O ano de 2018 termina, mas velhos problemas continuam sem solução para os hospitais Santa Casa de Misericórdia, Plantadores de Cana e Beneficência Portuguesa. Funcionários da Santa Casa não receberam o 13º salário deste ano. Nos Plantadores de Cana, ainda não foram pagos a metade do 13º referente a 2017 e o 13º integral de 2018. Na Beneficência Portuguesa há, ainda, o agravante de os salários de outubro e novembro não terem sido pagos. A situação, por enquanto, não prevê solução para quitar os débitos com a folha de pagamento e também com alguns fornecedores, pois há vários serviços terceirizados nos hospitais.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Empregados da Saúde de Campos, Carlos Morales, o Hospital Beneficência Portuguesa tem em torno de 600 funcionários, e a dívida com os trabalhadores é de cerca de R$ 4 milhões. O hospital deve o 13º terceiro salário de 2017 e 2018, além dos proventos de outubro e novembro deste ano. Um ato de repúdio à situação dos três hospitais está previsto para acontecer nos próximos dias, segundo o sindicalista.
Na noite de quinta-feira (27), em assembléia, o Sindicato dos Empregados da Saúde de Campos informou que entrará com uma ação civil pública coletiva contra a Beneficência Portuguesa reivindicando o pagamento aos funcionários. De acordo com o presidente do Sindicato, Carlos Morales, a entrada na ação será no primeiro dia útil após o retorno do recesso do Poder Judiciário. “A proposta partiu do jurídico do próprio sindicato e aceita pela categoria”, contou Morales.
Beneficência Portuguesa
A reportagem entrou em contato com a direção do Hospital Beneficência Portuguesa por email e por telefone. A denúncia do Sindicato dos Empregados da Saúde de Campos não foi negada nem confirmada pela direção que ainda não se posicionou oficialmente. Uma funcionária que secretaria o diretor Jorge Miranda comentou por telefone estar surpresa com a informação de que o hospital deve salários e 13º salário atrasados.
Santa Casa
O provedor da Santa Casa de Misericórdia de Campos, Manoel Corraes Neto, confirmou o atraso do décimo terceiro salário de 2018 dos cerca de 650 funcionários do hospital. Há um ano à frente da instituição, o provedor disse que conseguiu resolver o pagamento do décimo terceiro salário referente a 2017, e que tem mantido os salários mensais relativamente em dia. “Não conseguimos pagar até o quinto dia útil de cada mês. Geralmente, pagamos por volta do vigésimo dia”, informou.
Manoel Corraes Neto disse que não há previsão de quitar o décimo terceiro salário de 2018 por enquanto. Segundo ele, as despesas da Santa Casa são enormes com folha de pagamento e cumprimento de obrigações com fornecedores. Mensalmente, a Santa Casa recebe da Prefeitura de Campos repasses do governo federal de R$2 milhões, além de R$1 milhão da complementação municipal. Só a folha de pagamento gira em torno de R$1,3 milhão.
“Dependemos de repasses da Prefeitura. Há um processo judicial para receber em torno de R$8 milhões do governo municipal referentes a despesas não pagas por gestões passadas. Dependemos da decisão da Justiça, mas também estamos procurando um empréstimo junto ao BNDES para quitar débitos com funcionários e fornecedores. A partir de janeiro, em nosso site, iremos divulgar com transparência todas as despesas do hospital”, disse Manoel.
Plantadores de Cana
A direção do Hospital Plantadores de Cana informou que tenta financiamento junto à Caixa Econômica Federal para pagar o décimo terceiro salário atrasado, já que os salários dos colaboradores estão em dia. A direção alega ainda que há uma dívida da gestão passada da Prefeitura de Campos, no valor de R$ 7 milhões, o que impossibilitou manter os compromissos em dia. Ainda de acordo com a direção, buscam-se entendimentos com a gestão atual em relação à dívida passada. A diretoria afirma que realiza esforços para que a situação possa ser resolvida e o pagamento seja realizado.
Prefeitura de Campos
Em nota, a Secretaria de Saúde de Campos informou que, “mesmo diante das limitações financeiras enfrentadas pelo município nos últimos dois anos, os repasses referentes aos anos de 2017 e 2018 estão rigorosamente em dia, tanto os recursos federais quanto os complementos municipais, sempre com o intuito de priorizar os atendimentos na área da saúde. A secretaria frisa que não há nenhuma dívida da atual gestão com os hospitais. A prefeitura vem mantendo o diálogo junto às unidades contratualizadas”, concluiu.