











As placas de identificação de ruas no Centro de Campos dos Goytacazes estão desaparecendo. Seja pela ação do tempo, por ventanias recentes ou pela falta de manutenção, a sinalização urbana reflete traços de abandono. Em diferentes pontos da área central, a reportagem encontrou placas corroídas, apagadas, tortas, quebradas ou totalmente ausentes — além de postes amassados, enferrujados e até derrubados.
Na esquina das ruas 21 de Abril e Teotônio Ferreira de Araújo, o vento forte da última quarta-feira (10) derrubou um poste que já apresentava danos antigos. O equipamento sustentava uma placa do modelo branco, aquelas que, além de indicar o nome oficial e o CEP, também registram o nome histórico da via. Em outro ponto, no cruzamento da Rua Lacerda Sobrinho com Tenente Coronel Cardoso, a situação é ainda mais confusa: não há identificação de rua, não há número de CEP e sobra apenas uma placa antiga, no modelo azul tradicional, já desgastada e praticamente ilegível.
Na Avenida 15 de Novembro, onde um dos trechos é também identificado como Avenida Nelson de Sousa Oliveira, há placas danificadas, contribuindo para a desinformação em uma área onde muitos moradores ainda se guiam pelos nomes antigos das vias. No cruzamento com a Praça das Quatro Jornadas, outro exemplar desgastado reforça o cenário de descuido.
Moradores e comerciantes relatam episódios frequentes de pessoas perdidas, entregadores desorientados e dificuldades em serviços de entrega e atendimento. Na Rua Lacerda Sobrinho, a vendedora Lorrany Batista admite ausência e problemas com placas de identificação. “É bem necessário, porque muitas vezes as pessoas não sabem o nome da rua e ficam perguntando. E isso dificultou bastante. Eu mesma sou péssima para saber nome de rua. A placa ajudaria muito. Mas aqui neste momento não tem como”, conta.
Confusão entre nomes novos e antigos
A agente de combate a endemias Rosimery Xavier conta que a falta de placas não só confunde moradores, mas também atrapalha profissionais que dependem da identificação urbana para trabalhar. “Sentimos muita falta. A maioria da população não sabe o nome das ruas porque muitas mudaram de nome. As pessoas ainda usam os nomes antigos. Eu mesma levei uma senhora até uma farmácia porque ela estava perdida no miolo do Centro. Sem placa, ela não sabia onde estava. Isso precisa ser recuperado, como era antigamente.”
A troca de nomes ao longo das décadas faz parte da história do município — a Avenida Alberto Torres, por exemplo, já foi a tradicional Rua da Constituição. Por isso, modelos de placas que informam tanto o nome atual quanto o antigo se tornaram ferramentas de preservação da memória local. Para a historiadora Graziela Escocard, o problema vai além da simples identificação de vias. Ela ressalta que a sinalização urbana também serve como ferramenta de preservação cultural:
“A sinalização de ruas não é apenas um detalhe urbano. No Centro de Campos, ela cumpre dupla função: preservar a memória da cidade e garantir que moradores e visitantes possam circular com segurança e autonomia. Quando placas e postes estão danificados, não só a mobilidade é prejudicada, mas também a identidade e o cuidado com o patrimônio histórico se fragilizam.”
Em nota, a Prefeitura informou que o Instituto Municipal de Trânsito e Transportes (IMTT) está realizando um mapeamento completo da necessidade de reposição de placas em toda a cidade. Os pontos citados pela reportagem constam no levantamento. Após a conclusão do estudo, segundo o órgão, serão tomadas as medidas administrativas necessárias para a reposição e recuperação da sinalização.