Apaixonado por esportes radicais, o diretor geral do Sistema de Comunicação J3 News, Fábio Paes, passou por uma experiência única dos dias 19 a 27 de novembro. Ele, na companhia do Cabo da PM, Felipe Paes, subiu o Monte Roraima, localizado na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana. O cenário inspirador já foi utilizado nos filmes “O Mundo Perdido”, “Up Altas Aventuras” e na novela global “Império”.
O Monte Roraima é uma das formações mais antigas da Terra. Considerado sagrado pelos índios pemons e escalado pela primeira vez em 1884, tem origem geológica que remonta à Era Paleoproterozoica, há cerca de 1,8 bilhão de anos. O local tem seu ponto culminante a 2.810 metros de altitude, no extremo sul, na Venezuela, O segundo ponto mais alto fica em território da Guiana, com 2.772 metros. A montanha é composta somente por rocha, minerais, água e plantas variadas.
Fábio conta como surgiu a paixão por esportes radicais. “Desde novo gosto de praticar atividades físicas que envolvam aventura, seja em terra, ar ou mar. Mas, particularmente, tenho gostado mais de praticar o montanhismo de altitude, quando se passa dos 5 mil metros. É uma atividade que me apaixonei quando fui ao Campo Base do Everest, onde cheguei pela primeira vez a 5.400m de altitude”, relembra.
Antes de subir o Monte Roraima, Fábio passou por experiências, além do Everest no Nepal, também no Kala Patthar (5.545m), no Kilimanjaro (5.895m) na Tanzânia, treinos no Pico da Bandeira (2.892m), que fica situado entre os estados do Espírito Santos e de Minas Gerais. O pico é o terceiro ponto mais alto do Brasil. Tudo isso somado a treinos constantes de musculação e corrida de rua, onde só esse ano ele correu oito meias maratonas (21km).
Felipe Paes, sobrinho de Fabio, aceitou o convite feito pelo tio e também embarcou nessa expedição em que o percurso de ida e volta ao topo foi de 85 km de trekking. Para ele a sensação é indescritível. “Tudo que é simples em nosso dia a dia me foi posto à prova naquele lugar. Comer, beber água, utilizar o banheiro, tomar banho e até mesmo dormir exigia muito, pois sempre havia um obstáculo a superar. Tudo lá é difícil, principalmente por ter que carregar montanha acima uma mochila com 15 kg em média.
“Quando você sobe, muitas vezes agarrados às pedras, a mochila te puxa pra baixo, e quando você desce passando por abismos, ela te empurra forçando violentamente os joelhos. Mas com certeza voltei mais resiliente e mentalmente equilibrado desta viagem, estando, assim, mais apto a superar outras aventuras que estão por vi”. Felipe ressalta que o cansaço é absurdo, mas a satisfação da conquista do cume é fantástica. “Se me perguntarem se subiria de novo, a resposta é sim!”, finalizou.
Dificuldades para subir o monte
Apesar da paisagem encantadora, chegar ao topo da montanha exige muita força mental e física. Fábio Paes frisa que a subida do Monte teve “um nível de dificuldade que nunca experimentou antes”. Ele conta detalhes do trajeto e dificuldades que precisou enfrentar até o resultado final.
“No Monte Roraima você não consegue subir a montanha e descer no mesmo dia. Lá, você precisa de sete dias para fazer isso. O carro para na Aldeia Paraitepuy, já em território venezuelano, e de lá se caminha com um mochilão nas costas 14km, no outro dia são mais 11km, e depois, 6km, de uma subida íngreme e perigosa, principalmente quando está chovendo como foi o nosso caso. Há um nível de dificuldade enorme por diversos fatores”, analisa. Ao longo do percurso, o grupo dorme em barracas e a alimentação durante o dia é feita por uma equipe que os acompanha no percurso.
Para chegar ao topo, o grupo precisou passar por um paredão quase vertical de quatro quilômetros. “Pode ser perigoso o caminho. Passamos por cachoeiras e por abismos. Se a pessoa escorregar, pode se machucar feio. Atravessamos três rios de forte correnteza, cheios de pedras e escorregadios. Inclusive quebrei um dedo do pé em um desses já no meu segundo dia lá”, conta.
Chegada no topo
No Monte Roraima, o fim é o começo de uma nova e proveitosa aventura. Trata-se da maior montanha plana do mundo e, para admirar as belezas do local, os visitantes precisam fazer uma nova caminhada entre os seus 32km² de topo.
“Chegando, nós acampamos por mais três noites no topo da montanha. Chegamos a andar 18 km por dia para conhecer as atrações. É um desgaste enorme. Mudanças climáticas, suor e cansaço nos acompanham o tempo todo lá em cima”, conta Fábio Paes. Mas, apesar de todos os obstáculos, ele ressalta que a subida e as belezas do Monte Roraima compõem uma experiência única.
“É uma sensação especial, pois é um local único. É um desejo de montanhistas do mundo inteiro por se tratar de um cenário que está do mesmo jeito há quase 2 bilhões de anos. Quando subimos, vimos um vale de cristal histórico, uma caverna que possui um riacho, quedas d’águas e diamantes no teto até hoje. Tem abismos, lagos, cachoeiras e formações rochosas impressionantes, uma vegetação única. Um monte que foi inspiração para vários filmes, desenhos e novelas. É um esforço muito gratificante”, afirma.
Lição para a vida
Apesar de estar praticando esporte ao subir o Monte, Fábio avalia a experiência como uma grande lição para outras áreas de sua vida. “Gosto disso porque eu trago isso tudo para a vida. Toda essa questão de resistência, resiliência, equilíbrio mental, entre outras coisas, que a gente aprende subindo montanha, acabo levando para o meu dia a dia, me tornando uma pessoa mais equilibrada, focada, com mais tranquilidade para resolver qualquer situação. Passamos por tantos perrengues que a gente acaba olhando com mais calma para as coisas” conclui.
Próximas metas
Após a conclusão da expedição ao Monte Roraima, Fábio agora tem mais duas metas em vista: uma já está marcada, que é subir o pico Huayna Potosí (6.088m), na Bolívia onde pretende fazer um curso de escalada no gelo e de quebra superar sua marca pessoal ao subir acima dos 6 mil metros de altitude. Tudo como preparação para sua maior conquista, subir o Aconcágua com 6.961 metros de altitude, na Argentina, a montanha mais alta de todas as Américas, perdendo somente para as gigantes do Himalaia na Ásia.