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Infecções das vias aéreas no verão

A médica otorrinolaringologista Luana Pais aborda os problemas que afetam pacientes

Saúde
Por Ocinei Trindade
3 de fevereiro de 2025 - 6h58
Especialista|Drª Luana Pais dá dicas para prevenir doenças

As queixas mais comuns no consultório de um otorrinolaringologista são: dor de garganta, dor de ouvido, ouvido tampado, nariz entupido ou escorrendo, diminuição da audição, zumbido no ouvido, ronco excessivo, dificuldade de respirar pelo nariz. A médica especialista Luana Pais destaca, ainda, dois períodos marcantes do ano. No verão, com maior contato com águas do mar e piscina, isso favorece os quadros de otites externas. Já no inverno, há maior incidência dos quadros alérgicos, crises de rinite e asma, e quadros virais, como gripes e resfriados. Os quadros de congestão nasal podem levar a outro tipo de otite: a otite média aguda.

“As infecções de vias aéreas superiores (IVAS) são doenças que afetam o nariz, ouvido e a garganta, e podem ser causadas por vírus ou bactérias. A maioria das infecções de vias aéreas superiores são causadas por vírus, não necessitando de antibiótico e são autolimitadas. Alguns exemplos são: resfriado comum, gripe, sinusite, faringite, amigdalite, otite, laringite”, explica a doutora Luana.

Algumas dicas para prevenir as infecções de vias aéreas são: lavar as mãos com água e sabão; evitar compartilhar objetos pessoais; manter os ambientes ventilados; evitar colocar objetos no nariz ou boca; manter a vacinação em dia. “Caso apresente sintomas recorrentes, como amigdalite de repetição, sinusite de repetição, otites de repetição, não se deve deixar de procurar um especialista para melhor avaliação”, afirma a médica.

De acordo com Luana Pais, o ar-condicionado pode causar ressecamento e irritação das vias aéreas, por retirar a umidade do ar. “Mas também é importante destacar que ambientes muito úmidos também favorecem quadros alérgicos, porque a umidade alta pode levar à proliferação de mofo, que também pode causar crises alérgicas. Além disso, é muito frequente o acúmulo de ácaros (bichinhos que vivem na poeira e que podem desencadear crises alérgicas) no ar-condicionado e ventilador, sendo muito importante a limpeza e a manutenção frequente dos mesmos”, cita.

A otorrino também menciona a rinite vasomotora, que pode ser causada por uma variação grande da temperatura. Trata-se de uma rinite não alérgica, provocada por uma desregulação dos nervos simpáticos e parassimpáticos da mucosa do nariz, provocando um aumento da atividade do nariz e, consequentemente, coriza e entupimento do nariz.

“Existe uma grande variedade de doenças que acometem o nariz, o ouvido e a garganta. E para cada uma, é necessário um tratamento específico. Para pacientes que sofrem com sinusite, o hábito da lavagem nasal com soro fisiológico pode ser muito benéfico. E cabe ressaltar a importância de nunca tomar antibiótico por conta própria. Seu uso incorreto tem levado a uma resistência cada vez maior aos antibióticos. O diagnóstico de sinusite é dado pela avaliação clínica do médico, não sendo recomendada radiografia de seios da face para o diagnóstico”, destaca Luana Pais.

Orientações da especialista
Quanto às dores de ouvido, recomenda-se o uso de analgésico oral, como dipirona e paracetamol, até uma avaliação com o especialista. Não é recomendado o uso de medicamentos em gotas no ouvido sem uma avaliação médica prévia. Diversos remédios de ouvido podem ser ototóxicos, ou seja, causar perda de audição, em caso de uma perfuração do tímpano. A médica alerta para nunca pingar nada no ouvido antes de consultar o especialista. Podem haver consequências permanentes e até risco de vida.

“As infecções de ouvido podem se agravar e causar perfuração no tímpano, perda de audição, mastoidite e, em alguns casos, até meningite. As sinusites também podem complicar, causando alterações no olho e na visão, infecções nos ossos da face e até alterações e infecções no cérebro também, como a meningite. As infecções de garganta podem complicar com abscessos na garganta e no pescoço, alterações nos rins, febre reumática e complicações cardíacas”, orienta Luana Pais. A otorrinolaringologista complementa:

“Não se deve manipular o ouvido, seja com cotonete ou qualquer outro objeto. Para pacientes que sofrem com entupimento nasal frequente, crises de rinite e sinusite, o hábito da lavagem nasal diária pode ajudar muito a evitar essas crises. Não é normal ter otites, amigdalites e sinusites de repetição. É indispensável consultar o especialista para o diagnóstico e tratamento corretos”, conclui.