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Centro de Controle Operacional aliado na resolução de crimes

O sistema de monitoramento já auxiliou na educação de dezenas de ocorrências

Especial J3
Por Leonardo Pedrosa
5 de outubro de 2025 - 0h01
Tecnologia|Câmeras de monitoramento unem autoridades de segurança (Fotos: Silvana Rust)

O Centro de Controle Operacional (CCO) de Campos tem se consolidado como peça importante no combate ao crime e na gestão do trânsito. Em pouco mais de um ano de funcionamento, o sistema de monitoramento por câmeras de alta tecnologia já auxiliou na elucidação de dezenas de ocorrências e busca atrair comerciantes para integrar suas próprias câmeras à rede de vigilância.

Inaugurado em julho de 2024, o CCO está instalado no shopping Partage, às margens da BR-101, e funciona 24 horas por dia. O espaço reúne diferentes órgãos municipais e estaduais, como Guarda Civil, Defesa Civil, Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), Fiscalização de Posturas, Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal (PRF), garantindo troca de informações em tempo real. Segundo a Prefeitura, hoje são 240 câmeras espalhadas pela cidade.

Alta tecnologia|Sistema já auxiliou na elucidação de dezenas de ocorrências

Entre julho e setembro de 2025, o sistema ajudou a solucionar 40 crimes, segundo o prefeito Wladimir Garotinho. Entre os exemplos, está a prisão de um foragido identificado durante a Festa do Santíssimo Salvador por meio do reconhecimento facial, e a captura de um motociclista que circulava com veículo clonado após alerta integrado entre CCO, PRF e Polícia Civil.

Rodrigo Ibiapina (Foto: Rodrigo Silveira/Secom/PMCG)

Para o secretário municipal de Segurança e Ordem Pública, Rodrigo Ibiapina, a principal mudança foi a agilidade na comunicação, que permite um melhor direcionamento dos recursos. “Antes do CCO, cada órgão atuava com base em seus próprios dados. Agora, as forças de segurança passam a compartilhar em tempo real informações vitais na área da segurança pública, agilizando e otimizando a tomada de decisões e subsidiando o planejamento de ações operacionais. A administração municipal passou a atuar como um facilitador dessa união, fornecendo a infraestrutura e a governança para que a inteligência se transforme em ação rápida e coordenada. É a diferença entre ouvir sobre um incidente e enxergá-lo enquanto ele acontece, permitindo um direcionamento muito mais ágil e eficiente dos recursos”, afirma.

O CCO conta com 150 pontos de coleta de imagem padrão para ambientes abertos; 20 pontos com câmeras de longo alcance para coleta de imagem, com visão panorâmica, movimento multidirecional, zoom, rastreamento de ocorrência e gravação remota de imagens; 50 pontos com visão panorâmica de alta definição, com capacidade de interpretar letras e números e convertê-los em dados, interpretar placas de veículos, com zoom e inteligência artificial embarcada; além de 20 câmeras de reconhecimento facial. As câmeras instaladas nos semáforos inteligentes também estão integradas ao sistema do Centro Operacional.

A tecnologia, no entanto, não dispensa o olhar humano. E a capacitação continuada é uma das garantias para que o trabalho acompanhe a evolução do sistema. “A tecnologia é uma ferramenta poderosa, mas sem o olhar treinado dos nossos operadores, ela seria cega. São eles os verdadeiros vigilantes, os profissionais que interpretam os dados, identificam comportamentos suspeitos e orientam as equipes em campo. O treinamento é contínuo e obrigatório. Eles passaram por uma formação inicial para operar os sistemas. Investir neles é investir na eficácia de todo o sistema”, diz o secretário.

Relevância do modelo é reconhecida
As forças policiais solicitam as imagens, participam das análises e planejam operações a partir das informações que são geradas. Os delegados Ronaldo Cavalcante, da 146ª Delegacia de Polícia Civil (Guarus), e Carla Tavares, da 134ª (Centro), afirmam que o CCO virou uma ferramenta indispensável. O desafio agora é garantir que o sistema tenha continuidade.

