A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) protocolou, na segunda-feira (2), uma carta na Prefeitura de Campos questionando os impactos econômicos da portaria que proíbe o tráfego de caminhões com mais de quatro eixos no perímetro urbano da cidade.
O documento, assinado pelo presidente da entidade, Francisco Roberto de Siqueira, demonstra uma “preocupação sobre os impactos econômicos da medida e coloca a Firjan à disposição para colaborar para os entendimentos na solução da questão”, diz a carta.
Na mesma data, a Prefeitura iniciou oficialmente a fiscalização da norma, publicada em 27 de fevereiro no Diário Oficial, e assinada pelo presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), Álvaro Oliveira. Segundo a administração municipal, a decisão de reforçar a medida ocorre diante da falta de cumprimento, por parte do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Rio de Janeiro (DER-RJ), do acordo firmado com o município. Entre os pontos descumpridos estão a liberação da RJ-238 (Estrada dos Ceramistas) dentro do prazo previsto e o recapeamento de vias alternativas, como havia sido comprometido oficialmente.
Na carta protocolada, a Firjan reconhece as dificuldades enfrentadas pela gestão municipal, especialmente com a interdição prolongada da Estrada dos Ceramistas. No entanto, alerta que a decisão pode provocar prejuízos relevantes à economia local e regional.
“A medida afeta principalmente os cerca de 12 mil caminhões que mensalmente acessam o Porto do Açu, cuja operação é fundamental não apenas para Campos, mas para todo o estado do Rio de Janeiro. Sem alternativas viáveis de tráfego, esses veículos são obrigados a transitar pelo município, sendo penalizados com a nova restrição, o que comprometerá rotas logísticas estratégicas e poderá afastar investimentos”, diz a carta.
Carta completa:
PrezadoPrefeito,
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – Firjan, por meio de sua Regional Norte Fluminense, vem, mais uma vez, manifestar preocupação com a decisão recentemente comunicada por meio do Ofício Circular nº 012/2025, que determina a proibição da circulação de veículos com mais de quatro eixos nas vias urbanas de Campos dos Goytacazes a partir do dia 2 de junho de 2025, com exceção daqueles que tenham como destino empresas situadas no município.
Reconhecemos os desafios enfrentados pela Prefeitura, em razão da interdição prolongada da RJ-238 (Estrada dos Ceramistas). No entanto, a adoção de medida como esta pode gerar impactos negativos para a economia local e regional.
A indústria é um dos principais fomentadores da economia de Campos dos Goytacazes e de todo o Norte Fluminense. A região representa a quarta maior economia do estado do Rio de Janeiro, com um PIB de R$ 26,4 bilhões, dos quais 58% provêm da atividade industrial. Somente Campos dos Goytacazes responde por mais de 53% desse PIB regional e abriga importantes polos industriais nos segmentos de petróleo e gás, construção civil, alimentos e bebidas, metalmecânico, máquinas e equipamentos e agroindústria, gerando mais de 62 mil empregos diretos.
A medida afeta principalmente oscerca de 12 mil caminhões que mensalmente acessam o Porto do Açu, cuja operação é fundamental não apenas para Campos, mas para todo o estado do Rio de Janeiro. Sem alternativas viáveis de tráfego, esses veículos são obrigados a transitar pelo município, sendo penalizados com a nova restrição, o que comprometerá rotas logísticas estratégicas e poderá afastar investimentos.
Ressaltamos também o impacto sobre a indústria ceramista, uma das mais tradicionais da região, que emprega cerca de 3 mil trabalhadores e produz cerca de 60 milhões de peças por mês. Atualmente, de 4 a 5 mil caminhões circulam mensalmente ligados a essa atividade, sendo que, aproximadamente,25% são forçados a atravessar o centro de Campos, devido ao fechamento da RJ-238, e 10% trafegam com mais de quatro eixos.
A Firjan tem mantido também contato com o DER no sentido de solicitar uma alternativa viável para liberação da RJ 238 com maior brevidade possível e assim reduzir os impactos trazidos pelo trânsito pesado ao centro da cidade.
Nos colocamos, como sempre, à disposição para colaborar com o poder público na busca de alternativas equilibradas, que conciliem a preservação da infraestrutura urbana com a continuidade das atividades econômicas que sustentam o desenvolvimento do estado do RJ.
Reiteramos nossa estima e consideração, e a disposição permanente para o diálogo construtivo.