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Comodidade com atenção redobrada

Bicicletas elétricas estão no auge de popularidade, e seus perigos também

Campos
Por Nelson Nuffer
9 de novembro de 2025 - 0h05
Números|Acidentes envolvendo bicicletas elétricas seguem em alta (Fotos: Silvana Rust)

Velozes e silenciosas, as bicicletas elétricas estão em alta e a cada dia é possível vê-las se multiplicando pelas ruas de Campos, trazendo mais tecnologia e comodidade para a mobilidade urbana, mas também novos desafios para a segurança no trânsito. Dados do Hospital Ferreira Machado (HFM) mostram que os acidentes envolvendo ciclistas, sem distinção entre os modelos convencionais e elétricos, se mantiveram altos nos cinco primeiros meses do ano, com 432 registros, sendo maio o pico de atendimentos, com 108.

Para o professor e instrutor de trânsito do Sest/Senat, Eduardo Lugão, a popularização desses veículos é um fenômeno nacional. “Por ser um veículo leve e fácil, muitas pessoas se sentem encorajadas a conduzir. Infelizmente, a maioria dessas pessoas sem nenhuma noção da legislação de trânsito e conhecimento da direção defensiva, tornando o trânsito extremamente perigoso”, alerta.

Pedro Borges

Perigos diários e invisíveis
Com a crescente no número de bicicletas elétricas, quem sente essa mudança na pele é o auxiliar jurídico Pedro Borges, que utiliza uma bicicleta comum para seus deslocamentos diários. Para ele, a tecnologia não é o problema, mas a falta de preparo. “Eu acho que se houvesse educação e política pública não seria um problema. Eu já quase fui tombado por uma dessas na ciclovia da Av. 28, porque elas não fazem barulho e passam a mil e não têm onde andar. O espaço que o ciclista comum tem, que já é pouco, se torna menor ainda”, relata.

Thaynara Souza

A advogada Thaynara Souza está no lado dos que adotaram a tecnologia. A escolha foi feita pelo lado financeiro, mas, mesmo como adepta das bicicletas elétricas, ela enxerga os problemas. “Eu estava pensando em pegar uma Biz ou uma moto elétrica, mas o custo com licenciamento, IPVA, gasolina não compensaria para mim no momento. Essas bicicletas têm a possibilidade de desbloqueio, então acaba que muita gente exerce a velocidade maior do que deveria”, critica.

Thaynara também comenta sobre o espaço compartilhado. “Acaba que não tem muito espaço no trânsito, então se invade o espaço do outro. Eu acredito em uma regulamentação, principalmente daquelas de porte maior, que acabam usando também a ciclofaixa ou a ciclovia para poder andar. Eu uso a ciclofaixa, mas evito usar a ciclovia”. Consciente das novas regras que entram em vigor em 2026, ela confirma que, apesar de já possuir a CNH, não precisa fazer ajustes no veículo. “A minha não vai precisar emplacar, porque ficou dentro do padrão do que vai ser exigido”, conta.

Educação e fiscalização
Em nota enviada para à reportagem do J3News, o Detran-RJ destaca que a segurança viária é preocupação constante. “O departamento realiza campanhas educativas de conscientização com frequência, sempre dando ênfase a motociclistas, ciclistas e pedestres, com distribuição de material educativo e palestras em escolas e empresas”, pontua o órgão, que ressalta que a regulamentação e fiscalização das bicicletas elétricas é competência das prefeituras.

Nesse caminho, o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) informou que prepara uma campanha e nova sinalização voltada especialmente para ciclomotores, bicicletas elétricas e equipamentos autopropelidos (patinetes elétricos, skates elétricos e bicicletas elétricas).

Novas regras em 2026
“Precisaríamos passar por um processo de reeducação para que o trânsito se torne mais seguro”, defende o instrutor Lugão. Para acelerar esse processo educativo, mudanças significativas chegam na virada do ano.  A partir de 1º de janeiro de 2026, entra em vigor o prazo final para que os ciclomotores (elétricos ou a combustão) estejam devidamente registrados, licenciados e emplacados, exigindo de seus condutores habilitação de, no mínimo, categoria ACC.

Já as bicicletas elétricas e os equipamentos de mobilidade individual autopropelidos permanecem dispensados desses requisitos. A circulação nas ciclovias e ciclofaixas para esses veículos mais leves não é proibida em nível nacional, mas está sujeita à regulamentação de velocidade que caberá aos municípios estabelecer. O uso de capacete, já obrigatório para ciclomotores, segue como um dos mais importantes itens de segurança e recomendados para todos os usuários.