A Avenida 28 de Março vive com fluxo intenso de trânsito ao longo de seus sete quilômetros de extensão.Apesar da presença de câmeras de monitoramento e sinais inteligentes, a via ainda é palco da atuação de imprudência que causa uma série de acidentes. Ao longo do mês de setembro, o J3News noticiou diversas ocorrências de colisões e capotamentos, e até casos mais absurdos, como um carro trafegando pela ciclovia durante a madrugada.
De acordo com o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), de janeiro a maio de 2025 foram registrados 145 atropelamentos, 212 acidentes automobilísticos, 402 acidentes ciclísticos e 1.114 acidentes motociclísticos no mesmo período.
Para o instrutor de trânsito Eduardo Lugão, o comportamento de risco acontece devido a uma “falsa sensação de impunidade” por parte dos motoristas. “Culturalmente o brasileiro acha que a obediência às leis é subserviência, criando uma resistência a seguir normas e determinações”, analisa. Questionado se fatores como a condição das ruas influencia, Lugão confirma. “Sim, a má conservação de algumas vias e a falta de sinalização contribuem para o aumento de acidentes, mas devemos considerar que o principal responsável por evitar os acidentes, são os condutores”.
Através de nota, o IMTT informou que a via passou por recapeamento e recebeu nova sinalização nos últimos anos, além da instalação de novos dispositivos para a maior segurança de condutores e ciclistas.
Semáforos inteligentes
Desde 2023, a Prefeitura de Campos implantou semáforos inteligentes na Av. 28 de Março com o objetivo de melhorar a mobilidade e segurança. Lugão explica que, inicialmente, a tecnologia inibiu as infrações, mas o efeito foi passageiro. “Ao perceber que essa fiscalização não está gerando as infrações e, consequentemente, as multas, [o condutor] volta a ter um comportamento inseguro”, relata.
O IMTT defende que houve uma “diminuição considerável” no número de acidentes, num comparativo entre o ano passado e o mesmo período neste ano, com uma redução de cerca de 25% dos registros que somam atropelamentos e acidentes de carros, motos e bicicletas. Mas, apesar dos dados, os casos de desrespeito no trânsito da cidade ainda chamam atenção. “Os números de autos de infração caíram drasticamente de 2024 para 2025. Uma redução de praticamente metade se compararmos os números de janeiro a agosto do ano passado e deste ano”, comenta o presidente do IMTT, Álvaro Oliveira.
Um ponto crítico da questão é a convivência entre carros e ciclistas. Apesar da ciclovia sinalizada e com barreiras físicas, invasões por automóveis são frequentes. Comandante Levino, da Guarda Civil Municipal, enxerga que a responsabilidade é compartilhada. “Infelizmente, quando o condutor deixa de ter a atenção necessária para garantir a segurança dele e dos demais, ele acaba causando esses acidentes”, afirma. Ele destaca que as ocorrências “sempre acontecem por conta de falta de atenção ou por infração de trânsito”. O IMTT reforça que, através da Central de Monitoramento de Trânsito, são observados casos de imprudência, negligência, distração, excesso de velocidade e conversão proibida, sendo todas essas, situações que poderiam ser evitadas.
