Foto: Divulgação)

Insinuação de infidelidade condenada pelo STJ

O exercício do jornalismo exige, entre tantos outros critérios, que se tenha decência. Evidente, não se pode esperar isso das redes sociais – muito embora fosse o correto. Mas de órgãos da imprensa, é uma obrigação inafastável.

Assim, causou surpresa, face ao conceito da IstoÉ, publicação de 2020 com insinuações degradantes, que afetaram diretamente a reputação da ex-primeira dama, Michele Bolsonaro, bem como do ex-presidente e filhas.

O texto da IstoÉ – “O esforço de Bolsonaro para vigiar a mulher de perto” –, é repreensível sob todos os aspectos, claramente sugerindo infidelidade. Logo, merece destaque a decisão da 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, determinando que a empresa jornalística faça retratação pública e indenize Michele em R$ 30 mil reais. O autor do texto também terá que pagar indenização.

Na decisão unânime, a 4ª Turma do STJ citou preceito importante e que nem sempre é considerado, qual seja que “a abordagem de questões puramente privadas do casal, contraria preceitos fundamentais de direito da personalidade”.

Num entendimento mais amplo, mas que deve ser respeitado pelos veículos de comunicação, diz respeito à ética jornalística. O que é da esfera pública – do interesse da população e principalmente quando lhe é prejudicial – deve ser apurado e divulgado. Mas no âmbito privado, seja qual for o boato ou não-boato, é uma vergonha lançar mão desse tipo de expediente.

Os móveis que “sumiram”

Por conta da celeuma de janeiro de 2023, quando o presidente Lula da Silva disse em coletiva de imprensa que “os antigos ocupantes do Alvorada teriam ‘levado tudo’ e ‘sumido’ com 83 móveis”, teve como desfecho o pagamento de indenização aos antigos ocupantes: o ex-presidente Bolsonaro e sua mulher Michele.

Naquele início de governo de grande turbulência política no País, talvez tenha passado despercebido que sumir com 83 móveis é um número tão elevado que por si só não teria cabimento. ‘Sumir’ com uma peça aqui, outra ali, da residência oficial, já seria algo inaceitável – um furto. Mas 83, só mesmo numa fantasia transloucada.

Meses depois os itens foram localizados em “dependências diversas da residência oficial”, conforme divulgou a comissão de inventário de bens da Presidência.  

Na semana passada (10) a 17ª Vara Federal do Distrito Federal condenou o governo a pagar R$ 15 mil em indenização por danos morais a Bolsonaro e sua mulher, Michele. A Justiça destacou que as falas “alcançaram grande repercussão na mídia nacional e internacional, acarretando mácula à imagem e reputação do casal”. A decisão judicial lembrou, ainda, que os itens sempre estiveram sob a guarda da União durante todo o período.

Entrevistas

Em julho havia resolvido fazer 4 ou 5 entrevistas com candidatos aos governos de Campos e municípios vizinhos. Contudo, jornal semanário, não raro, é atropelado por assuntos prementes. Daí, além de viajar 10 dias, matéria sobre ‘Agosto’ consumiu três domingos seguidos.

Cheguei a combinar com o secretário de Comunicação de SJB entrevista com a prefeita Carla Caputi, que na época estava em final de gestação, para agosto ou início de setembro. Pretendia fazer contato, também, com outros candidatos. Contudo, pelos motivos acima, cancelei a inciativa, posto que entrevistar apenas um ou dois candidatos poderia sugerir engajamento político.

Assim, na terça passada (10), além de explicar e me desculpar com titular da imprensa sanjoanense – ora afastado do cargo para cuidar da campanha – desisti, também, das demais pretensas matérias, posto que a eleição já está à porta. Todavia, pretendo realizá-las pós pleito.