O Museu Histórico de Campos recebe a exposição “Kitanda”, que lança luz sobre a herança dos povos de língua do tronco bantu na formação sociocultural do Brasil. A mostra reúne trabalhos dos artistas Huriah e Murilo DoMeio e busca provocar reflexão sobre a importância desse legado, muitas vezes subestimado na história oficial.
Embora cerca de 75% dos africanos escravizados traficados para o Brasil fossem de origem bantu, sua influência foi historicamente minimizada em comparação a outros grupos. A produtora-executiva Ianani Dias, mestre em desenvolvimento regional pela UFF, lembra que essa presença foi determinante para a formação cultural do país e, em especial, do Norte Fluminense:
“Nossa região recebeu muitos dos escravizados vindos da África. A exposição é um convite a enaltecer e valorizar esse componente central da nossa identidade sociocultural”, destacou.
A mostra ocupa o segundo andar do museu, em um espaço inédito para instalações. Entre os elementos abordados estão a influência bantu na língua portuguesa, com palavras como “samba”, “moleque”, “quilombo” e “bunda”, além da forte presença na culinária nacional, com ingredientes como quiabo, fubá e feijão fradinho.
O legado bantu também se reflete na religiosidade brasileira, em manifestações como o Candomblé de Nação Angola, a Umbanda, o jongo e as congadas. A exposição evidencia ainda a cosmovisão desse povo, celebrando sua resiliência e vitalidade na contemporaneidade.
“Kitanda” é realizada pela Marimba Produções, produtora cultural que atua na execução de projetos com impacto social e econômico. Em 2025, a empresa alcançou a marca de 13 projetos patrocinados por editais estaduais e municipais.