Já é hora de começar a pensar nas águas de março fechando o verão. As chuvas fortes e alagamentos que ocorreram na região Norte Fluminense, nos meses de dezembro e janeiro, mantiveram a Defesa Civil de Campos em estado de prontidão. Com a expectativa de um aumento nas chuvas intensas, o órgão adotou novas medidas para aprimorar o atendimento às emergências no município, entre elas, a atualização do Plano de Contingência Municipal. A versão 2025-2026 visa fortalecer o monitoramento, as ações preventivas e a atuação conjunta com outros setores da administração pública, além das concessionárias de serviços essenciais, como água e energia elétrica.
O plano foi elaborado com base em dados técnicos e no monitoramento de situações passadas, identificando riscos e vulnerabilidades nas áreas mais afetadas pelas chuvas. O objetivo é prevenir, intervir e controlar rapidamente as consequências dos desastres.
O plano segue um ciclo contínuo de gestão de riscos. Primeiro, adota medidas de prevenção para evitar novos riscos antes do desastre. Quando as chuvas se aproximam, são tomadas ações rápidas para reduzir os danos. Antes que as chuvas fortes causem estragos, também são feitas preparações para melhorar a resposta e minimizar os prejuízos. Durante ou depois de eventuais problemas, são aplicadas ações emergenciais para ajudar a população e retomar os serviços essenciais. Por fim, a recuperação é feita com estratégias para restaurar a normalidade, como reconstruir a infraestrutura e recuperar o meio ambiente e a economia.
O que mudou no Plano de Contingência atual
Uma das principais diferenças entre o plano atual e o documento 2023-2024 está na ampliação da estrutura de resposta e na inclusão de novos parceiros estratégicos . Agora, concessionárias como Águas do Paraíba e Enel participam ativamente do planejamento e execução de medidas preventivas e emergenciais.
Outra importante atualização foi no sistema de monitoramento, com a instalação de novos sensores pluviométricos e hidrométricos em áreas de risco, permitindo um acompanhamento mais preciso dos índices de precipitação e do nível dos rios e se tornando um dos eixos centrais do plano.
O novo plano também reforça o uso de redes sociais e plataformas digitais para a comunicação de alertas à população, além de estabelecer protocolos mais detalhados para evacuações e realocação de famílias em áreas de risco. O trabalho é realizado pelo Centro de Monitoramento de Desastres (CEMOD), que analisa previsões meteorológicas e dados hidrológicos diariamente.
Mapeamento de cenários vulneráveis
O plano de contingência também contém o mapeamento de áreas mais suscetíveis a impactos das chuvas, classificando os riscos em cinco categorias distintas: inundação, alagamento, deslizamento de solo/rocha, enxurrada e ameaças múltiplas.
A ameaça de inundação ocorre principalmente em áreas próximas ao Rio Paraíba do Sul, Rio Muriaé, Rio Itabapoana e seus afluentes. Também são adicionados à situação de risco, as áreas das três grandes lagoas do município: Lagoa Feia, Lagoa de Cima e Lagoa do Campelo.
Os alagamentos são resultados do alto volume de chuvas em um curto período de tempo, causando a sobrecarga do sistema de drenagem urbana. De acordo com o documento, Campos tem uma característica que favorece o alagamento, que é o seu relevo. Em um território com grande parte de seu núcleo urbano em uma planície, o escoamento natural foi comprometido com o desenvolvimento da cidade.
Os casos de deslizamento de solo/rocha que ocorrem em áreas com terrenos instáveis e ocupações irregulares são foco de monitoramento. De acordo com o plano, setores mais distantes do centro urbano têm maior concentração desta ocorrência. O crescimento desordenado das cidades têm contribuído para a ocupação de novas áreas de risco, principalmente pela população carente, em virtude da falta de políticas de habitação e ausência de fiscalização de orgãos competentes, segundo o documento.
