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Amor, cuidado e aprendizado na Casa Nicola Albano

Residência de apoio já acolheu 64 mães de bebês internados na UTI Neonatal e Pediátrica em um ano

Solidariedade
Por Ocinei Trindade
16 de novembro de 2025 - 0h47
Equipe multiprofissional do Centro Nicola Albano celebra um ano da casa de apoio à mães de bebês prematuros (Fotos Silvana Rust)

A Casa Nicola Albano, residência de apoio às mães de bebês prematuros e recém-nascidos internados na UTI Neonatal e Pediátrica do Centro Nicola Albano, em Campos dos Goytacazes, completou um ano de funcionamento. A unidade foi criada em 13 de novembro de 2024 para oferecer hospedagem, alimentação e apoio emocional a mães que acompanham os filhos em tratamento, muitas delas vindas de cidades distantes. Durante esse primeiro ano, 64 mulheres foram acolhidas no local, permanecendo por diferentes períodos, de acordo com o tempo de internação dos bebês. A médica neonatologista Laura Dias idealizou a criação do espaço.

Um dos dormitórios da Casa Nicola Albano

“O mais importante é que elas puderam estar perto dos seus filhos. E, por estarem próximas, conseguiram amamentar. Os bebês saíram da UTI com um índice mais alto de aleitamento materno, o que os protegeu durante a internação e continuará protegendo depois, fortalecendo o vínculo criado nesse período. Atendemos crianças de 46 cidades diferentes. Quando proporcionamos que essas mulheres fiquem perto dos filhos, o amor cresce, a responsabilidade cresce. A intenção é que elas aprendam cuidados fundamentais com esses recém-nascidos. A tranquilidade de terem onde dormir, comer, tomar banho e se sentirem acolhidas faz toda a diferença. Esse acolhimento é sentido e transmitido”, ressaltou doutora Laura, diretora do Centro Nicola Albano UTI Neonatal e Pediatria.

Dra. Laura Dias

Para a médica, o trabalho desenvolvido pela Casa vai além da assistência imediata e reflete valores humanos fundamentais. “Ela representa solidariedade, amor ao próximo, voluntariado e vontade de ajudar. A iniciativa é filantrópica e depende de apoio social para continuar funcionando. As mães que acolhemos são pessoas que, em sua maioria, não têm onde ficar na cidade e enfrentam dificuldades socioeconômicas. Por isso, a sociedade precisa olhar com mais atenção para essa população — que já enfrenta tantos desafios e ainda tem um filho doente, muitas vezes com uma condição que vai acompanhá-lo por toda a vida”, completou.

Cuidados especiais para mães e filhos

Desde março, a assistente social Júlia Pires atua na Casa Nicola Albano, acompanhando de perto mães de bebês internados na UTI Neonatal e Pediatria do Centro Nicola Albano. “Convivo com elas diariamente e percebo, a cada dia, a importância da Casa — um espaço onde se sentem acolhidas e podem descansar. A rotina da UTI é muito puxada, e admiro essas mães, que abrem mão da própria vida para cuidar dos filhos.”

Assistente social Julia Pires

Gabriela Laurindo, da cidade de Cantagalo, é mãe de Maria Cecília, nascida em fevereiro. Desde então, está hospedada na Casa enquanto a filha recebe cuidados na UTI Neonatal. “Tem me ajudado bastante”, resume. Durante nove dias, o filho de Noêmia Manhães precisou ficar internado. Ela mora em São Francisco de Itabapoana e teve que permanecer em Campos para ficar perto do bebê. “O Heitor nasceu em setembro e está ótimo. Só tenho a agradecer à equipe do hospital e da Casa, onde fiz amizades. Fui muito acolhida por todos”, conta.

Dra.Vera Marques faz palestra para mães na Casa Nicola Albano

A médica pediatra e neonatologista Vera Marques refletiu sobre os desafios da prematuridade, principal causa de mortalidade infantil no país. “No Brasil, cerca de 340 mil crianças nascem prematuras por ano — uma em cada dez. É um número que exige atenção e cuidado. O trabalho da equipe multiprofissional envolve não apenas os bebês, mas também suas mães. De certa forma, a mãe também vive uma ‘prematuridade’. O papel da Casa Nicola Albano é cuidar também da dor dessas mulheres, que enfrentam um luto simbólico ao não levarem o bebê para casa logo após o nascimento. Promovemos o uso do método Canguru, que estimula o contato pele a pele entre mãe e bebê ainda na UTI. Esse contato fortalece o vínculo e contribui para o desenvolvimento. Que este mês seja um tempo de reflexão sobre o cuidado integral e a qualidade de vida dessas crianças”, concluiu.