Na última semana, o tráfego intenso de carretas e caminhões em vias centrais de Campos dos Goytacazes voltou a ser debatido por gestores e motoristas. Há vários meses, o Departamento de Estrada de Rodagens (DER-RJ) interrompeu o acesso à RJ-238, conhecida como Estrada dos Ceramistas. A rodovia ajudaria a desafogar o trânsito do perímetro urbano. Uma obra orçada em R$57 milhões foi paralisada várias vezes por divergências entre Governo Estadual e empresa contratada. Após a morte de uma ciclista, o prefeito Wladimir afirmou que pretende criar barreiras para conter veículos de grande porte em vias centrais. A medida dividiu opiniões.
A Estrada dos Ceramistas voltou a ser aberta, com as obras de recuperação retomadas no dia 28 de agosto. A previsão é de que seja concluída em oito meses. De acordo com declaração nas redes sociais de Wladimir Garotinho, a partir deste domingo (1º), a Prefeitura de Campos dificultaria o acesso de caminhões e carretas em avenidas de grande movimento. A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan NF) criticou a decisão, alegando que o virtual bloqueio afetaria o setor produtivo.
A reportagem questionou o governo e o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) acerca de como devem funcionar o bloqueio de veículos pesados, os horários previstos, além da fiscalização dos acessos e o tráfego nas avenidas e ruas da cidade com ligações às rodovias federais BR-101 e BR-356. Em nota, a assessoria de comunicação informou que “a Prefeitura está discutindo detalhes técnicos das medidas que serão adotadas a partir do início de setembro”.
A provável limitação de veículos de carga em determinados horários e em vias centrais de Campos ganhou apoio de parte da população, sobretudo de ciclistas. No dia 24 de agosto, um atropelamento tirou a vida de Michele Braga Caldas, de 43 anos. Ela pedalava à noite na Avenida Artur Bernardes, Parque Rosário, quando foi atingida por uma carreta bitrem. O motorista disse que não viu a ciclista. O tráfego pesado costuma passar pelas vias urbanas maiores nos bairros Imperial, Bela Vista, Turfe Clube, Jockey, Parque Leopoldina e Guarus Os riscos de acidentes, atropelamentos e mortes são consideráveis.
A estrada dos desafios
Durante a última semana, a reportagem percorreu todo o trecho da RJ-238 (Ceramistas), desde o cruzamento com a RJ-216 (Campos-Farol), até o trevo da BR-101, em Ururaí. Muitas placas com avisos de obras estão instaladas ao longo da estrada há meses. Alguns pontos terão que ser refeitos novamente. Não faltam buracos e trechos sem asfalto em mais de 12 quilômetros. Ainda não se sabe como o acesso de veículos poderá funcionar com a rodovia em obras nos próximos oito meses.
De acordo com o DER, as obras incluem o reforço de toda a estrutura da pista, incluindo a sub-base, base e o revestimento asfáltico, além da drenagem e sinalização. O órgão estadual informou que a estrada vai atender às demandas de volume e peso que o Porto do Açu exige. “A ligação entre a BR-101,em Ururaí, e o Porto do Açu, será um grande alívio para Campos e São João da Barra”, diz a nota.
Enquanto as obras não forem concluídas, quem passar pela Estrada dos Ceramistas, sejam moradores da região ou caminhoneiros, terá que redobrar cuidados e atenção em todo o trajeto. Evitar mortes e acidentes ou facilitar o acesso à área urbana de Campos continuam sendo desafios para todos os envolvidos.