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Ozempic: medicamento tem sido usado de forma indiscriminada

Substância indicada para tratamento de diabetes tem sido utilizada para emagrecer

Saúde
Por Mariane Pessanha
10 de abril de 2023 - 0h01
Semaglutida: medicamento é indicado para o tratameton de diabetes, mas também auxilia no emagrecimento (Ilustração)

Um medicamento indicado para o tratamento da diabetes 2, mas que se tornou um aliado contra a obesidade e tem sido utilizado de forma indiscriminada no Brasil.  O Ozempic é um medicamento injetável e o nome comercial para a semaglutida 1,0 mg, que aumenta a sensação de saciedade e saciação (esta última é a quantidade de alimentos que uma pessoa consegue ingerir em uma refeição). Como resultado, o paciente emagrece. No entanto, a endocrinologista Patrícia Peixoto adverte que a semaglutida para tratamento da obesidade deve ser administrada em doses semanais, e não diárias como tem ocorrido com frequência.

“Ela deve ser utilizada em aplicações semanais, e é bastante importante destacar isso, porque, infelizmente, temos visto a prescrição do uso de Ozempic em dosagens diárias, o que vai totalmente contra todos os estudos de segurança já realizados. Ou seja, quando o paciente é orientado a usar a substância em aplicações diárias, há um risco que não se sabe qual é, de reações adversas, uma vez que todos os estudos, tanto de eficácia, como de segurança da semaglutida, foram realizados com a utilização dela sendo aplicada uma vez por semana”, alerta a médica.

A especialista diz ainda que o uso da medicação sem uma indicação, e sem o acompanhamento médico, pode fazer com que o paciente de início perca peso, mas não consiga mantê-lo. Além disso, se esse paciente utiliza medicação de forma inadequada, pode sofrer com os efeitos adversos, principalmente náuseas.

Dra.Patricia Peixoto: especialista alerta para o uso correto do Ozempic

 “Alimentos com mais gordura, mais açúcar, podem provocar mais náuseas e até mesmo episódios de diarreia de grande impacto. Com isso, é muito importante que qualquer pessoa, antes de começar a medicação, passe pela avaliação médica, para verificar se tem de fato indicação e também para receber a orientação adequada quanto ao uso, para minimizar os efeitos adversos”, explica Patrícia Peixoto.

As reações adversas mais comuns são as náuseas, alteração na função intestinal, que vai de constipação intestinal a diarreia. Podem também acontecer casos de dores articulares, dores musculares, cansaço e cefaléia. “O medicamento em si é bastante seguro do ponto de vista cardiovascular, do ponto de vista renal. As hipóteses anteriores de que a medicação causaria pancreatite foram descartadas. Sendo que, na verdade, tanto diabetes tipo 2 como obesidade são fatores de risco para o desenvolvimento de pancreatite”, explica.

E completa: “Como dito antes, a indicação é para tratamento de obesidade, diabetes tipo 2, ou ainda de sobrepeso em que o paciente, além de ter o sobrepeso com o IMC acima de 27, tenha comorbidades associadas, como a própria diabetes, hipertensão arterial e dislipidemia, doenças articulares. A ação da semaglutida se baseia no fato de que temos um hormônio chamado GLP1. Esse hormônio controla a saciedade e também a liberação de insulina e glucagon. A semaglutida, por ‘imitar’ suas funções, é eficaz para tratar diabetes e obesidade”.