Doar leite ajuda a salvar vidas de bebês que não podem ser amamentados pelas mães. O Ministério da Saúde recomenda que até os seis meses de vida o bebê seja alimentado exclusivamente com leite materno, para ter um crescimento forte e um desenvolvimento saudável. Um litro de leite doado pode alimentar até dez recém-nascidos por dia, dependendo do peso do prematuro, mas 1 ml já é o suficiente para nutri-lo cada vez que for alimentado, segundo a coordenadora do Banco de Leite Humano do Hospital Plantadores de Cana (HPC), Fabiana Passos. A unidade faz campanha em busca de doadoras que ajudem a reforçar o estoque.
Logo depois do nascimento da filha, Jessica Rangel, mãe da pequena Aline, de 8 meses, embarcou na jornada da doação. “É muito gratificante poder ajudar, além de amamentar, que é um dos maiores prazeres da maternidade. No período que eu estava doando, tinha um bebê na UTI neonatal que é sobrinho de um amigo. Ele precisava de leite materno. E saber que o meu leite, de alguma forma, ajudou ele a se recuperar enche o meu coração de amor”, conta.
O leite humano é capaz de reduzir em 13% as mortes por causas evitáveis em crianças menores de cinco anos, pois contém componentes e mecanismos capazes de proteger o bebê de várias doenças e infecções, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Ou seja, a queda de estoque prejudica a alimentação dos bebês prematuros, de baixo peso ou portadores de patologias internados nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatais (Utins) e que não podem ser amamentados pela própria mãe. Esse fator coloca em risco a nutrição e o desenvolvimento desses bebês, que necessitam do leite doado para se alimentar.
Estoque do leite humano
Segundo Fabiana Passos, atualmente, o Banco de Leite Humano tem apenas quatro litros armazenados, quando o ideal para atender todos os vinte e cinco bebês internados no HPC seriam 12 litros.
“Por causa da pouca quantidade de doação, temos que dar prioridade aos bebês mais prematuros e debilitados, fechando a dieta de 24h de leite materno exclusivo para eles. Já os bebês maiores, temos que intercalar com a formula, porque, infelizmente não temos estoque suficiente para todos. De vinte e cinco bebes internados na UTI, apenas cinco deles conseguem receber o leite materno exclusivo, quando o ideal seriam todos os bebês internados receberem somente o leite materno”, explica a Coordenadora.
Além do leite materno maduro, a especialista comenta sobre o colostro que é o primeiro leite produzido pela mãe, rico em anticorpos e proteínas que ajudam muitos bebês nos primeiros dias de vida.
“O colostro é produzido nos sete primeiros dias de pós-parto. Geralmente quando a mulher nos procura para doar, ela já tem mais de quinze dias de pós-parto, então não conseguimos o colostro com facilidade. Muitas vezes esse primeiro leite é desperdiçado em casa, sendo jogado fora porque ainda está no inicio da descida e a mulher às vezes não sabe a importância desse leite aqui para nós. Então assim que chegar a casa e perceber que tem muito leite, essa mulher pode entrar em contato com a gente. A partir disso, faremos uma visita, dando as orientações e levando um frasco para colher esse leite na casa dela”, destacou Fabiana Passos.
Como se tornar uma doadora
As mães interessadas em doar devem estar em fase de amamentação, ter boa condição de saúde e não tomar medicamentos contraindicados na amamentação, além de estar com os exames necessários em dia.
“A mulher não precisa vir presencialmente ao Banco de Leite. Ligando para o telefone 2737-7431, ela consegue fazer um pré-cadastro, receber todas as orientações necessárias e, dependendo do bairro, nós combinamos com ela o dia da coleta. Um medo que muitas mulheres têm é de que, se elas doarem, vai faltar para o bebê. Mas, na verdade não é isso. O peito é uma ‘fábrica’. Ou seja, não estoca o leite. Sendo assim, quanto mais estímulo essa mãe tiver, mais produção terá”, esclarece a coordenadora do Banco de Leite Humano, Fabiana Passos.
É importante ressaltar que o Banco de Leite também oferece apoio às mulheres com dificuldade da amamentação.
“Diferente do que muitas pessoas falam, a amamentação nem sempre é intuitiva. Inclusive, muitas mulheres têm dificuldades e não sabem a quem recorrer. Aqui, no Banco de Leite, disponibilizamos esse apoio às mães que estão com dificuldade na amamentação. Então, essa mãe pode comparecer ao Banco de Leite com o seu bebê que nossa equipe irá atendê-la e ajudá-la nessa fase tão importante”, finaliza.