Com aproximadamente 20 mil crianças com o calendário vacinal atrasado, Campos tem traçado estratégias para reduzir esse número. Entre as iniciativas estão a vacinação aos sábados em Unidades Básicas de Saúde (UBSs), imunização em eventos e o Monitoramento Rápido de Cobertura Vacinal (MRC), que teve início na última quarta-feira (16) e inclui visitas domiciliares para a verificação do comprovante de vacinação, em especial, das vacinas contra a paralisia infantil e o sarampo.
Todo esse planejamento é para que a Prefeitura consiga, ao menos, chegar perto da meta do Ministério da Saúde de 90 a 95% de cobertura vacinal. Atualmente, em Campos, esse índice está entre 55 e 58%. A expectativa é chegar a 80% até o final deste ano.
A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação para Atualização da Caderneta da Criança e do Adolescente terminou em 31 de outubro e teve alcance de 38,3%. Pelo calendário de rotina, a cobertura vacinal da Poliomielite entre crianças menores de 1 ano entre janeiro e outubro foi de 47,20%. O primeiro reforço está em 38,20% e o segundo, em 41,67%.
Em entrevista ao jornal Radar Regional, o subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde, Rodrigo Carneiro, disse que a situação ainda é preocupante com relação à adesão das vacinas. Ele explicou que, com relação ao calendário básico, a procura ainda permanece muito abaixo da meta mínima estabelecida pelo Ministério da Saúde. Ele ressalta que os números devem aumentar no final do mês, quando fechar novembro e os dados forem atualizados em dezembro.
“A estratégia de ir a eventos foi muito bem sucedida. Na XI Bienal teve uma quantidade interessante de pessoas procurando a vacina. Então, estamos buscando de todas as formas dar oportunidades à população de se imunizar. A gente lembra que as Unidades Básicas de Saúde estão abertas de segunda a sexta-feira, até às 17h. Lá é o principal local que deve ser procurado. É o ponto de referência para atualizar a caderneta de vacinação. Temos ainda a vacinação noturna, que está sendo feita em dois locais: o antigo Samdu da Saldanha Marinho e a Clínica da Criança, onde funcionou o Samdu de Guarus, que funcionam até as 20h e aos finais de semana”, esclarece o médico.
Uma das grandes preocupações dos especialistas é em relação à Poliomielite, doença erradicada em 1994, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu selo de negativação em território nacional, que corre risco de retornar ao Brasil. Desde 1989 não há incidência de pólio no país.
Justiça
A baixa adesão por parte dos pais e responsáveis, principalmente para as vacinas que protegem contra a Poliomielite, levou o Ministério Público (MP) a instaurar inquérito civil no município. A promotora de Tutela de Justiça Coletiva da Infância e Juventude, Anik Rebello Assed, disse que os responsáveis legais que descumprirem esse dever estão sujeitos a multa administrativa e até mesmo à suspensão ou extinção do poder familiar, se constatada negligência associada a outras violações graves de direitos. Ela disse, ainda, que vem verificando o esforço do município por meio de diferentes estratégias para assegurar o direito de toda criança às vacinas autorizadas pelas autoridades sanitárias, previsto no artigo 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Covid-19
Além da vacinação de rotina, a subvariante BQ1 da Covid-19 também tem deixado a Saúde em alerta. Rodrigo Carneiro disse que Campos pode ter um aumento nos casos da doença e, por isso, já aumentou a oferta de testes.
“A nova variante é uma subvariante da Ômicron, que a gente chama de BQ1. Aparentemente ela tem uma capacidade de replicação ainda maior que a Ômicron e a proteção da vacina é uma proteção que corre em paralelo. Ela não é exatamente para essa variante, mas confere alguma proteção, principalmente, para os casos graves. Mais do que recomendado a vacinação, o esquema vacinal deve estar completo. A gente lembra, mais uma vez: a vacina é segura e eficaz para não permitir que os pacientes vão para a UTI e fiquem graves”, alerta o médico.
Rodrigo Carneiro ressaltou, ainda, que, como toda cidade do interior, Campos têm um atraso de duas a três semanas em relação ao que ocorre nos grandes centros. Ele explica que o número de casos começou a aumentar há cerca de 14 dias em cidades maiores e, agora, essa realidade está sendo notada em Campos. Atualmente, o município conta com quatro polos de testagem, que a secretaria municipal de Saúde (SMS) mantém abertos todos os dias, e 11 locais de vacinação espalhados pela cidade, aplicando a vacinação contra a Covid-19 diariamente.
“Ainda não temos aumento no número de internações, mas é importante falar para a população que o que está segurando a pandemia é a vacinação. Então, quem tem atrasos na terceira e quarta doses, procure os locais de vacinação para se imunizar porque é a vacina que diminui as chances de um quadro grave. As vacinas não formam um escudo protetor na pessoa. As pessoas irão se infectar. A questão é que a vacina protege contra a invasão do vírus aos tecidos. O vírus replica menos, se divide menos, inflama menos o organismo e os casos graves são mais raros em quem está vacinado”, finaliza o subsecretário.