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Sangrias que matam o Paraíba

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Opinião
Por Redação
8 de junho de 2025 - 0h01
Foto: Silvana Rust

Uma das coisas que colocava Campos em destaque no mapa como região produtiva, e destaca-se neste contexto o áureo ciclo da cana-de-açúcar quando o município chegou a ser o maior produtor de açúcar do país, era a segurança hídrica, garantida pelo Rio Paraíba do Sul, que nasce em São Paulo e deságua no oceano atlântico, em São João da Barra.

Mas nos últimos 50 anos, o termo “insegurança hídrica” passou a ganhar volume na mesma proporção em que o leito do Paraíba foi emagrecendo. Tudo isso resultado de sangrias realizadas no seu curso para abastecer megacidades como São Paulo e Rio de Janeiro.

Para se manter plantando cana, é necessário irrigação artificializada, o que antes era praticamente natural, com o Paraíba abastecendo toda a rede de canais secundária, levando águas para as terras da Baixada Campista.

Alertar sobre isso não é fazer tempestade em copo d’água. Ambientalistas alertam sobre isso há pelo menos quatro décadas, desde que a captação da represa de Funil foi aumentada na barragem Santa Cecília. O volume de água foi, dessa forma, se afunilando.

Os efeitos colaterais dessas intervenções são percebidos em exemplos diversos, sendo o mais notado deles, o avanço do mar no Pontal de Atafona, balneário de São João da Barra. Com o Paraíba perdendo a força, o mar vai ganhando espaço nessa briga e não há rochedo capaz de segurá-lo.

Assunto de destaque nesta edição do J3 News merece atenção das autoridades em todos os níveis, o que significa elevar o nível do debate na mesma proporção em que o nível da água encolhe.