Rodrigo Lira – Doutor em política, professor e pesquisador do programa de doutorado em Planejamento Regional e Gestão de Cidades da Universidade Candido Mendes – O Brasil vive um novo ciclo promissor de investimentos no setor de energia. As projeções ultrapassam os R$ 3 trilhões até 2034, e apenas nos próximos quatro anos, mais de R$ 600 bilhões serão aplicados na área de petróleo e gás — sendo R$ 140 bilhões somente em 2025. A Petrobrás é a principal protagonista desse movimento, conforme aponta seu mais recente Plano Estratégico, e a melhor notícia para o Norte Fluminense é: a Bacia de Campos voltou ao jogo.
Durante anos, os chamados “campos maduros” foram deixados de lado sob o argumento da baixa produtividade. Agora, sob uma nova perspectiva tecnológica e estratégica, voltarão a receber investimentos expressivos, reacendendo as esperanças de geração de emprego, renda e desenvolvimento para a região.
O plano da Petrobrás estima a criação de 315 mil empregos diretos e indiretos em todo o país. No âmbito da Rede Petro – BC se especula, inclusive, a possibilidade de importação de mão de obra qualificada de países vizinhos para suprir tamanha demanda. Com boa parte dos investimentos e postos de trabalho concentrados no estado do Rio de Janeiro, a pergunta é inevitável: o que a região Norte Fluminense está fazendo para se preparar?
Recentemente, o prefeito de Macaé, Welberth Rezende, esteve em Campos a convite da CDL para apresentar o modelo de desenvolvimento de sua cidade. Em uma palestra robusta, detalhou projetos voltados para agricultura, indústria, comércio e mobilidade urbana — com destaque para a moeda social e o transporte público a R$ 1, além da criação de um ambiente favorável para negócios. A mensagem foi clara: é preciso agir agora para garantir um legado no pós-royalties.
Ao fim da apresentação, uma inquietação pairava entre os presentes: e Campos? O que estamos fazendo para não assistir, mais uma vez, o desenvolvimento passar à margem da cidade?
Não é de hoje que se cobra um planejamento estratégico de verdade para Campos. Comunicação eficiente e gestão do básico podem render aprovação temporária, mas não constroem futuro. A dependência crônica dos royalties e dos repasses federativos é uma armadilha. Já vivemos as consequências disso quando a cotação do petróleo desabou e mergulhamos em um cenário de retração e incerteza.
A janela de oportunidade está, mais uma vez, aberta — e não se sabe quando isso acontecerá novamente. Temos todas as condições para planejar o desenvolvimento de Campos com base em suas potencialidades já conhecidas e aproveitar ao máximo esse momento, gerando um legado consistente para as próximas gerações.
Enquanto Macaé faz seu dever de casa, Campos parece ainda estar esperando pela próxima crise.
Será que vamos perder mais uma oportunidade histórica?
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