Política brasileira não vai fechar o livro de infortúnios. Mas pode ser um passo
Sem entrar no mérito, Bolsonaro fora de cena abre espaço para uma nova liderança
Desde 2014 País não se livra de sacolejos que incluem impeachment e prisão de 2 presidentes


Se o ex-presidente Jair Bolsonaro fez jus ao desfecho que finalmente vai chegando ao fim é objeto que só a História irá esclarecer. E se esclarecer. Isso porque, como tantas outras passagens turbulentas da política nacional, quase nada foi ‘desvendado’ com o selo de ‘acima de qualquer dúvida’.
A questão-Bolsonaro ainda deverá ter algum desdobramento. Onde vai ficar preso. Se alguma revelação ainda vier à tona. Anistia. Um presidente de direita a partir de 2027 ou qualquer coisa na linha do imprevisível.
Mas em termos presentes, prevalecem o desconforto entre os poderes com o governo Lula seguindo em permanente quebra de braço com o Congresso. A economia sem rumo e sem qualquer sinal de melhoria. Despesas públicas fora de controle, serviços essenciais inoperantes e crime organizado alargando as ações delituosas.
Mais de 30% dos brasileiros endividados e sem perspectiva de reversão, com o PT-governo caminhando para ser o mais deficitário dos últimos 30 anos. Ainda assim e com tudo isso, a figura de Bolsonaro (sem considerar juízo de valor), tem sido o fator mais desagregador da política e seus contornos desde a eleição de 2022. De lá para cá, o Brasil – já no fio da navalha – perdeu muito do pouco equilíbrio que lhe restava.
Dezembro
Quando nada, o Brasil inicia o último mês de 2025, o mês do Natal, aparentemente fechando um capítulo. Necessariamente não significa que estará pondo um ponto final no roteiro – mas uma possibilidade.
O presidente Lula, sem cumprir as promessas que fez em 2022, lançou-se como pré-candidato na eleição do próximo ano e fechou a porta a qualquer postulante de esquerda. De fato, não abriu sequer uma janelinha para ninguém. Salvo pelo imponderável, vai disputar a reeleição. Hoje, seria favorito. Mas hoje não é daqui a quase um ano.
Pela direita, os nomes mais prováveis são o de Tarcísio de Freitas e Michelle Bolsonaro. As chances de um terceiro são, em tese, mínimas. De toda forma, o favorito de hoje pode não ser daqui a 15 dias 3, ou 6 meses.
Como no futebol, o gol pode surgir no último minuto da prorrogação, mudar o placar e tirar a taça de quem já a tinha em mãos. E uma fração do eleitor muda o voto até quando se vê defronte da urna eletrônica.




Cabe esclarecer que a página não tem como homenagear todos que completam 1, 2 ou 3 anos de morte, visto que exigiria volume enorme de matérias relativamente aos que faleceram.
Seria iniciativa relevante, mas impraticável face à escassez de espaço. Em Campos, ao longo de 2024 e de anos anteriores, figuras com valiosos serviços prestados à cidade morreram.
No caso do médico-ortopedista e cirurgião Francisco Lacerda, até por motivos de ordem pessoal do autor (com quem muito aprendeu e muito tem a agradecer) reproduz-se, em forma de homenagem, registro de matéria publicada em novembro do ano passado, quando veio a falecer.
Francisco Almeida Lacerda morreu em Vitória (ES), onde se recuperava de uma segunda cirurgia na coluna, tendo a primeira ocorrido há uns seis anos, em São Paulo.
Deixa um histórico de quase 60 anos dedicados à medicina e os conhecimentos de incansável estudioso da profissão que lhe conferira singular reputação.Deu os primeiros passos na Santa Casa, tendo percorrido os principais hospitais e clínicas de Campos, com destaque para a Beneficência Portuguesa e Álvaro Alvim.
Fundador e um dos proprietários da Clínica Santa Helena, atuou, ainda, como médico e diretor-clínico do Hospital Dr. Beda. Benemérito do Americano – uma de suas paixões –, foi um dos secretários de Saúde mais vanguardistas e competentes do município, cargo que exerceu no governo Sérgio Mendes.
Sua gestão foi responsável por importantes avanços na Saúde Pública de Campos, quer na questão organizacional quer, principalmente, no atendimento ao público.
Nos aproximamos há cerca de 25 anos por conta de ter saltado alguns degraus de escada, na praia, com o corpo ‘besuntado’ de bronzeador. Resultado: fratura o tornozelo. Lacerda recomendou cirurgia. Era o mais prático. Mas cedeu aos meus apelos e ficou 3 meses me tratando com método conservador: “Você me fez recuar 30 anos na Medicina” – dizia. Nascia ali uma amizade que muito me honrou.
De elevada cultura, o homem de aparência sisuda era, na verdade, uma pessoa sensível e afável. Com seu Jeep Bandeirantes, era frequentador assíduo do pantanal, o que fazia dele um cosmopolita à frente de seu tempo com um olho no mundo rural.
A Medicina perdeu uma de suas referências. Eu, um amigo