O Fisiocentro, do Grupo IMNE, em Campos dos Goytacazes, oferece tratamentos especializados para dores agudas e crônicas. A fisioterapeuta Simone Nolasco detalha os tipos de dor mais comuns, suas causas, prevenção e os procedimentos utilizados para alívio e reabilitação. Este tema é abordado na reportagem especial do J3News, “Dor aguda e crônica: quando procurar ajuda” (leia aqui). Nesta entrevista, são destacadas as ações propostas pela terapia para tratar a dor.
Quais são os tipos de dor mais comuns atendidas em sua clínica?
Atendemos dores lombares, no pescoço e ombros, dores articulares, cefaleias tensionais e enxaquecas, fibromialgia, dores pós-cirúrgicas e dores neuropáticas. A dor lombar é muito prevalente, podendo ser aguda ou crônica, geralmente relacionada à má postura, esforço excessivo, hérnias de disco ou problemas musculares. As dores no pescoço e ombros são comuns em pessoas que passam longos períodos sentadas, apresentando posturas inadequadas ou sofrendo estresse, incluindo torcicolo, cervicobraquialgia e tendinites. As dores articulares, em joelhos, quadris ou punhos, estão frequentemente associadas à osteoartrite, artrite reumatoide, lesões esportivas ou sobrecarga. Cefaleias tensionais e enxaquecas podem ser aliviadas pela fisioterapia, que atua na dor muscular e na tensão. A fibromialgia, por sua vez, é uma síndrome de dor crônica generalizada em que a fisioterapia desempenha papel importante no manejo dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida. Dores pós-cirúrgicas recebem suporte para recuperação e controle da dor, enquanto dores neuropáticas, como ciática ou queimação, podem ser gerenciadas com técnicas específicas de fisioterapia.
Como diferenciar dor aguda de dor crônica, e por que isso é importante no tratamento?
A dor aguda geralmente dura menos de três meses e é sinal de que algo está errado, muitas vezes associada a uma lesão específica, como fratura ou entorse. Ela é intensa, localizada e responde bem ao tratamento da causa subjacente. O foco do tratamento é resolver a origem da dor, promover a cicatrização e evitar que se torne crônica, sendo geralmente mais curto e direto. A dor crônica persiste por mais de três meses, mesmo após a causa original ter sido tratada ou curada. Nesse caso, a dor em si se torna a doença, e fatores psicossociais, como estresse, ansiedade e depressão, desempenham papel importante. Ela pode ser constante ou intermitente, muitas vezes difusa, afetando humor, sono e função. O tratamento da dor crônica busca gerenciar os sintomas, melhorar a função e a qualidade de vida, sendo multidisciplinar e de longo prazo, envolvendo fisioterapia, medicamentos e apoio psicológico, entre outros.
Como a avaliação do paciente é feita antes de iniciar o tratamento?
A avaliação é detalhada e individualizada. Inicia-se com uma anamnese completa, incluindo histórico da dor, quando começou, intensidade, irradiação e fatores que agravam ou aliviam o quadro. Também são considerados histórico médico, cirurgias, uso de medicamentos, alergias, estilo de vida, ocupação, hobbies e nível de atividade física, além das expectativas e objetivos do paciente em relação à fisioterapia. Em seguida, é realizado exame físico detalhado, observando postura, marcha, assimetrias, inchaços e coloração da pele, seguido de palpação para identificar pontos de dor, tensão muscular, alterações de temperatura e edemas. Avalia-se amplitude de movimento ativa e passiva, testes específicos para identificar estruturas lesionadas, função muscular, sensibilidade e reflexos, quando pertinentes. Testes funcionais mostram como a dor impacta atividades do dia a dia, como agachar, levantar os braços ou caminhar. Questionários e escalas ajudam a quantificar dor, incapacidade funcional e qualidade de vida.
Quais exames ou testes complementares ajudam a definir o tratamento mais adequado?
Exames de imagem, como radiografia, ressonância magnética, tomografia e ultrassonografia, podem auxiliar, assim como eletroneuromiografia para avaliar nervos e músculos, exames laboratoriais em casos de dores inflamatórias ou metabólicas e densitometria óssea para diagnóstico de osteoporose. A interpretação desses resultados é sempre feita junto à avaliação clínica e em parceria com o médico assistente, garantindo segurança e eficácia no tratamento. Muitas dores não exigem exames de imagem para iniciar a fisioterapia.
Quais técnicas fisioterapêuticas são mais eficazes para o controle da dor?
As técnicas incluem terapia manual, com mobilizações articulares, manipulações, liberação miofascial e massagem terapêutica, além de cinesioterapia, que fortalece músculos, alonga estruturas encurtadas e melhora coordenação e equilíbrio. A eletroterapia, com TENS e correntes analgésicas, e a termoterapia, utilizando calor para relaxamento e frio para reduzir inflamação, também são amplamente empregadas. Liberação miofascial, agulhamento a seco e bandagens terapêuticas auxiliam no relaxamento muscular, desativação de pontos-gatilho e suporte articular. A educação em dor ajuda a desmistificar crenças e capacitar o paciente a gerenciar os sintomas.
Como a fisioterapia contribui para reabilitação e prevenção de dores futuras?
A fisioterapia promove alívio da dor, restauração da função, reeducação postural, fortalecimento muscular, aumento da flexibilidade e mobilidade, prevenção de lesões e capacitação do paciente para autogestão.
Quais avanços ou tecnologias recentes têm auxiliado no tratamento da dor?
Entre os avanços estão realidade virtual e aumentada para reabilitação lúdica e terapia de exposição, sensores de movimento e wearables para monitoramento de postura, aplicativos e telemedicina para acompanhamento remoto, ondas de choque, terapia a laser, ultrassom terapêutico, biofeedback e plataformas de força e equilíbrio que permitem avaliação e treinamento direcionado.
Que hábitos e cuidados diários podem ajudar a reduzir ou prevenir dores musculoesqueléticas?
Manter postura correta ao sentar, ficar em pé ou dormir, realizar atividade física regular, cuidar da ergonomia no trabalho, usar técnicas adequadas de levantamento de peso, controlar o peso corporal, alimentar-se bem, hidratar-se, gerenciar o estresse e evitar tabagismo são medidas essenciais para prevenção.
Qual a importância do fortalecimento muscular, alongamento e postura correta no combate à dor?
O fortalecimento estabiliza articulações, distribui cargas, melhora a função e previne desequilíbrios. O alongamento aumenta a flexibilidade, alivia tensão muscular, melhora circulação e previne encurtamentos. Manter postura correta alinha articulações e coluna, reduz sobrecarga, melhora a eficiência do movimento e previne desequilíbrios.
Como o acompanhamento fisioterapêutico impacta na autonomia e qualidade de vida do paciente?
O acompanhamento contínuo reduz a dependência de analgésicos e de terceiros, promove o retorno às atividades, melhora o bem-estar psicológico, aumenta mobilidade e flexibilidade, previne complicações e otimiza a performance, garantindo mais autonomia e qualidade de vida integral. O acompanhamento fisioterapêutico é essencial para saúde pública, com impacto biopsicossocial tanto no tratamento quanto na prevenção da dor.
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