Para ela, todo cuidado é pouco e foi cuidadosamente que há cinco anos montou a Inovar, que se tornou uma grande cooperativa de enfermeiros, técnicos de enfermagem, cuidadores de idosos e outros profissionais da área de saúde.
Hoje a Inovar com sede em Campos está presente em sete municípios da Norte/Noroeste fluminense, sendo que em breve passará a atuar na cidade do Rio de Janeiro. Tudo isso graças ao empreendedorismo da enfermeira Roberta Gordo.
Gerando 550 empregos, a Inovar tem sido referencia em cooperativa de saúde e, fazendo jus ao nome, tem inovado em tudo com uma fila de projetos em andamento.
Há quanto tempo existe a cooperativa e em quantos municípios ela atua?
Nós estamos no mercado há cinco anos e hoje a gente atende as regiões Norte e Noroeste do Estado. Campos, Bom Jesus do Itabapoana, Itaperuna, Macaé, Silva Jardim e Quissamã, são as cidades nas quais a gente está atendendo no momento.
E existe um projeto de expansão?
Sim, a gente já está traçando e desenhando esse projeto. É provável que nos próximos dias passemos a atender a cidade do Rio de Janeiro. Então, a gente relutou um pouco para sair do nosso eixo. Mas agora, com uma proposta que surgiu, é bem provável que a gente assuma um relevante serviço dentro da cidade do Rio de Janeiro, um desafio em todos os sentidos para a nossa cooperativa.
Quantos empregos a cooperativa gera hoje?
Atualmente são 550 oportunidades de trabalho que a gente tem gerado. E, de fato, hoje a grande engrenagem da cooperativa é formada por técnicos de enfermagem e enfermeiros. A gente tem fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, mas hoje a maioria são técnicos de enfermagem, enfermeiros e cuidadores idosos. São eles a nossa força motriz.
Você falou em cuidadores idosos. As pessoas estão vivendo mais. É uma demanda grande nesta área. Isso é fato?
Tem sido uma demanda assustadora no bom sentido da palavra. A gente não esperava que fosse um nicho a desenvolver de uma forma tão rápida, porque todos os dias a gente acaba recebendo pedidos disso, orçamento na cooperativa, quatro, cinco por dia. Então digo que não esperávamos o crescimento desta demanda com tanta velocidade. Quando fundamos a cooperativa, o foco principal era atender as empresas da atenção domiciliar e os hospitais. E, de repente, fomos surpreendidos com essa demanda de cuidadores idosos. Mas posso dizer que estamos nos saindo muito bem, com muito treinamento, profissionalismo e responsabilidade.
Neste processo já existe essa área de assistência paliativa?
Sim. Olha o que estamos fazendo: à medida que a gente vai recebendo esses orçamentos e entregando-os, as famílias vão nos comunicando qual é o quadro que aquele paciente se encontra. E alguns desses pacientes já estão em cuidados paliativos. Os nossos cooperados estão sendo preparados dentro da própria cooperativa, porque nós temos um centro de treinamento e um laboratório. Então tudo aquilo que é novo, que está acontecendo no mercado, os nossos professores trazem para a cooperativa para que a gente possa preparar, atualizar profissionalmente esse cuidador ou técnico de enfermagem. É assim que a gente tem feito com os nossos profissionais.
Você falou em treinamento contínuo. Como isso acontece?
Mensalmente nós oferecemos um treinamento para cada cidade. Aqueles que são de Campos, fazem esse treinamento dentro da nossa sede, no nosso laboratório e dentro da nossa sala de aula. As outras cidades que estão longe da sede são assistidas da seguinte maneira: adquirimos um veículo e transportamos todo o material necessário para fazer esse treinamento nesta cidade, locando espaços físicos apropriados. Com isso, esse profissional é treinado permanentemente. No final, mês a mês, ele vai se capacitando, porque todos os dias acabam surgindo tecnologias novas, doenças novas, então precisamos estar atentos, na medida em que a gente vai recebendo novas informações. Através dos cursos vamos repassando essas informações para o cooperado. Então, a gente tem um calendário no qual o treinamento acontece em Itaperuna, em Bom Jesus, em Macaé e, assim, em todas as cidades onde estamos presentes.
Você falou sobre técnicos de enfermagem, enfermeiros, fisioterapeutas. Vocês pensam na possibilidade de empregar a psicologia também?
A gente tem já o serviço de psicologia, mas é um serviço que ainda está sendo pouco explorado. A comunidade na qual estamos inseridos ainda não entendeu que a cooperativa pode oferecer esse serviço de psicologia. A gente tem um psicólogo, ele faz tanto as consultas online quanto as consultas presenciais. Hoje, a maioria está optando por online, mas a gente tem esse serviço sim. A cooperativa hoje só não tem o serviço médico.
