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Brasília afunda o Brasil. Economia e política descem ladeira sem freio

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Guilherme Belido Escreve
Por Guilherme Belido
3 de junho de 2025 - 17h13

O governo do presidente Luíz Inácio Lula da Silva acaba de completar a metade do mandato e, salvo pelos petistas que não querem enxergar a realidade do Brasil, trocando os fatos pelas narrativas que lhes convém, nada avançou neste País na seara política e tampouco na agenda econômica.

Não se vai aqui traçar o quadro de dois anos e meio, visto que precisaria de dois anos e meio de páginas, umas coladinhas nas outras. Então, num resumo de resumo, nada prosperou. Com 38 ministérios, o governo não se entende. É desorganizado, incompetente e não dá um passo à frente sem que em seguida dê dois atrás.

E mais: a administração federal, além de não se entender dentro do próprio governo – o ‘fogo amigo’ come solto no Planalto – há sérias discordâncias entre o PT e os nomes fortes da União. Logo, a ‘coisa’ fica estreita.

Economia
O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) é o mais recente exemplo desse descontrole. O ministro Haddad – que, coitado, precisa arranjar dinheiro para cobrir as despesas nababescas do governo, cujas viagens são marcadas pelas mais numerosas comitivas e hospedagens nos hotéis mais luxuosos – precisou recuar mais uma vez. E o IOF – lembremos – é apenas o mais recente dos imbróglios, porque o Arcabouço Fiscal, desfigurado, ficou pelo caminho.

E não se trata apenas das despesas imperiais, digo, presidenciais. Trata-se de ajuste para que o Brasil consiga conter os gastos públicos, que se moldam acima da arrecadação.

Quem comanda? – Então, fica a pergunta: não é o presidente que dá a última palavra em economia? Se faz o certo, por que a inflação está em alta? Por que os alimentos não param de subir? Por que os juros estão na estratosfera? Por que os segmentos varejistas, industriais e de serviços fecham mais unidades do que abrem?

A essa altura do campeonato não dá mais para desviar a ‘coisa toda’ usando Bolsonaro. O ex-presidente está inelegível e, ao que tudo indica, sua condenação está na próxima esquina. Nesse aspecto, o repertório de Lula está minguando. Ou será que ele não vê que já nos próximos dias terá menos tempo de governo à frente do que o tempo decorrido?

A Câmara
O deputado Arthur Lira, um dos mais influentes parlamentares, declarou que Haddad vai “sofrer para defender o IOF dentro do governo e do Câmara”. Lira também classificou como inaceitável que o Congresso não tenha sido consultado antes do anúncio da medida.

E não ficou só nisso. Também o presidente da Câmara, Hugo Motta, afirmou que Lula teria que participar da discussão sobre o aumento do IOF advertindo, ainda, que se o governo recorrer ao STF, será “um caminho equivocado”.

STF
O Supremo cuida dos temas mais urgentes, que não podem aguardar decisão, mas, prioritariamente, de julgar os acusados de tramar um golpe de Estado e atentar contra os prédios da Praça dos Três Poderes no fatídico 8 de janeiro. Reside aí a atenção da Corte: julgar os réus acusados pela PGR e lhes imputar duras penas. A Cabeleireira Débora Rodrigues é exemplo ‘didático’: foi condenada a 14 anos de prisão por pichar a Estátua da Justiça. E não dá para não enxergar que o ministro Alexandre de Moraes quer a condenação de todos os envolvidos dentro do teto de tempo permitido pela legislação. Suas exaltações contra as testemunhas Gomes Freire e Aldo Rebelo põem os pingos nos is.

Pegue seu Banquinho

Já há muito a ministra Marina Silva deveria ter pego seu banquinho e saído de fininho. Em 2008, demissão no governo Lula. Depois, candidatura à Presidência em que acabou apoiando Aécio. No governo atual, são vários os exemplos de isolamento. Em eleição interna na Rede Sustentabilidade, foi derrotada. Enquanto isso, as queimadas na Amazônia continuam intensas.

Por último, o barraco na audiência do Senado, em que bateu boca, apontou dedo e acabou ouvindo do senador Marcos Rogério que “essa é a educação da ministra. E acrescentou: “Me respeite, ministra, se ponha no seu lugar”.

Independente de quem tem ou não razão, Marina subiu a voz, quase gritou, interrompeu os senadores, levantou-se e saiu da sessão. Não é o que se espera de uma ministra de Estado.

Mais uma pérola

Desde o início do governo Lula da Silva, praticamente não passa uma semana sem que a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, não faça um de seus preciosos comentários e deixa o governo numa saia-justa. Pior que deixar o governo, é deixar o Brasil em situação delicada. E ‘delicada’, na maior parte das vezes, é eufemismo.

Por óbvio, Janja dá seguidas demonstrações de não saber a liturgia do que seja o papel valioso de primeira-dama. Mas papel valioso não se confunde com intromissões e busca incessante de holofote.
Semana passada a Comissão de Relações Exteriores cobrou do governo fala de Janja sobre regulação de redes na China, considerando o comentário “grave ameaça”.

Ao quebrar o protocolo e se dirigir a Xi Jinping, Janja falou em “regulação” das redes sociais – leia-se censura. Ora, o Brasil que se apresenta como defensor implacável da democracia, passou a se associar com governos de partido único, autocratas e ditatoriais? Vamos ser ‘amigos’, também, da Coreia do Norte?

Para Bolsonaro, só ‘nova’ anistia

Na medida em que avançam os depoimentos do processo no STF que julga a suposta trama para um golpe de Estado, organização criminosa armada e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, entre outros, a situação do ex-presidente Bolsonaro vai se desenhando para uma condenação.

Não obstante as testemunhas de defesa do ex-presidente neguem a participação de Bolsonaro, as de acusação vão ao encontro da denúncia da PGR e, por óbvio, o STF deverá entender pela condenação.
Logo, uma vez frustrada a primeira tentativa de anistia na Câmara, uma segunda tramita a passos lentos e não há informação de que a oposição terá argumentos fortes para emplacar o projeto de anistia. Por outro lado, como nada estará resolvido antes de setembro – o que já é um prazo bem curto – até lá algo de novo poderá surgir. Mas, à luz do que projeta a realidade, Bolsonaro não se livra.