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Mais de 20 mil crianças sem proteção em Campos

Para reduzir o problema no atraso da vacinação, Município tem traçado estratégias como a aplicação em residências, que começou na última quarta-feira

Saúde
Por Mariane Pessanha
21 de novembro de 2022 - 0h01
Subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde, Rodrigo Carneiro (Foto: Carlos Grevi)

Com aproximadamente 20 mil crianças com o calendário vacinal atrasado, Campos tem traçado estratégias para reduzir esse número. Entre as iniciativas estão a vacinação aos sábados em Unidades Básicas de Saúde (UBSs), imunização em eventos e o Monitoramento Rápido de Cobertura Vacinal (MRC), que teve início na última quarta-feira (16) e inclui visitas domiciliares para a verificação do comprovante de vacinação, em especial, das vacinas contra a paralisia infantil e o sarampo.

Todo esse planejamento é para que a Prefeitura consiga, ao menos, chegar perto da meta do Ministério da Saúde de 90 a 95% de cobertura vacinal. Atualmente, em Campos, esse índice está entre 55 e 58%. A expectativa é chegar a 80% até o final deste ano.

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação para Atualização da Caderneta da Criança e do Adolescente terminou em 31 de outubro e teve alcance de 38,3%. Pelo calendário de rotina, a cobertura vacinal da Poliomielite entre crianças menores de 1 ano entre janeiro e outubro foi de 47,20%. O primeiro reforço está em 38,20% e o segundo, em 41,67%.

Em entrevista ao jornal Radar Regional, o subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde, Rodrigo Carneiro, disse que a situação ainda é preocupante com relação à adesão das vacinas. Ele explicou que, com relação ao calendário básico, a procura ainda permanece muito abaixo da meta mínima estabelecida pelo Ministério da Saúde. Ele ressalta que os números devem aumentar no final do mês, quando fechar novembro e os dados forem atualizados em dezembro.

“A estratégia de ir a eventos foi muito bem sucedida. Na XI Bienal teve uma quantidade interessante de pessoas procurando a vacina. Então, estamos buscando de todas as formas dar oportunidades à população de se imunizar. A gente lembra que as Unidades Básicas de Saúde estão abertas de segunda a sexta-feira, até às 17h. Lá é o principal local que deve ser procurado. É o ponto de referência para atualizar a caderneta de vacinação. Temos ainda a vacinação noturna, que está sendo feita em dois locais: o antigo Samdu da Saldanha Marinho e a Clínica da Criança, onde funcionou o Samdu de Guarus, que funcionam até as 20h e aos finais de semana”, esclarece o médico.

Uma das grandes preocupações dos especialistas é em relação à Poliomielite, doença erradicada em 1994, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu selo de negativação em território nacional, que corre risco de retornar ao Brasil. Desde 1989 não há incidência de pólio no país.

Baixa procura por vacinas também preocupa o Ministério Público (Foto: Silvana Rust)

Justiça
A baixa adesão por parte dos pais e responsáveis, principalmente para as vacinas que protegem contra a Poliomielite, levou o Ministério Público (MP) a instaurar inquérito civil no município. A promotora de Tutela de Justiça Coletiva da Infância e Juventude, Anik Rebello Assed, disse que os responsáveis legais que descumprirem esse dever estão sujeitos a multa administrativa e até mesmo à suspensão ou extinção do poder familiar, se constatada negligência associada a outras violações graves de direitos. Ela disse, ainda, que vem verificando o esforço do município por meio de diferentes estratégias para assegurar o direito de toda criança às vacinas autorizadas pelas autoridades sanitárias, previsto no artigo 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Covid-19
Além da vacinação de rotina, a subvariante BQ1 da Covid-19 também tem deixado a Saúde em alerta. Rodrigo Carneiro disse que Campos pode ter um aumento nos casos da doença e, por isso, já aumentou a oferta de testes.

“A nova variante é uma subvariante da Ômicron, que a gente chama de BQ1. Aparentemente ela tem uma capacidade de replicação ainda maior que a Ômicron e a proteção da vacina é uma proteção que corre em paralelo. Ela não é exatamente para essa variante, mas confere alguma proteção, principalmente, para os casos graves. Mais do que recomendado a vacinação, o esquema vacinal deve estar completo. A gente lembra, mais uma vez: a vacina é segura e eficaz para não permitir que os pacientes vão para a UTI e fiquem graves”, alerta o médico.

Rodrigo Carneiro ressaltou, ainda, que, como toda cidade do interior, Campos têm um atraso de duas a três semanas em relação ao que ocorre nos grandes centros. Ele explica que o número de casos começou a aumentar há cerca de 14 dias em cidades maiores e, agora, essa realidade está sendo notada em Campos. Atualmente, o município conta com quatro polos de testagem, que a secretaria municipal de Saúde (SMS) mantém abertos todos os dias, e 11 locais de vacinação espalhados pela cidade, aplicando a vacinação contra a Covid-19 diariamente.

“Ainda não temos aumento no número de internações, mas é importante falar para a população que o que está segurando a pandemia é a vacinação. Então, quem tem atrasos na terceira e quarta doses, procure os locais de vacinação para se imunizar porque é a vacina que diminui as chances de um quadro grave. As vacinas não formam um escudo protetor na pessoa. As pessoas irão se infectar. A questão é que a vacina protege contra a invasão do vírus aos tecidos. O vírus replica menos, se divide menos, inflama menos o organismo e os casos graves são mais raros em quem está vacinado”, finaliza o subsecretário.