Vamos insistir na questão da geração de empregos. A cooperativa é uma incubadora de postos de trabalho?
Se nós formos pensar que cada paciente demanda quatro profissionais por conta de comprimento de lei e das horas de trabalho, é uma grande empregadora. Porque um paciente hoje exige quatro profissionais. Então, se temos hoje em torno de 70, 80 pacientes sendo atendidos pela Inovar em todas essas cidades, você tem uma ideia dos empregos gerados. E aí a gente vê que é uma demanda que ainda tende a crescer. Recebemos currículos diariamente. Pessoas que vão até a sede da cooperativa, mas infelizmente, nesse momento a gente ainda não conseguiu abraçar todos. Nossa intenção é que os contratos venham, que sejam contratos que a gente possa expandir para dar oportunidades. Mas hoje posso afirmar que a gente gera empregos sim e extremamente profissionalizados.
O setor privado da medicina tem conjugado com vocês?
Está aí um grande desafio da cooperativa. Mostrar ao setor privado que nós podemos fazer negócios, que não existe nada que impeça o setor privado de contratar uma cooperativa. Nós temos dois parceiros hoje privados que conseguiram entender essa relação. E aí, na medida em que um começa, o outro vai entendendo que de fato é possível, que é legal, que não existe nada que burle a lei e aí a gente tem crescido. Mas ainda assim existe uma resistência e um medo, porque quando a gente fala de cooperativismo ainda é um pouco distante. Diferente para algumas pessoas. Algumas pessoas não conseguem entender o modelo de cooperativismo. E a gente precisa explicar, a gente precisa dizer quais são as leis que embasam o cooperativismo. Daí, o setor privado está começando a entender que somos um bom parceiro para trabalhar.
Fale de uma parceria com o setor privado.
Bem, dentro dessas parceiras do setor privado, tem o Grupo IMNE, e a diretora administrativa Martha Henrique foi a primeira executiva do setor que compreendeu bem essa proposta. Martha trouxe para a gente uma grande oportunidade. Foi a primeira oportunidade concreta que a Inovar teve de prestar serviços para uma rede hospitalar, uma rede hospitalar de grande relevância. E ela, com esse olhar, consegue ver todos os lados, consegue enxergar à frente, ela conseguiu entender que é possível lidar com cooperativo, trabalhar com cooperativo. Estamos há um ano prestando serviço para o grupo, graças a esse olhar, essa visão holística da Martha, que entendeu que o cooperativismo é o futuro. Porque, por exemplo, a gente está em 2025, ano que a ONU declarou como ano internacional das cooperativas. A ONU reconhece. E a Martha, sempre à frente do seu tempo, conseguiu ver isso.
Quais projetos que a cooperativa desenvolve nesse momento?
Nós temos alguns projetos, entre eles um projeto chamado Absorvendo Amor… é um projeto social da cooperativa, relacionado à pobreza menstrual. Assistimos essas meninas e mulheres que estão passando por um tratamento de dependência química. Entregamos absorventes nessas casas. Mas a gente também leva saúde, porque somos uma cooperativa de saúde. No dia da entrega, a gente geralmente leva um profissional da área de saúde para falar sobre sexualidade, higiene íntima, tudo aquilo que diz respeito à saúde da mulher. Fazemos uma pequena festa com refrigerantes e salgadinhos. Como se dizia, vale observar que todo cuidado ainda é pouco e a gente tenta dar o máximo.
Existe a possibilidade de que no futuro a cooperativa se torna uma escola?
Já pensamos muito a respeito disso. Já lançamos alguns projetos em cursos livres, injetáveis, primeiros socorros, e curso de cuidador de idosos, mas hoje eu vejo que a cooperativa vai caminhar para outro segmento. Acho que não entraremos nesta questão de didática. Precisamos manter o nível da qualificação dos nossos cooperados como top de linha. Vamos caminhar para outra vertente dentro de dois anos.
Qual?
Como a demanda por cuidadores de idosos está crescendo muito, a gente tem tido algumas famílias com algumas dificuldades em cuidar do seu ente, não por negligência, mas por conta dessa rotina do dia a dia. Então, estamos amadurecendo a ideia de termos não só a cooperativa, mas um lar de permanência. É o nosso projeto para o futuro, para que a gente pegue esse cuidador, que já é formado dentro da cooperativa e comece a trabalhar com ele no lar de permanência, onde possamos receber os idosos de forma permanente nesse novo empreendimento.