As enxurradas em Campos do Goytacazes atingem regiões periféricas e áreas íngremes, onde o escoamento natural da água ocorre de forma acelerada, agravando os danos à infraestrutura e aumentando os riscos para a população local. Um dos pontos mais críticos é a localidade de Santo Eduardo, que enfrentou sérios problemas em março de 2024 devido à intensidade das chuvas.
Por fim, o Plano de Contingência especifica que as ameaças múltiplas são caracterizadas como casos onde ocorrem os diferentes tipos de forma simultânea, exigindo medidas complexas de resposta. O documento destaca que áreas como Morro do Coco, Santo Eduardo, Santa Maria, Conceição do Imbé e Morangaba (Rio Preto) possuem um histórico de eventos combinados, exigindo atenção redobrada das equipes de emergência.
Participação das concessionárias
Para auxiliar a prevenir e lidar com possíveis problemas causados pelas fortes chuvas e enchentes, a Enel e a Águas do Paraíba passam a ter uma posição mais ativa dentro do plano de contingência. Dessa forma, passam a participar da reunião do Grupo de Ações Coordenadas (GRAC) e atuar junto da Defesa Civil em casos de emergência.
A Enel, concessionária de energia elétrica do município, conta com um plano de contingência próprio, buscando o monitoramento constante para a prevenção de eventos climáticos extremos com respostas rápidas e efetivas.
“Para este verão, em toda a área de concessão da Enel Rio, foi implementado um esquema especial: adoção de novas tecnologias, intensificação dos investimentos em manutenção preventiva e reforço da capacidade da rede. Nas ações de prevenção, houve um crescimento de 66% de manutenções preventivas de 2023 para 2024. Na questão das podas de árvores e galhos, foram 41% a mais de um ano para o outro. Em 2024, foram executadas mais de 560.000 podas”, afirma a concessionária, por nota.
Em casos extremos, a Enel também afirmou contar com subestações móveis de acionamento remoto, e disponibiliza geradores que podem ser direcionados para unidades públicas de atendimento, como escolas e hospitais, em caso de emergência.
A Águas do Paraíba, responsável pelo abastecimento de água e esgotamento sanitário da cidade, destaca que o enxurradas em Campos do Goytacazes atingem regiões periféricas e áreas íngremes, onde o escoamento natural da água ocorre de forma acelerada, agravando os danos à infraestrutura e aumentando os riscos para a população local. Um dos pontos mais críticos foi a localidade de Santo Eduardo, que enfrentou sérios problemas em março de 2024 devido à intensidade das chuvas. O aumento do volume de chuvas pode sobrecarregar a rede de esgoto e agravar os alagamentos em algumas áreas. Por meio de nota, a concessionária afirma que sempre atuou ativamente nos eventos de crise, citando casos mais recentes como o rompimento do dique na Avenida XV de Novembro, em 2022, e a enchente em Santo Eduardo, em 2024.
“No caso de Santo Eduardo em 2024, o nível de água afetou a captação, que ficou inoperante por quase dois dias. Durante esse período, a concessionária deixou quatro caminhões-pipa atendendo integralmente a população da região, além de doar um grande reservatório de água para abastecer o colégio que abrigava pessoas afetadas. Além das ações citadas, a concessionária decidiu cancelar a cobrança de água de todo o mês de março para os clientes de Santo Eduardo e, no mês seguinte, cobrou apenas a tarifa mínima, ciente do grande consumo gerado pela situação”, disse a concessionária.
Orientações para a população e canais de contato
A Defesa Civil reforça que a colaboração da população é essencial para minimizar os impactos das chuvas intensas e enchentes. Moradores de áreas de risco são orientados a acompanhar os alertas emitidos pelo órgão e tomar medidas preventivas, como evitar deslocamentos durante tempestades e manter documentos e objetos importantes protegidos.
O órgão disponibiliza canais de atendimento para emergências e pedidos de orientação. Em caso de necessidade, a população pode acionar a Defesa Civil pelos telefones de contato: 199 e (22) 99817-2512.