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Acesso da BR-101 à ponte Alair Ferreira sem previsão

Prefeitura já iniciou desapropriação, mas condiciona intervenção à nova concessão da rodovia

Campos
Por Yan Tavares
17 de março de 2025 - 0h03
Percurso|Motoristas vindos do ES utilizam um percurso adaptado para seguir viagem (Foto: Silvana Rust)

O acesso à Ponte Alair Ferreira pela BR-101, através da Av. Estilac Leal, no Parque Santa Helena, em Guarus, segue sem previsão de início das obras. A Prefeitura de Campos alega que a intervenção está prevista para ser executada por meio do novo contrato de concessão da rodovia federal. No entanto, o governo municipal não informou à reportagem uma previsão de quando os trabalhos poderão começar.

A novidade, por outro lado, é que o processo de desapropriação já foi iniciado pelo município. A Prefeitura informou ao J3News que o terreno onde funcionava um ferro-velho (em frente a um posto de gasolina, próximo ao km 62 no sentido ES) já foi desapropriado. O local é apontado como principal obstáculo para veículos de grande porte acessarem a Av. Estilac Leal pela BR-101 e chegarem à ponte.

A ligação entre a rodovia e a ponte será viabilizada pela rua lateral (à esquerda) a esse terreno. Tornando-se uma extensão da BR-101, o percurso levará até o início da Av. Estilac Leal, que conduz até a cabeceira da ponte no lado de Guarus. A equipe de reportagem do J3 conferiu na última semana que quem passa pelas redondezas não nota esse avanço, uma vez que não há nenhuma sinalização do governo indicando a ocupação ou desobstrução do espaço.

Resta agora um segundo passo no que se refere à desapropriação neste trecho: a remoção de famílias e residências irregulares na rua lateral ao antigo ferro-velho. “Algumas residências estão cadastradas pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social e, de acordo com a orientação do prefeito, elas só serão removidas caso haja a efetivação das obras pelo Governo Federal, para não haver impacto social aos moradores”, declarou a gestão municipal.

Cenário atual
Hoje, os motoristas que chegam a Campos vindo do Espírito Santo e buscam seguir o trajeto para o Rio fazem o percurso por meio de uma adaptação que já dura 13 anos: os veículos descem da rodovia, seguindo pela Av. Souza Mota – passando em frente ao portão da Escola Estadual General Dutra – e acessam a ponte através da ligação pela rua Lindolfo Fraga. Recebendo alto fluxo de veículos pesados, a rua Lindolfo Fraga registrou inúmeros alagamentos após chuvas neste período. Uma casa no cruzamento entre as duas ruas teve o muro destruído algumas vezes.

Imbróglio da repactuação
Em novembro do ano passado, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou o processo de otimização do contrato da BR-101/RJ. Em dezembro de 2024, o Ministério dos Transportes informou ao J3News que o edital seria publicado até janeiro deste ano, com o leilão agendado para abril de 2025, na Bolsa de Valores de São Paulo.

Após questionamento da reportagem sobre o andamento do processo, o Ministério respondeu que, com a aprovação do TCU e os esclarecimentos e condicionantes do Termo de Acordo, em 12 de março de 2025, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicará em breve o edital do leilão, previsto para ocorrer em 26 de junho de 2025.

Em março de 2024, o prefeito Wladimir Garotinho apresentou reivindicações à Agência Nacional de Transportes Terrestres no que se refere à repactuação da BR-101. Entre os pontos solicitados, estava justamente a duplicação do trecho urbano da rodovia entre a Av. Estilac Leal e a rua Espírito Santo (descida da ponte Alair Ferreira na área central), com 2 km de extensão. Em maio do mesmo ano, a reivindicação foi reforçada em ofício enviado ao Ministério dos Transportes.

Especialista critica postura da Prefeitura
Urbanista, pesquisador de Mobilidade Urbana e Desenvolvimento Sustentável, Renato Siqueira, que já foi presidente do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) em Campos, acredita que é necessária uma atitude por parte da Prefeitura:

“Quando eu estava no IMTT, participei de uma reunião com o presidente da ANTT para apresentar a demanda, mas não havia plano de remoção para as famílias e a questão do ferro-velho estava sem definição. Se há esse avanço em relação a esse terreno, a Prefeitura precisa ser efetiva, liberando e pavimentando o trecho. O governo municipal precisa agir. Esperar pelo Governo Federal é não encarar o problema”, enfatiza.

Renato Siqueira (urbanista) – Foto: Arquivo J3News

O especialista chama atenção ainda para a urgência que envolve o tema:

“Por falta dessa conexão, há sobrecarga do tráfego rodoviário em vias onde há imóveis residenciais, que não têm infraestrutura para o tráfego pesado. Inclusive, neste trecho há uma escola estadual e outra federal, cujos alunos ficam expostos aos riscos de sinistro de trânsito. É uma conexão a ser priorizada em sua efetiva implantação, para que haja maior segurança para as pessoas que diariamente se arriscam ao longo do trecho”,