Ronaldo Cavalcante (Foto: Josh)

“Criamos um vínculo direto com os diretores do órgão. Além da troca de informações, hoje temos um canal de comunicação rápido, até por grupos de mensagens, que nos permite acesso imediato às imagens. Isso já ajudou em investigações e até na prevenção, com alertas de veículos clonados e roubados. Isso tem ajudado significativamente nessa comunhão de esforços”, avalia Cavalcante.

Carla Tavares

“Conseguimos identificar e prender inúmeros autores de crimes, inclusive em flagrante delito. Isso é um ganho imenso para segurança pública e, consequentemente, para a população campista. Que o programa seja entendido e mantido como um programa de Estado e não apenas de Governo, assim conseguiremos perpetuar o que tem de melhor no CCO, que é a garantia de uma segurança pública integrada e de qualidade para a população”, destaca Carla.

Diogo Sant’Ana (Foto: Arquivo Pessoal)

O CCO também realiza a fiscalização de trânsito por meio de videomonitoramento, em conformidade com o Conselho Nacional de Trânsito. O especialista em segurança pública e mestre em Desenvolvimento Regional Diogo Sant’Ana ressalta que, além de gestão do tráfego, as câmeras contribuem diretamente para a redução da violência.

“É bastante relevante destacar a importância desse forte monitoramento, não só na redução de infrações de trânsito, mas também no reconhecimento do papel no qual ele vem desenvolvendo em relação à segurança pública, tanto na prevenção quanto no combate aos crimes. É crucial o trabalho conjunto do poder publico junto às polícias para que haja um maior aproveitamento de toda essa sistemática e melhor aproveitamento da tecnologia e de toda essa dinâmica”, diz.

Busca por integrar comerciantes
Outro passo agora é ampliar a participação da sociedade. A Prefeitura de Campos abriu diálogo com comerciantes e moradores na tentativa de integrar câmeras particulares ao sistema do CCO. A ideia é ampliar a cobertura das áreas sem custos adicionais para o poder público, criando uma rede de colaboração capaz de reduzir vulnerabilidades e aumentar a sensação de segurança no Centro e nos bairros.

“Nossa abordagem é baseada no diálogo. Mostramos que a integração transforma a câmera individual de cada ambiente em um elo de uma grande rede de proteção coletiva. As pessoas precisam se enxergar não apenas como contribuintes, mas como agentes fundamentais da segurança da sua própria comunidade e do seu ambiente”, explica Ibiapina.

Na visão dos delegados, essa participação é estratégica. “Por mais que o município expanda o monitoramento, nunca terá a capacidade necessária para estar o monitoramento em todos os locais ao mesmo tempo. O comerciante tem imagens que poderiam ajudar muito, mas também pode ficar constrangido de ceder a imagem por de alguma forma se sentir coagido pela criminalidade local. A partir do momento que o Estado entra nesse circuito, ele perde esse medo, porque é o município que estaria ali”, reforça o delegado. “E com essa adesão [de comerciantes] por meio de câmeras instaladas nesses locais, a área de abrangência das câmeras ficaria infinitamente maior e a cidade muito mais protegida e monitorada”, completa Carla.

Com essa expectativa de expandir a rede com a adesão de lojistas e de dobrar o número de câmeras, o CCO se projeta como “os olhos que enxergam além das ruas”. Segundo Ibiapina, o CCO deixou de ser um “projeto da prefeitura” para se tornar uma ferramenta operacional das polícias.

“Os números revelam que o modelo foi absorvido, é confiável e, acima de tudo, que está dando mais efetividade ao trabalho daqueles que arriscam a vida nas ruas. A confiança se mede pelo uso, e o uso, hoje, é intenso e constante”, completa.