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Reforço contra nova epidemia de dengue

Diretor do CRD alerta para circulação do sorotipo 3 da doença

Campos
Por Nelson Nuffer (Estagiário)
16 de março de 2025 - 0h05
Atendimento|O CRD conta com uma estrutura adequada para diagnóstico e tratamento (Foto: Silvana Rust)

A epidemia de dengue que atingiu Campos dos Goytacazes e região em 2024 deixou todos os alertas ligados para o final do verão de 2025. Após um ano em que as arboviroses (dengue, zika e chikungunya) somaram mais de 20 mil casos no município, foram necessárias mudanças no Centro de Referência de Dengue (CRD), para que o município esteja preparado para a possibilidade de uma nova epidemia.

Localizado ao lado do Hospital Plantadores de Cana, na Avenida José Alves de Azevedo, o CRD é o principal ponto de atendimento para o diagnóstico e tratamento das arboviroses em Campos. Funcionando diariamente, das 7h às 18h, o centro conta com uma equipe multidisciplinar. “Aqui é um local em que a população confia. Quando há um quadro infeccioso, as pessoas vêm direto aqui e, quando não há epidemia, o atendimento é espontâneo. Aqui temos 8 médicos, 12 acadêmicos, 2 enfermeiros e, além dessa assistência, temos um laboratório e oferecemos internações com 12 leitos e UTI quando o caso é grave”, afirma Luiz José de Souza, diretor do CRD.

Com sintomas da dengue evoluindo desde a segunda-feira (10), a assistente administrativa Letícia Pedro procurou o CRD na última quarta-feira (12). “Tive dor nos olhos, vômito e diarreia. Com a piora dos sintomas, vim para o CRD. O atendimento foi muito bom, estou esperando o exame de sangue”, comenta Letícia.

Luiz José faz o comparativo com a situação das arboviroses em 2024 e a situação em 2025 e deixa o alerta para a possibilidade epidêmica. “Em 2023, choveu muito em setembro e outubro, e então a doença começou a se manifestar em janeiro e fevereiro, e em março já estava em situação epidêmica. Neste ano, não está chovendo muito, apesar do índice de infestação estar alto, tem muito mosquito, mas não está tendo muita frequência. A explicação disso é o sorotipo da dengue que está circulando, o sorotipo 2, que, junto com o sorotipo 1, já esteve por aqui sete vezes, e grande parte da população já se encontra imunizada. Quando você adquire um sorotipo, fica imunizado para o resto da vida, podendo ter dengue apenas quatro vezes”, diz.

Sobre a preocupação com a epidemia deste ano, o médico alerta para o sorotipo 3. “Ele esteve aqui em 2002 e 2003. Foi uma epidemia terrível, com casos graves, acometendo o fígado e o sistema nervoso central”, completa.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, Campos registrou, entre 1º de janeiro e 11 de março, 536 notificações apenas para dengue, com 154 casos confirmados. No mesmo período, foram registradas 52 notificações para chikungunya, com 30 casos confirmados. Durante o ano de 2024, foram 26.725 notificações para dengue no total, com 19.692 casos confirmados, quatro óbitos, e 1.797 notificações de chikungunya, com 1.459 casos confirmados e dois óbitos.

Apesar da comparação com o ano passado trazer bons índices, não se pode descuidar. “Como não está chovendo, os números estão estabilizados. Se voltarem as chuvas, e com a população circulando, principalmente com a Semana Santa, existe a possibilidade de epidemia. Geralmente, o pico ocorre em abril, maio e junho, mas estamos em alerta, com a equipe preparada”, diz Luiz José.