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Distorção das ideologias esquerda/direta e consequências 200 anos depois (I)

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
7 de outubro de 2025 - 17h22

Ao título acima caberia acrescentar ‘estupidez’ – típica expressão que evito usar por acha-la relativamente grosseira, apesar de não ser nenhum ‘palavrão’. Acompanho, neste particular, observação – salvo engano – do jornalista Alberto Dines, para quem o texto genérico, de notícia ou de opinião – explicativo ou interpretativo – deve ser adequado ao leitor de qualquer idade. Em outras palavras, que não seja démodé, ultrapassado e mesmo ridicularizado ao de 16 anos, mas também não agrida culturalmente os que já viveram muitas décadas a mais. Não se trata de norma rígida – longe disso. Mas opção pessoal.

Hoje, em tempos de Internet, de redes sociais, cujos textos em sua maioria mal escritos servem para caluniar, agredir, ofender, disseminar ódio etc., a citação mais acima caiu em completo desuso. Mas, por não me guiar por modismos tolos, que como vêm, vão, fico no meu cantinho e evito o risco de dar as mãos ao obtuso.

Direita/Esquerda – Num resumo estreito e superficial, de tema que já preencheu um sem número de volumosas obras, o desconhecimento do porquê, de como foi inspirado e como surgiu, reside grande confusão entre direita e esquerda – orientações políticas nascidas na França do final do século 18, que contemplavam opiniões e comportamentos antagônicos.Em linhas gerais, os políticos chamados de direita defendiam o liberalismo econômico, eram conservadores, monarquistas, nacionalistas e contrários a mudanças. Já os afinados com a esquerda, compunham o grupo dos liberais, progressistas, socialistas, social democratas e ávidos por transformações.

Reafirma-se aqui, são noções ‘diminutas’ que retratam uma época de grande turbulência na França, embrião revolucionário dos ‘direitos humanos’ e da Revolução Francesa.

Importante registrar que nada constante dos documentos históricos é absolutamente certo ou errado. Há vácuos, frestas, pontas soltas e informações desencontradas que nos mostram um registro rudimentar, não por acaso compreendidos por historiadores de maneiras distintas. Exemplo significativo está no fato de que para muitos não é correto dizer que 1789 ‘foi o ano da Revolução Francesa’, mas uma consequência de inúmeras revoltas e lutas que não obstante tenham convergido para esta data, foi concluída uma década mais tarde.

Cadeiras na Assembleia – Os termos “direita” e “esquerda” surgiram durante a Assembleia Nacional, demarcado pelo posicionamento físico de seus membros: à direita ficavam os conservadores fiéis à Coroa e à manutenção das hierarquias. À esquerda os que pediam transformações em larga escala.

Manutenção x mudanças – De toda sorte, cabe salientar não haver dúvida de que o eixo da diferença de posicionamento político reside no enquadramento social, com a direita advogando pela preservação das tradições e da liberdade individual (ainda que esse conceito, àquela época e, de certa forma, em alguns países, até hoje) resulte em injusta desigualdade; enquanto os adeptos da esquerda lutavam por maior intervenção estatal na busca de promover a igualdade.

Distinção entre liberais e conservadores não é campo de guerra entre o bem e o mal

Por um erro de cálculo, o titular ‘estourou’ o espaço, principalmente nos 2 primeiros parágrafos, prejudicando o eixo da matéria.

Assunto que por si só já é sobremaneira abrangente, o detalhamento exagerado – não obstante interessante de ser explorado –, deslizou do foco resultando na falta de espaço para o desfecho. Daí que as mudanças ao longo do tempo, a ideologia distorcida para interesses eleitorais, o retrocesso de ver que ideais antagônicos foram deformados e transformados em batalhas entre o bem e o mal… enfim, o recuo civilizatório dando lugar, em pleno século 21, a regimes de exclusão, totalitários, com o retorno de grandes conflitos bélicos, etc. – precisaram ficar para a edição do próximo domingo, que precede a publicação no Site.