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Após 11 anos, a Cultura volta ao Palácio

Espaço reinaugurado durante o 6º Festival Doces Palavras será a casa definitiva da Fundação Cultural, da Biblioteca Municipal e do CETEC

Clube J3news
Por Nelson Nuffer
9 de novembro de 2025 - 0h02
Fotos: Silvana Rust

O Palácio da Cultura reabriu as portas na última quarta-feira (5), após 11 anos fechado para reformas. A reinauguração aconteceu junto da 6ª edição do Festival Doces Palavras (FDP!), que aconteceu no espaço até este domingo (9). Mais do que o fim de uma longa espera, a reabertura marca o recomeço para instituições que estavam sem sede própria, além do retorno da Biblioteca Municipal Nilo Peçanha, desativada há uma década.

A saga pela reabertura do Palácio da Cultura foi longa e conturbada. O J3News noticiou ao longo dos anos as diversas fases, desde a paralisação das obras e embargos judiciais até discussões sobre a destinação do espaço. Com a revitalização, foram criadas e reformadas salas administrativas, espaço de atendimento, sala de reuniões, mini-auditório e áreas destinadas a coworking. A biblioteca, com seção infantil, e um espaço para exposições também integraram as intervenções. O novo projeto contempla mais usos do espaço de formas inovadoras para o lazer, com uma pista de caminhada que contorna a estrutura.

Solenidade|Reinauguração aconteceu no dia 5 de novembro
Fernanda Campos

“É muito gratificante conseguir reabrir esse espaço, realizando um sonho da comunidade campista. Tenho certeza de que será muito bem frequentado por quem ama cultura, literatura e tecnologia”, destacou o prefeito Wladimir Garotinho, adiantando ainda que o será implantado o cinema popular no novo Palácio da Cultura.

A sensação de retorno à casa é destacada pela presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Fernanda Campos. “Voltar para casa, traz um gás muito maior pra gente, um fôlego novo”, disse. Ela revela que a ideia de reinaugurar o espaço durante o Festival Doces Palavras surgiu em reuniões de planejamento e foi abraçada pelo prefeito, Wladimir Garotinho. “Acatou e falou ‘vamos fazer junto’, e está sendo um sucesso”, conta.

Carlos Augusto Alencar (Foto: Nelson Nuffer)

Para o presidente da Academia Pedralva de Letras e Artes (APLA), Carlos Augusto Alencar, a reabertura é uma grande conquista. “Esses mais de dez anos que nós ficamos sem o Palácio da Cultura foi muito ruim para as instituições. Não fosse a atitude de alguns heróis da cultura, muitas teriam fechado ou teriam graves consequências para a sua existência”, afirma Alencar, que viu a Pedralva ter que se abrigar no Museu Histórico de Campos para realizar suas reuniões.

“A comunidade cultural de Campos merece esse espaço. O Palácio da Cultura aberto significa a volta de instituições para cá, significa espaços que podem ser usados para exposição, palestra, cursos, enfim, voltados à cultura”, comemora.

Ronaldo Júnior (Foto: Nelson Nuffer)

Nova missão do Palácio da Cultura
Ronaldo Júnior, presidente da Academia Campista de Letras (ACL), reflete sobre a “lacuna enorme” que a ausência do equipamento causou nos movimentos culturais da cidade ao longo dos últimos 11 anos. Ele também aponta para o duplo desafio que aparece para o Palácio: resgatar as memórias afetivas dos campistas mais antigos e, ao mesmo tempo, criar novas referências para uma geração que nunca frequentou o local. “Como vamos criar novas memórias com novos campistas que ainda não tiveram essa oportunidade de vir aqui? Acho que isso é muito por meio da mídia, do boca-a-boca, das memórias, de falarmos sobre esse espaço, de nos apropriarmos dele”, pontua.

Para Ronaldo, o Festival Doces Palavras cumpre um papel simbólico crucial nesse processo de reapropriação. “O Festival acaba cumprindo uma função maravilhosa, que é de ocupar, simbólica e factualmente, um Palácio da Cultura que tenha esse desafio, essa dimensão da identidade daqui pra frente”, diz.

O dia seguinte ao FDP!
Com o encerramento do Festival Doces Palavras, se levanta a pergunta sobre a rotina do Palácio da Cultura. A presidente da FCJOL adianta que os próximos dias serão de muito trabalho e anuncia a publicação de um edital de chamamento para ocupação do Salão de Artes. “Nós vamos ter atividades culturais, esportivas”, enumera Fernanda Campos.

Um dos principais pontos da reabertura do Palácio da Cultura é o retorno da Biblioteca Municipal Nilo Peçanha, que já está funcionando com um programa de doação de livros para recompor seu acervo. “A Biblioteca Municipal está aberta, inclusive com um programa já de doação de livros, então quem puder e quiser doar livros para nova configuração da biblioteca, a gente já está recebendo esses exemplares”, convida.

Carlos Augusto Alencar reconhece que a biblioteca volta “ainda debilitada”, mas enxerga isso como um ponto de partida essencial. “É alguma coisa, e nós temos que começar, mesmo que voltando muitas casas, mas agora temos um caminho de novo. O Palácio da Cultura nos dá esse caminho”, comenta.

Novidade
Outra novidade é a convivência no mesmo espaço com o Centro de Educação, Tecnologia e Ciência (CETEC), vinculado à Secretaria Municipal de Educação, e seus programas, o Mais Ciência, Mais Ciência na Escola e StartUp Campos, além da Escola de Formação de Educadores Municipais. Fernanda Campos garante que a divisão será sinônimo de colaboração, e não de fragmentação. “A gente está dividindo esse espaço, mas não é um espaço repartido, no sentido de ser excludente, muito pelo contrário. Nós vamos ter muitos e muitos momentos de trabalhos conjuntos, de projetos que unam a educação, a cultura, a tecnologia e a ciência”, explica.