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Campos vai devolver responsabilidade da Saúde ao Estado por falta de cofinanciamento

Prefeito Wladimir Garotinho anuncia que município deixará de atender pactuações de outras cidades e aponta crise no sistema de regulação estadual

Saúde Pública
Por Monique Vasconcelos
8 de julho de 2025 - 16h14
Wladimir Garotinho/Foto: Josh/J3news

Em meio a uma grave crise no sistema público de saúde, o prefeito de Campos, Wladimir Garotinho, anunciou em entrevista ao J3news, nesta terça-feira (8), que o município vai devolver ao Governo do Estado a responsabilidade pelo atendimento regionalizado de saúde. A decisão será formalizada na quarta-feira (9) durante reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), fórum que reúne representantes das secretarias de Saúde do estado e dos municípios.

“Como atender a região sem o cofinanciamento estadual de saúde? Impossível. Por isso, vamos entregar e devolver amanhã essa responsabilidade nas mãos do Estado”, declarou o prefeito.

Segundo dados do IBGE, de Prefeituras e de Câmaras Municipais da região, Campos está em último lugar no ranking regional de orçamento público por habitante, e por conta disso o gestor municipal afirma que isso torna inviável manter os atendimentos pactuados com outras cidades sem a contrapartida financeira do governo estadual.

Campos teve um orçamento aprovado pelas Câmaras em 2025 de R$2.805.389.864,00, o que dá um R$ 5.405,26 por habitante. São João da Barra e Quissamã, por exemplo, têm um orçamento de mais de R$ 20 mil por habitante.

A decisão deve impactar inclusive os atendimentos de emergência classificados como “vermelhos”, considerados casos de risco iminente de morte. “Hoje temos a reunião do Conselho Municipal de Saúde e vamos comunicar que amanhã estaremos devolvendo as pactuações de atendimentos a todas as cidades. Inclusive para emergência vermelha”, afirmou Wladimir.

Falta de regulação e comunicação

O prefeito também criticou a falta de regulação conjunta e transparência no envio de pacientes de outras cidades para unidades de saúde de Campos. “Hoje eles regulam pacientes pra cá e a prefeitura sequer é informada. Na hora que precisamos de vaga para o campista, não temos a vaga”, afirmou.

O gestor municipal destacou que o município não tem como sustentar o atual modelo de atendimento regional, que sobrecarrega os serviços locais e consome recursos sem o devido apoio do Estado.

Entenda o caso

O prefeito Wladimir Garotinho publicou um vídeo no dia 1º nas redes sociais se queixando da suspensão de repasse de verbas da Secretaria de Estado de Saúde para o cofinanciamento do governo estadual e prefeituras. Ele acusou o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, de “covarde” e de querer prejudicar os serviços de saúde na cidade.

No dia 23 de junho, foi publicada no Diário Oficial a suspensão do repasse na gestão do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, enquanto cumpria mandato de governador em exercício, na licença de Cláudio Castro.

Em carta enviada na segunda-feira (30), o prefeito de Campos dos Goytacazes, alertou Castro para o risco de colapso no sistema de saúde do município caso o Estado não assuma suas responsabilidades no cofinanciamento da média e alta complexidade.

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