A situação das pessoas em situação de rua em Campos foi tema da reunião do Conselho Comunitário de Segurança Pública, realizada nesta quarta-feira (12), na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). O encontro reuniu representantes do legislativo, forças de segurança, Ministério Público e secretarias municipais para discutir os impactos sociais e a busca por soluções.
Entre os principais pontos abordados, destacam-se a necessidade de aumentar a vigilância na área central e nos bairros, o encaminhamento dessas pessoas para suas cidades de origem ou para atendimento especializado, além do reforço na atuação do programa Segurança Presente, que atualmente opera das 7h às 22h.
O Diretor de Assuntos Jurídicos e Econômicos do CDL, Adel Abourejeili, enfatizou a preocupação do setor comercial com a questão. “O papel do CDL é criar soluções e envolve tudo o que precisa para a sociedade e o setor comercial. Temos um problema na segurança envolvendo pessoas em situação de rua, tanto no Centro quanto nos bairros. Estamos reunindo ideias com as autoridades para encontrar soluções, e uma das ações que sugerimos é a ampliação do Segurança Presente para 24 horas”, afirmou. Também marcou presença o presidente da entidade, Fábio Paes.
O comandante do 8º Batalhão da Polícia Militar, coronel Arthur Barbosa, trouxe dados sobre a relação entre população de rua e criminalidade. “Cerca de 90% dessas pessoas são regressos do sistema prisional. A Segurança Presente faz abordagens diárias, encontra armas brancas e até mandados de prisão em aberto, mas pouco depois, elas estão de volta ao mesmo local. Temos que dar destino a essas pessoas e resolver o problema. Para uma solução definitiva, precisamos de um trabalho conjunto entre Polícia Civil, Ministério Público e Prefeitura”, destacou.
Outro ponto sensível discutido foi a ocupação de prédios abandonados, que têm servido de abrigo para essas pessoas, mas também se tornaram locais de risco para crimes como furtos e violência sexual. O Conselho Comunitário de Segurança Pública apontou ainda o aumento de furtos e assaltos no período em que o comércio está fechado.
“São muitas questões. Tem a abordagem, a família, quando tem criança, animais, então torna muito sensível. A questão dos lojistas também porque, de 22h às 5 da manhã tem ocorrido muito índice de furto, assalto. Tem a preocupação também com as universidades, já que após as 22 horas, o índice desses alunos também tem coincidido com esses assaltos. E a gente acredita que tem aumentado, tem ampliado, inclusive, essa população em situação de rua para bairros afastados do Centro”, disse o Presidente do Conselho Comunitário de Segurança Pública, Nilton Moulin.
A reunião também marcou a apresentação de um balanço da atuação das forças de segurança durante o verão e o Carnaval, além de novos investimentos em câmeras de monitoramento e busca por ampliação dos leitos do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). A discussão sobre o tema continuará em abril, em uma audiência pública na Câmara Municipal.
Atuação do governo municipal
A Subsecretária Adjunta Desenvolvimento Humano e Social, Grazielle Gonçalves, ressaltou as abordagens sociais feitas diariamente pela Prefeitura de Campos, além dos abrigos do município, entre eles o Manoel Cartucho.
As abordagens são feitas pela equipe do Centro Pop, que é a porta de entrada da população para a rede de assistência. Ao aceitar a ida para um abrigo, o assistido passa a contar com um espaço onde pode realizar refeições, higiene pessoal e ter um local seguro para guardar seus pertences. Também são oferecidos atendimentos com profissionais, como assistentes sociais, psicólogos e pedagogos, além de oficinas e cursos que auxiliam na independência e reinserção dos cidadãos na sociedade. O município conta com outros três abrigos: Casa de Passagem, Lar Cidadão e uma Organização da Sociedade Civil (OSC) cofinanciada pela Secretaria.