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Carolina Santos: “não se deve subestimar uma pessoa no espectro autista”

A jornalista é mãe de Yan, de 9 anos, diagnosticado com TEA aos quatro; ela defende campanhas por mais informação e menos preconceito

Entrevista
Por Ocinei Trindade
21 de abril de 2023 - 8h00
Yan e Ana Carolina Santos (Acervo pessoal)

A jornalista Ana Carolina Santos é mãe de Yan Santos Teles. No dia 29 de abril, ele completa 10 anos de idade. Quando tinha quatro anos, Yan foi diagnosticado com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Na reportagem de destaque do J3News desta semana,  Amor e atenção para lidar com TEA, Carolina aborda sobre os desafios para cuidar do filho. Ela se dedica a divulgar informações e combater o preconceito de pessoas com TEA.

Quais são os principais desafios nos cuidados com o teu filho?

Cuidar de qualquer criança é muito desafiador, sendo neurotípica ou atípica. No caso de Yan, o principal desafio é lidar com a rotina, conciliando as diversas atividades. É uma rotina puxada, de segunda a sexta-feira. No geral, nós, pais de autistas, nos deparamos com a falta de assistência dos planos de saúde; a falta de políticas públicas voltadas para as pessoas com TEA; e a falta de inclusão no ambiente escolar.

Ainda há muita desinformação e preconceitos com pessoas com TEA. Como lidar com isso?

Sim. É muito comum escutar frases como: “o autismo dele é bem leve, né?”; “ele não parece autista”; “todo mundo é um pouco autista”; “ele até parece uma pessoa normal”; e “apesar de autista, ele é bem inteligente”, por exemplo.

Pode ser um pouco complexo entender o autismo. Essas falas podem não ter a intenção de ofender, mas são capacitistas. A ideia de que autistas são todos iguais, que não possuem empatia e são totalmente dependentes é bastante equivocada. Estar aberto ao aprendizado, ao contato com pessoas autistas e suas famílias é um caminho para desconstruir preconceitos e ter atitudes menos capacitistas

“O objetivo é que Yan seja independente, que tenha autonomia para viver bem em sociedade”

O que a sociedade precisa saber e adotar para incluir pessoas com TEA em todos os segmentos sociais?

Não se deve subestimar uma pessoa no espectro. Exercer a empatia e atenção é um fator determinante para a inclusão de pessoas autistas.

O que você sonha para seu filho no presente e no futuro em relação ao convívio social e pessoal diante do TEA?

O objetivo é que Yan seja independente, que tenha autonomia para viver bem em sociedade. Sonhamos o que todos os pais sonham: que ele seja feliz, independente da deficiência.

O que destacaria ainda sobre desse tema?

Abril é o mês dedicado à conscientização sobre o autismo e, neste ano, o tema é “Mais informação, menos preconceito”. Somado a isso, recentemente foram divulgados dados do Centro de Controle de Prevenção e Doenças (CDC), nos EUA, apontando que uma em cada 36 crianças de 8 anos estão no espectro.

No Brasil, os avanços ainda acontecem a passos lentos. Mas um fato bastante importante é que, pela primeira vez, o IBGE incluiu o tema no último Censo, o que vai ajudar  a entender a prevalência do TEA no país. Ainda não temos números exatos por aqui, mas se for feita uma proporção do estudo do CDC com a nossa população, seriam cerca de 6 milhões de autistas no Brasil.

É importante que as pessoas se informem, porque tem sido cada vez mais comum a convivência com autistas. De maneira equivocada, muitos dizem que o autismo “está na moda”, mas eu relaciono o aumento nos números de casos ao acesso à informação.

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